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Mr Catra era formado em direito e falava 4 línguas. Veja curiosidades e frases polêmicas do cantor!

O cantor de 49 anos morreu no último domingo (9) vítima de câncer

Formado em direito, Wagner Domingues Costa, Mr Catra preferiu a carreira musical à jurídica. O cantor dizia falar quatro línguas: inglês, francês, hebraico e alemão. Ele lançou em 1994 seu primeiro disco, O Bonde dos Justos, no qual fez sucesso a canção Vida na Cadeia. No início dos anos 2000, lançou funks parodiando músicas já conhecidas - a canção de maior sucesso foi Adultério, paródia do hit dos anos 80 Tédio, da banda Biquíni Cavadão. Desde então, Catra acentuou o discurso sexual e apelativo nas letras de suas canções.

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Antes de migrar para o funk, o cantor teve um início no rock independente dos anos 80. Sua banda se chamava O Beco, que não decolou além das festas dos amigos e garagens e faculdades. Foi por influência de Primo Preto, ex VJ da MTV e produtor que estaria envolvido com os primeiros trabalhos dos Racionais MC’s, que ele criaria uma empresa, a Rapsoulfunk (ao mesmo tempo gravadora, grife de moda, organizadora de bailes funk e de shows de hip hop no Rio e em São Paulo).

Ao lado de MV Bill, o homem que transitava muito bem, entre funkeiros e rappers, criou em 2001 o Partido Popular Poder para a Maioria (PPPomar). Seus ideias, no entanto, seriam abandonados um ano depois, por não concordar com Celso Athayde, então proprietário da Produtora Hutus e empresário de MV Bill.

No mesmo ano, as letras de Catra trariam problemas com a polícia. Ele foi indiciado por apologia ao crime por causa de Cachorro, que fala sobre policiais corruptos. Cachorro é o policial e X9, um dedo-duro: "Cachorro, se quer ganhar um din-din / Vende o X9 pra mim, vende o X9 pra mim / Cachorro, me entrega esse canalha / Deixa ele bem amarrado, pega o dinheiro e rala."

Conhecido pelas frases cáusticas e por ser polígamo e pai de 32 filhos, o cantor Mr. Catra, 49 anos, morreu na tarde de domingo (9), em decorrência de um câncer no estômago. Ele estava internado no hospital HCor, em São Paulo.

Veja algumas frases do cantor

"Deixa os gay ser gay, deixa os gordo comer, deixa as mina dar, deixa eu fazer meus filhos, DEIXA AS PESSOAS";

"Acredite em si mesmo, pois até sua sombra te abandona no escuro";

"Nunca julgue ninguém, você é humano lembra? O mesmos erros poderão ser teus também";

"Dispenso palavras e aceito atitudes";

"Destruir as lembranças dos nossos momentos juntos não vai me fazer pensar menos em você";

"Quando quiser palhaçada se olha no espelho que você vai ver!";

"Não faço o tipo que guarda rancor, ódio e mágoa das pessoas. Mas faço o tipo que guarda ciúmes, amor e saudade";

"Se houver 1% de chance vale a pena lutar";

"É difícil gostar de uma pessoa que nem te dá atenção";

"Tenho 2 filhos para criar, quatro mulheres e várias famílias que dependem do meu trabalho. Não tenho tempo para morrer. Estou vivinho da silva";

"Quer romance vai ler um livro, meu irmão";

Poligamia

Na época das eleições de 2014, em parceria com o sertanejo Thiago Matheus, o funkeiro lançou a música “Catra Presidente”. Nela, o candidato tinha como principais propostas a proibição dos casamentos e hotéis de graça, tudo isso “em nome do amor”.

O funkeiro vivia com três mulheres ao mesmo tempo. E foi autor de declarações controversas como “machismo é colocar sua fêmea para trabalhar”.  Além da música, ficou também conhecido por suas frases de efeito. Costumava começar seus shows com a emblemática “se tudo der certo, hoje vai dar merda”. Ou, então, “vai começar a putaria”.

Mr Catra nasceu no morro do Borel, mas foi criado como playboy, como ele dizia. Cresceu na rua Dr. Catrambi, zona norte do Rio, e foi daí que surgiu seu apelido. Ele foi criado numa família de classe média alta que acolhera sua mãe biológica. Por isso, estudou em escolas tradicionais da capital fluminense, como o Colégio Pedro 2º.

Um documentário feito em 2011, pelo diretor Rafael Mellin, chamado “90 Dias com Catra”, revela algumas manias do cantor, como a de usar o mesmo microfone em todos os shows que fazia - podiam chegar a cinco por noite. “Sou operário do funk”, dizia ele.No documentário, ele conta algumas extravagâncias que fez com dinheiro, como promover uma chuva de R$ 14 mil ou queimar R$ 50 mil em fogos. “Não ligo muito para dinheiro”, afirmou o funkeiro, que dizia que quem tem dinheiro não tem amigo.

Religiosidade

Catra se declarava “hebreu”. “Tive que matar meu espírito e ressuscitar para viver da bênção do milagre”, disse também à Folha de S.Paulo em 2013, quando negou incompatibilidade entre fé e estilo de vida.

Catra revelou que estava doente em dezembro de 2017, mas o tumor havia sido descoberto no início do ano. Nos últimos meses, ele havia mudado seus hábitos alimentares e emagrecido mais de 30 quilos. À época, chegou a fazer um vídeo para acalmar os fãs e disse que estava na “área”.

O músico chegou a afirmar que o câncer poderia ter sido desencadeado por seus maus hábitos, como comer errado e ficar muitas noites sem dormir.  “Ele representava coisas essenciais do ethos das periferias urbanas brasileiras, e era um cara alto astral, que sabia gostar de viver”, escreveu Caetano Veloso sobre o funkeiro, com quem dividiu o palco para cantar “Vaca Profana”, em uma rede social. Além dos filhos e mulheres, Catra deixa quatro netos.

Com informações do Estado de São Paulo e do Correio 24 horas!

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