Lição que se aprende em quadra: Jogos Estudantis evidenciam respeito dos alunos por treinadores

Os técnicos que jogaram nesta segunda-feira (16) também são professores de educação física, alguns há mais de 30 anos. Para eles, o que se vê nos jogos é reflexo do dia a dia em sala de aula.

16 de setembro de 2019
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O respeito em sala de aula continua em campo entre os alunos do Colégio Castro Alves e o técnico de handebol.

Entre os gritos da torcida que compareceu na tarde desta segunda-feira (16) na quadra do SESI de Jardim da Penha,  em Vitória, sede dos Jogos Estudantis 2019, as vozes que ganharam mais destaque foram as do técnicos. Normalmente durante o jogo, os ânimos ficam um pouco exaltados, o técnico é o primeiro a cobrar um bom desempenho dos alunos-atletas. E é aí que está o grande segredo para levar o time para frente: saber a hora certa de puxar a orelha e também o momento de dar aquele empurrãozinho.

O professor Eduardo Palaoro, 34 anos, dá aula de educação física há 15 anos e há 12, trabalha na formação dos times de handebol do colégio Castro Alves, de Cariacica. Para ele a lição diária é tentar fazer do aluno um ser humano melhor a cada dia. “Quando o aluno vai bem na escola, com boas notas e bom comportamento, no esporte tudo flui com mais facilidade e naturalidade. O esporte também tem essa capacidade de dar novas oportunidades para este estudante”, afirmou.

Professor e técnico do time de handebol infantil do Castro Alves, Eduardo Palaoro, 34 anos.

Na beira da quadra, flagramos também o professor Dudu, como é carinhosamente tratado pelos alunos, motivando o time a todo momento. Frases como: “você tem que atacar, ter coragem! Força! Você é capaz“ ajudaram seu time a ganhar de 21 a 2 contra o time de handebol infantil do colégio São Camilo.

Do outro lado da quadra estava o técnico do colégio São Camilo. Nesta partida eles levaram a pior, mas em nada muda o companheirismo entre os alunos-atletas e o técnico! Muito pelo contrário, depois do jogo professor Ronaldo abraçou o time e incentivou ainda mais os meninos do infantil!

Na área há 30 anos, Ronaldo Mangueira, 52 anos, veio de Salvador, Bahia, tentar a vida como professor de educação física no Espírito Santo. Logo que chegou aqui, entrou no colégio São Camilo. Na época, dava aula de dança. Hoje treina todos os times de handebol e tênis de mesa da escola. Os alunos adoram professor Ronaldo.

“Eu conheço professor Ronaldo desde os seis anos de idade, hoje tenho 14. Estou no time porque sei que ele é justo e dá oportunidade para todos. Não é só a lição diária de como jogar handebol, aprendo com ele a lição mais importante: respeitar o meu adversário”, contou Roberto Ivo Barreiro Pontes, 14 anos.

Ronaldo Mangueira, treinador do São Camilo, e o aluno-atleta Roberto Ivo, de 14 anos.

Para o professor, não existe tempo ruim: principalmente quando o assunto é motivar e levar seus times para a frente. Ele abre um sorrisão de um canto a outro da boca quando o tema é o carinho que recebe dos alunos.

“Os estudantes pensam que nós motivamos eles, mas na verdade, é o contrário! Tenho 30 anos de carreira. Me sinto cada dia mais renovado e entusiasmado para dar o meu melhor. Ver em quadra meus meninos, perdendo ou ganhando é muito importante. Vejo eles crescerem e entendo o papel fundamental do esporte na formação do caráter e conduta destes cidadãos”.

O treinador Ronaldo Mangueira, do São Camilo, é levantado pelos alunos-atletas.