Dicas da Nutri que Corre: Jejum, Low Carb, Bicho e Planta… os efeitos das dietas da moda para os corredores

Dieta da Sopa, dos Sucos, da Lua, do Tipo Sanguíneo, do Dr. Atkins, de South Beach, da USP, Low Carb, jejum intermitente, Bicho e Planta… ufa!

Hoje os meios de comunicação e internet contribuem para o aparecimento de conceitos inadequados na busca de um corpo ideal. “Perda de gordura e ganho de massa rápida”, “melhora da qualidade dos treinos”, “fazer voar”, são exatamente essas frases que encontro no consultório quando a pergunta é: “O que você busca com a nutrição?”

Você, com certeza, já deve ter ouvido falar ou até está tentando seguir alguma dessas dietas, ou conhece alguém que treina realizando algum desses planos milagrosos.

Pois bem, essas são receitas famosas e muito divulgadas por prometerem uma grande perda de peso em pouquíssimo tempo e altíssima redução de percentual de gordura. E esse apelo tem aumentado a veiculação de dietas impróprias e inadequadas do ponto de vista nutricional. São leigos e sem nenhum fundamento ou até mesmo pessoas que estudam e seguem algum parâmetro científico, mas hoje essas dietas estão sendo estudadas para dar resultados rápidos.

O que me preocupa muito é o resultado que elas podem proporcionar em longo prazo. Efeitos colaterais, risco de saúde, perda de vitaminas essenciais e até mesmo cálcio, pois certamente ele será seu melhor amigo na sua terceira idade. O corredor da terceira idade hoje tem uma base muito melhor e suporte nutricional para um treino do que muitos atletas de 30 anos. Isso porque a nutrição sempre foi “comida de verdade”. Isso que é a verdadeira nutrição.

Entenda, não sou contra a nenhum tipo de dieta que seja aplicada hoje nos consultórios e prescrevo e acompanho qualquer uma delas. Onde quero chegar é que a base tem que ser estudada e se realmente aquela dieta serve para o paciente/atleta. Assim como o praticante de musculação, que nem sempre deve e pode consumir proteínas de forma tão intensa e nem sabe disso, pois foi indicação do “colega da academia”.

As dietas tem que ser acompanhadas e avaliadas a cada mês. Exames laboratoriais devem ser aplicados, já nem sempre o que serve para um paciente pode ser aplicado ao outro.

Por meio das redes sociais, as “dietas da moda” estão tomando conta do mercado que tem a intenção de simplesmente vender. Entenda um pouco de algumas dessas milagrosas dietas:

DIETA DO DR. ATKINS (DIETA DAS PROTEÍNAS) – Característica: propõe redução radical do consumo de carboidratos (massas, pães, doces, açúcares); libera o consumo de carnes (principalmente vermelha), ovos, maionese, manteiga, gorduras em geral; tem cerca de 1000kcal/dia, sendo que praticamente metade das calorias provém de gorduras.

Lado negativo: causa deficiências de vitaminas e minerais pela proibição do consumo de frutas e vegetais. A dieta tem baixa adesão, devido a sintomas como fraqueza, cansaço, dores de cabeça e mau hálito; a baixa ingestão de fibras pode ocasionar constipação; o excesso de gordura pode levar a problemas cardiovasculares; também pode ocorrer o surgimento de diabetes, pela menor sensibilidade dos tecidos à insulina e à hiperplasia das células b das ilhotas pancreáticas.

DIETA DE SOUTH BEACH – Característica: é uma variação mais amena da dieta do Dr. Atkins. Estimula o consumo de gorduras monoinsaturadas (ex: azeite de oliva, amendoim, nozes); permite comer carnes, queijos, frango sem pele, bacon com moderação; a partir da terceira semana, introduz frutas, leite desnatado e carboidratos integrais.

Lado negativo: apesar de ser uma das dietas que mais se equipara a uma dieta equilibrada, os aspectos negativos mostram-se semelhantes aos da dieta anterior. Os primeiros 15 dias são considerados “programas de jejum”, pois a dieta mostra-se extremamente proibitiva; podem ocorrer danos à saúde do ponto de vista clínico e nutricional; ocorrem perdas de água e sais minerais.

