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Murilo Benício e sua homenagem a Nelson Rodrigues e aos atores

Murilo credita ao pai a descoberta de Nelson Rodrigues. "Eu era garoto e ele já falava do Nelson

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram

Pode parecer esquisito, mas a reação do ator e agora diretor Murilo Benício à pergunta inevitável - por que adaptar Beijo no Asfalto? - é de perplexidade. "Não sei, eu também me pergunto por quê. Talvez seja uma consciência da importância de Nelson Rodrigues, e também do quanto é necessário mantê-lo em evidência. Mas o que eu sei, o que nós sabemos - ao seu lado está a mulher e atriz, Débora Falabella -, é que fizemos esse filme num contexto e o estreamos em outro. Como que a gente podia imaginar que essa história fosse ficar mais atual que nunca? Nesse Brasil de repente tão preconceituoso contra gays, negros, o filme, e Nelson, são vitais."

Murilo credita ao pai a descoberta de Nelson Rodrigues. "Eu era garoto e ele já falava do Nelson. Meu pai foi fundamental para que eu me tornasse artista. Ele aguçou em mim uma sensibilidade, uma antena para tudo o que ocorria ao redor." Ator conhecido, e apreciado, ele não se intimida de estrear com um filme desses? "Cara, acho que se tivesse pensado nisso teria ficado travado. Só percebi depois como entrei nesse projeto com a cara e a coragem, Desde o início, fui guiado por uma espécie de intuição. O filme teria de ser uma celebração da nossa profissão. Uma homenagem aos atores, ao nosso processo."

Foi assim que o filme nasceu com seu formato particular. Tio Vânia em Nova York, de Louis Malle, foi uma referência? "Com certeza, mas também o Looking for Richard, de Al Pacino. São filmes sobre o processo de montar peças, de encontrar um personagem. Nos reunimos ao redor daquela mesa para ensaiar, mas aí o Amir Haddad, a Fernanda (Montenegro), cada um com sua imensa cultura e vivência, foram esclarecendo, contextualizando. O filme nasceu desse formato. A mesa entremeada pelas cenas da peça filmada."

"Minha sorte, além de ter esse elenco maravilhoso, foi ter um fotógrafo como o Lula Carvalho. A câmera na mão dele é uma coisa viva. Queria que o espectador se sentisse parte do nosso processo - ele (Lula) conseguiu." A história? Um homem é atropelado. Pede a Arandir, que o socorre, um beijo. O caso repercute na mídia. Homossexualidade? E o Lázaro Ramos no papel? "Lázaro é a pessoa mais gentil que conheço. Sabia que ele ia fazer um Arandir com camadas, só não sabia que ia ser muito melhor que sonhei."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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