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Paris: marcas opõem expressões de tradições do passado e amanhã tecnológico

Sensação da Semana de Moda de Paris, a passarela imersiva da Balenciaga, com um túnel onde imagens eram projetadas em 360º, traduz, em parte, o mood de toda a temporada do verão 2019, encerrada nesta terça-feira, 2, em Paris.

Criada pelo artista Jon Rafman a pedido de Demna Gvasalia, o diretor criativo da marca, ela é emblemática: materializa uma era em que as telas têm tanta ou mais importância do que o mundo ao nosso redor. E espelha uma corrida da moda de luxo rumo ao futuro, buscando seduzir e dialogar com as novas gerações de consumidores, especialmente millennials e seus sucessores, a geração Z.

Durante os 78 desfiles da fashion week de Paris, entretanto, houve polarização. De um lado, uma corrente de estilistas de olho no que está por vir, tentando adivinhar/despertar o que será desejo amanhã (caso da Balenciaga e da Louis Vuitton, principalmente) e, de outro, marcas reforçando suas tradições e códigos, reinventando seu passado com mais ou menos poeira (como fizeram Chanel, Dior, Gucci e Valentino).

Na Balenciaga, além do mise-en-scène dramático, a roupa impressiona. Depois de lançar a onda da logomania irônica e de elevar a moda de rua à categoria de luxo, o georgiano Demna Gvasalia se aprofunda em estudos de modelagem utilizando a tecnologia disponível no mundo a seu favor.

Com uso de impressão 3D, ele investe em uma neoalfaiataria na qual camisas-jaquetas combinadas a calças do mesmo tom e em tecidos superconfortáveis substituem o terno. Entram em cena ainda vestidos e casacos com ombros quadrados, marcados, evocando um quê dos replicantes de Blade Runner.

Com esse mesmo olhar para o futuro, Nicolas Ghesquière transformou o pátio do Museu do Louvre em um labirinto neon para apresentar um verão 2019 da Louis Vuitton de estética sci-fi, voltado ao poder feminino. "Temos discutido tanto sobre o lugar das mulheres e pensei que é natural, como designer, querer dar o máximo de poder a elas", disse o diretor criativo aos jornalistas. Para isso, ele segue explorando novas fronteiras: matérias-primas como a borracha modelada e jacquard floral metálico, silhuetas intergalácticas, matelassados de astronauta e jaquetas esportivas de mangas bufantes.

Em momentos menos conceituais mostra vestidos casulo com recortes geométricos, uma alfaiataria moderna, além de camisetas e vestidos com estampas de paisagens que sugerem colônias humanas em planetas distantes.

Mais minimalista, a Hermès dispensa locações high-tech e foca num trabalho tecnológico sobre couro, com roupas de cortes precisos feitos a laser, que trazem referências náuticas e à selaria, uma das raízes da grife.

Trilhando um caminho semelhante, alinhavando passado e futuro, a Miu Miu, de Miuccia Prada, trata de "elegância, glamour e alfaiataria". Só que de forma pouco convencional. Valorizando seu reverso, trabalha o jeans em construções sofisticadas e valoriza imperfeições em vestidos de tafetá de náilon amassado, por exemplo.

A Chanel faz um verão livre e leve, desfilando sua coleção à beira-mar, com direito a areia e ondas na passarela. No guarda-roupa desse balneário há bolsas e bonés de palha, maiôs e biquínis, vestidos esvoaçantes, bermudas de ciclista usadas sob conjuntos de minissaias e casaquetos de tweed.

Outro destaque, a Valentino fez uma celebração à couture, oferecendo looks que iam de vestidos de sonhos (para ocasiões idem) a roupas glamourosas para a vida real.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.