Entretenimento e Cultura

As provocações da Luni estão de volta

Redação Folha Vitória

São Paulo - Anos 1980. Entre vanguardismos, bandeiras e gritos de independência, bandas performáticas e rock radiofônico, muitos equívocos e alguns acertos em novidades tecnológicas, surgiram grupos fundindo sonoridades e linguagens no universo pop, projetando letras provocativas e cativando com performances impactantes. Nesta sexta-feira, 7, é dia de uma delas reunir seus integrantes originais e receber convidados no Auditório Ibirapuera para um show especial por puro deleite. É o Luni.

Com apenas um disco lançado em 1988, o grupo vai tocar o repertório antigo, algumas canções parecidas com as gravações da época, outras rearranjadas, além de duas inéditas e outra dos convidados Maurício Pereira e André Abujamra, que formavam a dupla Os Mulheres Negras. "Há sonoridades datadas que são bacanas", diz Natália Barros, que divide os vocais com a atriz Marisa Orth, André Gordon, o guitarrista Theo Werneck e Fernando Figueiredo, que cuida das programações e mixagens. Os demais integrantes da banda são Fernando Bastos (saxofone), Gilles Eduard (saxofone e clarinete), Lelena Anhaia (contrabaixo), Ruben Feffer (teclados e acordeom) e Kuki Stolarski (bateria).

O último reencontro deles no palco foi há mais de 15 anos e este não tem nada de data comemorativa, mas não deixa de ser uma celebração com todas as boas misturas multimídias que o Luni fazia desde o início. "Vai ter um telão enorme, com oito pessoas criando e projetando imagens só pra esse evento", diz Natália.

No início da década de 1990, cada um seguiu rumo diferente, mas todos continuaram amigos. Theo e Fernando são bem-sucedidos produtores e DJs, a tecladista Natália dirige o novo show de Marcia Castro, entre outras atividades. A baixista e guitarrista Lelena Anhaia tocou com Ceumar, Alzira E., Vange Leonel e as Orquídeas do Brasil (de Itamar Assumpção), entre outros bons nomes.

Amiga, parceira musical e contemporânea dos integrantes do Luni, Vange (que morreu em julho aos 51 anos) será homenageada por eles neste show. "Ficamos todos chocados com a morte, mas não queríamos lembrar dela com tristeza, então escolhemos uma canção leve, Passeio Distraído", diz Natália. Ela, que mora numa chácara há 17 anos, escreveu a bela letra de Pássaros, incluindo referências a Hitchcock e Edgar Allan Poe, que tem melodia criada com a banda durante os ensaios. Outra inédita, letra e música dela, é Singular.

Curiosamente, a canção que Pereira e Abujamra vão cantar com eles (Porquá Mecê) também é sobre pássaros, tema recorrente em letras e capas de discos de vários artistas independentes lançados em 2013 e este ano. Também em participação especial, os contemporâneos do Fábrica Fagus (Marcio Werneck, Renato Piccinin e Will Robson) tocam com eles o funk Projeto de Lei, outro destaque do disco de 1988.

Marisa Orth, que atua no musical Romance Volume III (em cartaz no Bourbon Street), dirigida por Natália, ganhou maior relevo como atriz na TV, além de integrar a Banda Vexame, com igual desenvoltura no palco, misturando bom humor, ironia e dramatização teatral.

Vale destacar a interpretação de Johnny, versão de uma canção do escritor, compositor, poeta, músico e jazzófilo francês Boris Vian (1920-1959), de letra sadomasoquista, que se tornou clássico do repertório do Luni. "Claro que essa não pode faltar", diz Natália. The Best, de letra sarcástica, tocou muito em rádios e pistas da época, é outra em que Marisa expõe a verve de grande atriz, e soa como precursora do Beijinho no Ombro de Valesca Popozuda. "É uma coisa anterior", para o recalque passar longe. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pontos moeda