Correndo ao Doutor: Dr. Fabrício Buzatto responde dúvidas de corredores sobre lesões

O médico fisiatra Fabrício Buzatto respondeu as dúvidas de seis corredores sobre lesões relacionadas à prática de corrida. Os leitores do blog Corrida de Rua Elaine Christina, João Luís, Thiago Pereira, Vinícius Servare, Dirceu Rosa e Rodrigo de Martino enviaram suas perguntas para a seção Correndo ao Doutor e agora podem conferir as respostas.

Próximo tema da seção “Correndo ao Doutor”: Tênis e Pisada
Na próxima semana, Dr. Fabrício Buzatto vai tirar as dúvidas dos corredores sobre tênis e pisada. Conte pra gente qual é a sua: neutra, pronada ou supinada? É de extrema importância que você já saiba o seu tipo de pisada para escolher o modelo certo de tênis e evitar possíveis lesões e vícios de postura na corrida. Então, se você tem alguma dúvida sobre o assunto, envie as perguntas para o email [email protected].  

Elaine Christina Dá Rós – Estou há 9 meses tentando curar uma tendinite no Tendão de Aquiles e que agora se transformou em tendinopatia e bursite. Não consigo mais correr. A dor é crônica. Sinto ao caminhar. A minha pergunta é: tenho a opção de fazer sppining, musculação ou pilates na academia? Essas atividades não virão a me prejudicar, por estar forçando a panturrilha que está ligada ao tendão? Ou, a seu ver, tenho que ficar parada, sem atividade física, até a inflamação acabar? Muito obrigada.

Dr. Fabrício Buzatto – Olá Elaine, muito obrigado pela pergunta! Quando falamos em lesão e dor, é fundamental separar as duas coisas, principalmente em processos mais longos e demorados. Como você disse, “a dor é crônica”, isso quer dizer que há muitas alterações na percepção e recepção da dor, que a lesão propriamente dita.

Isto quer dizer que possíveis exames de imagens de tendinites e bursites não representam o quadro de dor e limitação. Ou seja, a dor pode ser referida de outro local. E, muitas vezes, o alívio e tratamento da dor farão manter as alterações nas imagens da “tendinite e bursite”.

Essas opções que citou exercem menor movimentação da panturrilha, mas podem agravar a dor, principalmente, se houver sensibilização na mesma (“batata”) e não há o impacto do contato ao solo, como na corrida, que transfere a energia para ossos e tendões, inclusive no tendão calcâneo. Não acredito que tenha tamanha inflamação que justifique sua dor, isto é, aguda, com coleção, infiltrados, edema e etc! Abraço.

João Luís Moura da Rocha – Corro já faz três anos e atualmente estou com uma dor embaixo do pé direito, perto dos dedos. Essa dor tende a incomodar a partir de 6 a 7 km. No início, começa com uma queimação até ficar uma dor aguda. O que devo fazer para tratar?

Dr. Fabrício Buzatto – Olá João, dores nessa região do pé precisam de atenção especial, pois podem ser um processo ósseo, desde artrite por traumas repetidos ou caos mais sério com fratura de estresse, além de dores de músculos intrínsecos do pé. Antes de tratar, precisa realizar exame de imagem, como uma ressonância magnética e, de acordo com o diagnóstico, se dará o tratamento.

Thiago Pereira – Sinto dor no ligamento na virilha direita junto ao osso do quadril. Qual a causa e qual o tratamento?

Dr. Fabrício Buzatto – Olá Thiago! Essas dores não são comuns em corredores de rua. São mais observadas em quem faz corrida de aventura ou em ladeiras, que exigem do músculo adutor da coxa (músculo da virilha) e jogadores de futebol. O tratamento vai passar pelo diagnóstico que vai envolver boa história clínica, exame físico e exame de imagem! Abraço.