DIETA DO TIPO SANGUÍNEO – Característica: dieta criada por um médico americano chamado Peter James D’Adamo. Os alimentos são divididos em 3 categorias: benéfico, neutro e nocivo. As pessoas de sangue “O” seriam caçadoras carnívoras, as de sangue A seriam vegetarianas dóceis, sangue B seriam onívoros e sangue do tipo AB, uma junção das duas últimas.

Lado negativos: a dieta não possui comprovação científica quanto a sua eficácia; a dieta restringe grupos alimentares importantes que podem levar a sérias carências nutricionais; não determina quantidade de alimentos, não incentiva a alimentação saudável nem o acompanhamento com profissional; não é adaptada à cultura e realidade da população brasileira.

DIETA ORTOMOLECULAR – Característica: baseia-se nos princípios da medicina ortomolecular, a qual propõe que muitas doenças podem ser prevenidas ou tratadas através do equilíbrio químico. Estimula o uso de fórmulas de vitaminas, minerais, aminoácidos, pró-hormônios, etc.

Lado negativo: não existem evidências científicas que comprovem a eficácia da dieta; altas doses de vitaminas e minerais podem ser altamente tóxicas para o organismo e ocasionar diversas alterações metabólicas.

DIETA DA USP – Característica: apesar do nome, essa dieta não tem nenhuma relação com a Universidade de São Paulo. Seus criadores apenas se aproveitaram do nome para dar uma falsa credibilidade à dieta. Ela possui um cardápio padrão de uma semana, sendo repetida uma vez. Deve ser seguida rigorosamente em seus alimentos e horários. Utiliza principalmente carnes e ovos, e frutas e vegetais.

Lado negativo: não promove a reeducação alimentar; pode causar dores de cabeça, fraqueza e cansaço devido à restrição de carboidratos; baixa ingestão de vitaminas e minerais; eleva os riscos de doença cardiovascular.
DIETA DOS SUCOS – Características: consiste em beber exclusivamente sucos de frutas e hortaliças, podendo também acrescentar as frutas e hortaliças in natura.

Lado negativo: não existem evidência científicas que comprovem sua eficácia; a perda de peso que a dieta proporciona é devido à perda de massa muscular; não promove a reeducação alimentar e compromete a vida social da pessoa; baixo valor calórico e baixo teor de proteínas e gorduras, causando cansaço e indisposição, podendo levar o indivíduo à desnutrição energético-proteica.

DIETA DOS PONTOS – Característica: nessa dieta, a pessoa controla os pontos ao invés das calorias dos alimentos. Cada ponto corresponde a cerca de 3,6 calorias, baseado no seu valor nutricional. A pessoa deve anotar o que come durante o dia e fazer o somatório, que não deve passar de 300 para as mulheres e 400 pontos para os homens.

Lado negativo: a dieta focaliza apenas a quantidade de alimentos consumidos, sem incentivar uma alimentação nutricionalmente equilibrada. Dessa maneira, os pontos podem ser atingidos facilmente com alimentos calóricos, ricos em gordura e pobres em nutrientes; baixa adesão à dieta, pela necessidade de consultar a tabela, anotar rigorosamente tudo o que se ingere e calcular os pontos; a provável carência de nutrientes pode prejudicar a saúde e acarretar problemas como anemia, osteoporose, queda de cabelo, entre outros; não promove reeducação alimentar, sendo difícil manter o peso perdido.

DIETA SEM GLÚTEN: A dieta sem glúten tem se tornado cada vez mais popular entre pessoas que querem emagrecer. No ano passado, foi a terceira dieta mais buscada no Google. Apesar de os defensores dessa dieta considerarem o glúten um vilão, especialistas dizem que só quem deve eliminá-lo do cardápio é quem tem a doença celíaca.

Nessas pessoas, alimentos com glúten – tudo que é feito com farinha de trigo, aveia, centeio e cevada – provocam uma inflamação no intestino delgado que leva a dores abdominais e diarreia, entre outras consequências nocivas.

