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Arlindinho lança CD com o pai Arlindo Cruz e comenta estado de saúde: "Está consciente e já voltou a se mexer"

No lançamento de novo CD, o cantor Arlindinho comenta atual estado do pai, que está internado há quase cinco meses por conta de um AVC

Apesar da convivência, parentesco e admiração mútua, Arlindo Cruz e Arlindinho só foram fazer uma turnê em conjunto há cerca de um ano. E a parceria de pai e filho deu tão certo que incentivou os dois a lançar um CD.

O projeto, gravado no início do ano, acaba de chegar às lojas com 14 faixas, sendo quatro composições inéditas feitas em parceria.

O momento, no entanto, não é o mais apropriado para a divulgação de um projeto desse tipo. Afinal, Arlindo Cruz está internado há quase cinco meses por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Mesmo sem o pai, Arlindinho resolveu não abandonar o projeto Dois Arlindos e continuou sozinho, realizando shows e promovendo o álbum. Em entrevista, Arlindinho conta como foi o processo de gravação, dá detalhes sobre o processo de recuperação do pai e traça um panorama do samba no mercado nacional.

R7 - Apesar de pai e filho, só agora vocês se juntaram para uma turnê e um CD. Por que demorou tanto?

Arlindinho - Sempre cantamos juntos lá em casa nas festas que fazíamos. Mas há muitos anos moramos em casa diferentes e ficamos afastados, de certa maneira. Recentemente, nos aproximamos e minha mãe sugeriu que virasse uma turnê conjunta.

R7 - E o CD surgiu na esteira dessa ideia, porém como é que foi reunir o repertório para o disco?

Arlindinho - Foi complicado. Ele tem 750 composições. Mas resolvemos colocar quatro parcerias nossas e incluir clássicos do Arlindo, além de hits do samba. Tentamos balancear arranjos modernos com antigos. O irônico é que ele insistiu na modernizada, enquanto eu já pensava em coisas mais tradicionais. No fim, ficou bem interessante, e conseguimos conquistar um público novo e tocar em boates e naquelas casas de show da zona sul.

R7 - Teu pai influenciou sua carreira ou nunca se envolveu nisso?

Arlindinho - Ele nunca se meteu não. E nem era essa minha opção na infância. Tentei ser jogador de futebol, fiz teatro e só depois me direcionei para a música. Ele deu a maior força e ficou orgulhoso.

R7 - O samba e o pagode perderam muito espaço nos últimos 20 anos. Como é o momento atual, na sua visão?

Arlindinho - Já foi pior. Agora estamos numa retomada, onde São Paulo lidera esse resgate, com muitos espaços para tocar e artistas novos. Mas o Rio também se recuperou. As feijoadas em Escolas de Samba, shows nas comunidades e clubes estão em alta. O samba renasce sim.

R7 - Como é lançar um disco em parceria com seu pai num momento tão complicado para a família?

Arlindinho - É difícil e emocionante. Mas foi o que ele sempre pediu para mim: "Filho, se algo acontecer comigo, não pare. Continue a tocar. Você tem sua filha, não pode parar". Eu brincava e mandava ele virar a boca. Mas estou seguindo a vontade dele. Todo mundo deu a maior força para eu continuar. Os artistas do meio colaboram como podem e a agenda tá legal.

R7 - E como está a evolução do seu pai?

Arlindinho - Evoluindo lentamente. O AVC foi complicado e ainda tem fatores que influem negativamente, como o sobrepeso. Mas ele enfrentou bem as cirurgias e voltou à consciência. Tem nos acompanhado com o olhar, aperta botões, mexe levemente ambos os lados. Mas a coordenação motora nós não sabemos como e quando vai melhorar.

R7 - Como tem sido o acompanhamento da família com a internação?

Arlindinho - Minha mãe tem ficado lá a maior parte do tempo. Eu vou duas ou três vezes na semana, quando estou de folga dos shows. Além de cuidar dele, minha mãe ainda administra nossa carreira e agendas. Uma guerreira.

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