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Mr. Catra é enterrado no Rio com presença de amigos e famosos

Cantor de 49 anos morreu no último domingo (9), após lutar por mais de um ano contra um câncer no estômago

Uma das viúvas, Silvia, chega ao enterro do marido

Familiares, amigos e personalidades do mundo do funk encheram o cemitério de Sulacap, na zona oeste do Rio, na manhã desta terça-feira (11), para homenagear Wagner Domingues Costa, o Mr. Catra. Antes do sepultamento, muitos dos presentes lembraram da carreira e da vida do cantor.

Entre as dezenas de pessoas presentes estava DJ Marlboro, que lançou Catra no mundo do funk.

Fãs fotografam Catra no caixão e revoltam familiares

"Na época era Doutor Rocha e Mister Catra, a dupla, em 1995. Eu sempre via nele uma pessoa importante pro funk pela inteligência que ele tinha e personalidade ímpar. Acho lamentável a morte do Catra. Ele tinha muito a contribuir pro funk ainda, com o discurso que ele tinha. Ele era generoso e amoroso. Autêntico e verdadeiro, esse era o Catra".

Criador da Furacão 2000, Rômulo Costa também destacou o engajamento de Catra no cenário do funk e o caracterizou como "intelectual".

"Era nosso intelectual do funk. Em todas as brigas, em todas as guerras ele tava lá pra defender o funk. Muitas das pessoas conhecem o Catra porque fala cinco idiomas, foi bacharel em direito, foi um cara culto. Tudo ao contrário do que as pessoas falavam do funk. Foi uma perda muito grande. Ele viveu intensamente, tenho orgulho de dizer isso. É um legado que fica. Vai deixar uma lembrança muito grande".

O sepultamento começou por volta das 10h30. Durante o enterro, músicas conhecidas na voz de Catra foram cantadas por quem estava presente. Um dos filhos agradeceu pelo apoio dos fãs e da família e fizeram orações.

Buchecha destacou a alegria do amigo, dono de uma das risadas mais conhecidas do funk carioca.

"Catra foi um guerreiro, lutou contra a doença. O funk tá de luto, mas ele sempre trouxe muita alegria em vida, sempre com sacadas boas, então é assim que a gente quer lembrar dele."

Emocionada, Jojo Toddynho disse ter recebido incentivo do funkeiro no início da carteira e lembrou do acolhimento que teve da família dele.

"Ele cuidou de mim como uma filha, a família dele me abraçou. Quando eu não era ninguém, ele gravou uma música comigo. A gente gravou um clipe que não deu tempo de lançar, mas eu vou lançar depois em homenagem a ele. Foi uma perda sem explicação. Quando a gente tava gravando o clipe ele falou que tava fazendo o tratamento e eu me desesperei. Ele falou que tava forte como um touro, disse pra eu ficar tranquila. Eu conhecia ele como amigo, como cantor, como pai".

Doença durou mais de um ano

O funkeiro Mr Catra, de 49 anos, morreu na tarde de domingo (9), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital do Coração, zona sul da capital, onde tratava um câncer no estômago.

O cantor descobriu a doença em junho 2017 após sentir dores na região abdominal e se submeter a exames de rotina. Na ocasião, Catra creditou o câncer ao excesso de álcool e noites sem dormir.

Durante o tratamento, ele parou de beber e de fumar, mudou hábitos alimentares e chegou a perder mais de 35 kg. O cantor também ficou proibido de comer alimentos gordurosos e doces. Catra diminuiu bem a rotina de trabalho nesse período para priorizar o tratamento contra a doença.

Em abril de 2018, já bem mais magro, Catra falou sobre o tratamento no Programa do Porchat.

Catra começou a carreira nos anos 90. O primeiro álbum, O Bonde dos Justos, foi lançado em 1994. Na ocasião, o músico apostava no rap. Chegou a ser indiciado, em 2002, por apologia ao crime por conta da letra de Cachorro, que falava sobre policiais corruptos. O fato se repetiu em 2017, por uma letra acusada de promover o tráfico de drogas.

Mas o sucesso nacional do cantor veio nos anos 2000, já no funk. A música Adultério, uma paródia do hit Tédio, do Biquíni Cavadão, estourou nas rádios e festas do País. Depois disso, Catra passou a adotar letras mais bem-humoradas e maliciosas em seus trabalhos.

Chamado de Papai pelos fãs, uma referência aos 32 filhos, o funkeiro anunciou em 2016 que fez uma vasectomia.

— Chegou o momento! Depois de 32 filhos, quatro netos e nenhum bisneto ainda precisei tomar uma atitude. Hoje fiz vasectomia! Sei que as pessoas não vão gostar dessa ideia, mas achei necessário. Papai está de volta? Não mais!

Catra teve dois velórios. Um realizado no Cemitério Primaveras, em Guarulhos, na segunda (10), e outro no Teatro João Caetano, no Rio, que começou na noite de segunda e durou até a madrugada de terça (11). 

Com informações do Portal R7.

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