Entretenimento e Cultura

Vitória vai ganhar monumento em homenagem às paneleiras

Galpão das Paneleiras, local onde a produção das panelas de barro acontece, está sendo reformado para receber visitantes

Thamiris Guidoni

Redação Folha Vitória
Foto: Vitor Jubini/MTur
Ofício das Paneleiras de Goiabeiras teve o título renovado na terça-feira (31)

Com título de Patrimônio Cultural do Brasil renovado, as paneleiras de Goiabeiras serão homenageadas com um monumento que deve ser instalado entre as avenidas Fernando Ferrari e Adalberto Simão Nader. 

Ainda nesta semana, a Secretaria Municipal de Cultura (Semc) deve publicar o edital que selecionará uma proposta de monumento com recursos da Lei Aldir Blanc. 

"Esse ofício representa a marca da nossa Cultura para o Brasil e até mesmo para algumas partes do mundo. Vale acrescentar que esse reconhecimento repercute também na nossa economia e turismo local. Não é à toa a Secretaria de Cultura está concebendo um edital para concepção e instalação de um monumento em homenagem a esse ofício na capital", pontuou o secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno.

Referência de cultura e turismo no Espírito Santo, o Galpão das Paneleiras, onde a produção das panelas de barro acontece, está sendo reformado. 

A ordem de serviço foi assinada no dia 7 de julho pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. A prefeitura está fazendo a troca do piso (substituição das placas danificadas da rampa); a vedação externa em vidro para proteção da água da chuva; recuperação de painéis danificados no assoalho; e a recuperação das estruturas metálicas danificadas. 

Mesmo após a urbanização, o local mantém a tradição de fazer do barro, as panelas. 

"Estamos muito felizes com a revalidação do ofício das Paneleiras de Goiabeiras, pelo Iphan, como patrimônio cultural do Brasil. Esse reconhecimento é de fundamental importância para a valorização desse saber, desse conhecimento que é desenvolvido aqui, no nosso território, pelo nosso povo", ressaltou o secretário.

A reforma está sendo feita para receber turistas e moradores de forma mais confortável. A atividade realizada no galpão gera emprego, renda e colabora para o sustento de pelo menos 86 famílias de Vitória.

A revalidação do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil aconteceu na terça-feira (31) por meio do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, coordenado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que está vinculado ao Ministério do Turismo. 

Um trabalho manual que virou referência

Foto: Divulgação/Iphan
O processo de produção emprega técnicas tradicionais e matérias-primas provenientes do meio natural

Com técnicas tradicionais e matérias-primas naturais, as panelas de barro são feitas com argila e moldadas à mão. Depois de secas ao sol, são polidas, queimadas ao ar livre e impermeabilizadas com tintura ainda quentes... 

A produção, que acontece no bairro Goiabeiras, em Vitória, é realizada principalmente por mulheres, que repassam os conhecimentos às filhas, netas, sobrinhas e vizinhas. A técnica é herança cultural Tupi-guarani e Una.

"A tradição das panelas de barro é um dos mais valiosos símbolos que o Espírito Santo tem. É um ofício que é passado de geração em geração e representa a força e a tradição dos povos que formaram a nossa cultura", comemorou Camila Dalla Brandão, diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV).

"É algo que vai além da panela: está no hábito e no comportamento do capixaba, que não aceita degustar uma moqueca que não tenha sido preparada na panela barro"

As Paneleiras de Goiabeiras foram incluídas no Livro de Registro de Saberes desde 2002, e foi o primeiro bem registrado pelo Iphan, como Patrimônio Imaterial. 

"A revalidação desse ofício, como Patrimônio Cultural do Brasil é extremamente importante para a nossa sociedade. A iniciativa promove, amplia e fortalece essa bela tradição, que tanto nos orgulha", comemorou Camila Dalla Brandão, diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV).

Além do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, tiveram os títulos validados na terça-feira (31): o Tambor de Crioula do Maranhão (MA) e o Frevo (PE). Os processos de revalidação foram aprovados por unanimidade.

“É com grande alegria que aprovamos a revalidação de mais esses três bens como Patrimônio Cultural do Brasil. Agradeço o empenho do Departamento do Patrimônio Imaterial e dos conselheiros na luta para garantir esse direito aos detentores”, destacou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. 

Entenda o processo de revalidação

Os bens culturais registrados como Patrimônio Cultural passam pelo processo de revalidação a cada dez anos. 

O objetivo é investigar sobre a atual situação do bem cultural, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, entre outros aspectos. A revalidação também busca dar subsídio a ações futuras de proteção e valorização do patrimônio imaterial.

Os processos de revalidação não visam destituir o título de Patrimônio Cultural do Brasil de qualquer bem registrado pelo Iphan. A retirada do título só ocorre, em hipótese remota, se os próprios detentores assim desejarem. 

Os detentores são convocados a participar de todas as etapas do processo de revalidação e contribuem com a elaboração do Parecer de Reavaliação, disponibilizado para manifestação dos detentores e a toda a população.

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