Especialistas dizem que não há evidências científicas de que eliminar o glúten possa trazer qualquer benefício a quem não tem intolerância ou sensibilidade ao glúten.

Lado negativo: Muitas pessoas emagrecem ao adotar esse regime porque a maioria dos alimentos cotidianos tem glúten. Por isso, a pessoa acaba fazendo uma dieta com menos calorias. O que pode levar a mau humor e alteração hormonal, além de baixa energia nos treinos aeróbicos.

DIETA SEM LACTOSE: A dieta sem lactose tem como base os mesmos princípios da dieta sem glúten.  A ideia é eliminar o leite e seus derivados (manteiga, queijo, creme de leite, iogurte e etc.) da alimentação. Acredita-se que esses alimentos são capazes de provocar processo inflamatório para o organismo, por meio do açúcar (lactose) e as proteínas (betalactoglobulina e caseína) do leite que poderia deixar nosso organismo mais vulnerável ao ganho de peso. Além disso, podem provocar sintomas semelhantes ocasionados pelo glúten como desconforto gástrico e excesso de gases. A dieta sem lactose oferece um cardápio especial, composto de alimentos substitutos a base de soja. As vantagens dessa dieta estão relacionadas aos indivíduos intolerantes a lactose, ou seja, pessoas que possuem deficiência ou ausência da enzima intestinal chamada lactase, que é a enzima essencial no processo digestivo da proteína do leite lactose.

Lado negativo: A dieta não apresenta estudos que comprovem seus benefícios com relação a perda de peso. Além disso, ao restringir o consumo do leite e seus derivados da alimentação, pode afetar as concentrações de cálcio do nosso organismo, o que pode ser prejudicial para nossa saúde, uma vez que, o cálcio é o responsável pela composição dos ossos e dentes, além de estar relacionadas à manutenção de várias funções do organismo.

DIETA DO JEJUM INTERMITENTE: Nesse método, a pessoa come apenas quando sente fome. Por isso, o jejum pode variar entre oito, dez, 12 ou mais horas. Tudo o que é bicho (carne, frango, peixe) e planta está liberado.

Lado negativo: a redução de carboidratos e de água podem causar cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidade e fome compensatória. Com um jejum prolongado, a pessoa pode perder nutrientes importantes, como potássio e vitaminas, além disso, no tempo de jejum, se consome mais gordura e proteína. Esse tipo de compensação não é saudável, diferente de uma dieta bem equilibrada, balanceada com todos macro e micro nutrientes e, principalmente, individualizada.

Além de causar uma série de problemas causados pela falta de nutrientes para o metabolismo, a dieta pode resultar em transtornos psicológicos. Esses métodos radicais de perda de peso rápido são de risco. Podem causar uma anorexia ou bulimia, por exemplo, em algum individuo mais frágil, focado na beleza e no culto ao corpo. Além disso quem faz atividades físicas precisa ter um suporte adequado de nutrientes. Se a pessoa passar muitas horas sem se alimentar e, nesse tempo, for praticar exercícios pesados, ela pode ter hipoglicemia.

O grande problema de dietas muito restritivas ou que obrigam a seguir um plano alimentar muito específico é que não se aprende com elas. Quando termina, a pessoa volta a fazer o que fazia antes e engorda de novo, então de nada valeu o esforço, ainda sim o ideal é uma boa reeducação alimentar acompanhada por profissionais.

Nos vemos na pista!!
Bons treinos!
Bianca Passos


Bianca Passos Nutricionista Dicas da Nutri que CorreA seção “Dicas da Nutri que Corre” é publicada às terças-feiras. Bianca Passos é graduada pela Faculdade Salesiana e pós-graduada em Nutrição Clínica, Funcional e Estética pela Faculdade Salesiana. Participou das maratonas do Rio, do Espírito Santo, Uphill, Buenos Aires, Desafio do Pateta na Disney (21k e 42km), além de duas ultramaratonas – Desafio da Promessa e Desafio Vitória- Anchieta – com 65km.

Bianca PassosBianca Passos
Nutricionista Clínica, funcional e estética, Personal Diet
CRN-4: 12101198
Telefones: 3345-6500|99829-2117

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