Vinicius Servare – Já até fiz uma matéria para o Blog Corrida de Rua na seção Paixão por Corrida. Ultimamente, vivo um drama eterno de lesões que estão me impossibilitando de voltar às corridas. Será uma forma de o corpo dizer para me aposentar? Venho de uma forte pubalgia, que me deixou totalmente parado por quase quatro meses. Vivia apenas de fisioterapia e alongamentos. Terminada essa etapa, fui fazendo uns trabalhos de fortalecimento para voltar às corridas. Voltei de leve para a esteira. E estava bem confiante na recuperação total. Porém, pouco tempo depois já comecei a sentir fortes dores no meu joelho esquerdo (o qual já tenho 2 cirurgias). O meu ortopedista me passou umas sessões de fisioterapia e receitou um tipo de medicamento que é injetado diretamente no joelho. Em pesquisa ao Dr. Google (rsrs), acompanhei vários casos de pessoas que reclamavam deste procedimento. E agora, pra ajudar, meu joelho direito também começou a doer, provavelmente por estar jogando o peso mais para a perna “boa”. Com tudo isso, estou com muitas dúvidas: Existe uma forma mais eficiente de dar sobrevida a um joelho cansado? O tratamento das injeções locais é o mais recomendado, ao invés de uma 3ª cirurgia? Ou devo aposentar de vez, e procurar outras atividades? Sem mais, fico agradecido.

Dr. Fabrício Buzatto – Oi Vinicius, dores em joelhos, principalmente depois de intervenções e lesões, podem levar para um processo degenerativo, que envolve idade, desequilíbrios musculares, alterações metabólicas, entre outros. Precisa de uma boa investigação global, em especial no seu caso, de outras lesões. Quanto aos procedimentos médicos, vai da experiência e individualização de cada profissional. Eu, particularmente, não o faço, pois acredito em outras opções, mas para isso, preciso saber o que há de lesão e de dor. Abraço.

Dirceu Rosa Benedito – Tenho 38 anos, sou técnico de operação, hipertenso e comecei a correr há pouco mais de três anos, buscando uma melhoria na minha qualidade de vida. Venho de uma família de hipertensos e a vida sedentária que eu levava (aos 34 anos e pesando 94 kg) me colocaria num caminho sem volta e muito perigoso. Graças à corrida, tive uma melhora significativa na minha vida e hoje me orgulho da pressão arterial controlada, disposição e condição física de bom para excelente e dos meus atuais 80 kg (tenho 1,70 m, mas ainda estou longe da minha meta que é chegar aos 76 kg). Meu projeto para 2015 é correr as 4 provas da Asics Golden Four – 21 km, a Volta da Pampulha – 18 km, as 3 provas do Circuito Athenas – 10, 16 e 21 km e mais algumas provas de 10 km aqui na Grande Vitória. Eu tenho uma pergunta ao Dr. Buzatto: “Tenho sentido muitas dores no calcanhar e na planta do pé, principalmente ao acordar e por os pés no chão, dores estas que incomodam até para andar. Durante os treinos de corrida a dor ameniza, mas após o término sinto as dores, que é como se fossem “pontadas” nos calcanhares. O que pode ser? Quais tratamentos indicados?”. Obrigado e boas corridas a todos nós! Um forte abraço.

Dr. Fabrício Buzatto – Oi Dirceu! Primeiro parabéns pela iniciativa e escolha do estilo de vida! Seu quadro é clássico da fascite plantar, condição dolorosa e “chata” para tratamento. Envolve um bom diagnóstico da inflamação e sua extensão, avaliação da pisada e da descarga do peso no pé. Para posterior tratamento, alívios das pressões (palmilhas) e medidas para correção de outros fatores. Em muitos casos, a dor arrastada precisa ser tratada também. Abraços.

Rodrigo de Martino – Durante a corrida sinto com frequência um formigamento na sola do pé que irradia para as pontas dos dedos. Esse pode ser um sintoma de alguma lesão? Outra dúvida, nas descidas, devo pisar de que maneira para evitar lesões de joelho – com o calcanhar ou com a ponta dos dedos?

Dr. Fabrício Buzatto – Olá Rodrigo! Esse formigamento sugere compressão de algum nervo do pé, que pode ser por uma contratura ou espasmos de músculos que com a corrida o comprime. Fundamental uma avaliação da pisada, contraturas musculares e exame de imagem. Quanto à descida nas ladeiras, como já há efeito gravitacional para propulsão da corrida, o apoio se faz com ante pé até para evitar a projeção. As lesões em joelhos aparecem mais pela sobrecarga do treino, desequilíbrios musculares, entre outros.

Serviço:
Dr. Fabrício Buzatto – Médico Fisiatra
Endereço: CLIFOR – Avenida Leitão da Silva, 202, Praia do Suá
Telefone: 3324-1622 | Facebook
Avaliação e tratamento de lesões e dores crônicas da prática esportiva
Atuação médica funcional na hipertrofia muscular e perda de gordura
Avaliação médica, funcional e laboratorial visando melhora da performance