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Idealizador de Inhotim é condenado

Redação Folha Vitória

- A 4ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, condenou o idealizador do Instituto Inhotim, Bernardo de Mello Paz, a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro. Na decisão, divulgada nesta quinta-feira, 16, a juíza Camila Velano condena também a irmã dele, Virgínia Paz, a cinco anos e três meses de prisão, em regime semiaberto, pelo mesmo crime. A defesa de ambos já entrou com recurso.

Localizado em Brumadinho, na região metropolitana da capital mineira, o Inhotim é um dos maiores museus a céu aberto do mundo e muito conceituado sobretudo no exterior. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), entre 2007 e 2008, o fundo de investimentos Flamingo, sediado no exterior, repassou US$ 98,5 milhões para a empresa Horizonte, criada por Paz, para manter o Inhotim. O dinheiro, segundo a investigação, teria sido usado para pagamentos de compromissos de empresas de Paz.

A defesa de Paz e sua irmã afirma que todas as operações financeiras são regulares e que a decisão deve ser revista na apreciação dos recursos pelo Tribunal Regional Federal em Brasília.

Centro de arte

Criado em 2004 pelo empresário Bernardo Paz, o Instituto Cultural Inhotim, em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, é, de fato, o mais exuberante centro de arte contemporânea em todo o País, incluindo em seu acervo obras de importantes artistas brasileiros, entre eles Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Tunga, e estrangeiros como Matthew Barney, Chris Burden e Yoyoi Kusama. Essa exuberância começa agora a ser investigada por seu lado mais sórdido: o uso de dinheiro público como fachada para negócios ilícitos e promoção social por meio da arte.

Colecionador de arte contemporânea desde a década de 1980, o empresário Bernardo Paz tomou do banqueiro Edemar Cid Ferreira, ex-presidente do Banco Santos e da Bienal de São Paulo, hoje destituído de seu acervo, o título de maior investidor em arte do País. Ainda que Inhotim seja um lugar paradisíaco para quem gosta de arte, com gigantescos pavilhões que rivalizam em tamanho com os maiores museus do Brasil, certo é que alguns acordos foram feitos entre o governo mineiro pelo Instituto Cultural para a realização de projetos de seu centro cultural.

Em 2009, o empresário Bernardo Paz foi acusado de participar de um esquema de fraudes que teria resultado num prejuízo de R$ 74,7 milhões ao governo mineiro. O Ministério Público excluiu posteriormente a imputação do crime de formação de quadrilha, mas as investigações seguiram até a sentença judicial desta quinta-feira.

Nesse mesmo ano, o governo mineiro construiu uma estrada entre Barreiras e Brumadinho para facilitar o acesso a Inhotim, erguendo ainda uma ponte sobre o Rio Manso que custou, em 2009, R$ 2,5 milhões. Empresas estatais como a Petrobras contribuíram com as atividades do centro cultural. Bernardo Paz é irmão de Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério (operador do mensalão).

(Colaborou Antonio Gonçalves Filho)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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