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Dono de duas medalhas olímpicas, Bruno Prada dá adeus ao sonho do Rio/2016

"Estou com 43 anos, e, desde que voltei a velejar de Finn sabia que seria muito difícil ir aos Jogos Olímpicos do Rio, pela extrema força física que a classe exige nos dias de hoje"

Redação Folha Vitória
Prada anuncia fim da parceria que trouxe o bronze para o Brasil em 2012 Foto: Divulgação

São Paulo - Faltando um ano e meio para os Jogos de 2016, um dos raros brasileiros que tem duas medalhas olímpicas na estante já deu adeus ao sonho de se classificar para sua terceira Olimpíada. Em dezembro, a Confederação Brasileira de Vela (CBVela) anunciou que Jorge Zarif será o representante do Brasil na classe Finn e eliminou as chances do ex-parceiro de Robert Scheidt. Prada concorda com a escolha, mas não com a decisão.

"Estou com 43 anos, e, desde que voltei a velejar de Finn, no final de 2012 sabia que seria muito difícil ir aos Jogos Olímpicos do Rio, pela extrema força física que a classe exige nos dias de hoje. Acho que o Jorginho merece ir para a Olimpíada mais do que eu. Ele está em plena ascensão, tem 22 anos e um potencial enorme", argumenta Prada.

Para ele, porém, a CBVela errou ao anunciar o fim da disputa pela vaga olímpica em quatro classes: Finn, 49erFX (Martine Grael e Kahena Kunze), RS:X Masculina (Bimba), RS:X Feminina (Patrícia Freitas). "O anúncio no começo de 2015 [no fim de 2014, na verdade] acomoda os escolhidos, desanima os preteridos, não faz nenhum sentido. A Itália fez isto nos últimos Jogos e foi um desastre", aponta.

O anúncio da CBVela veio ao fim de uma temporada em que tudo deu errado para Zarif. Campeão mundial em 2013, o garoto viu seu desempenho seguir contra o vento no ano passado. Foi 38.º no Mundial e 19.º tanto no Europeu quanto no Troféu Princesa Sofia, em Palma de Maiorca, na Espanha, principal etapa da temporada da Copa do Mundo.

A queda abrupta nos resultados está diretamente ligada ao fim da parceria com o técnico Rafa Trujillo. Prata em Atenas/2004 e oitavo em Londres/2012 na Finn, ele foi contratado inicialmente para treinar Bruno Prada na sua campanha olímpica. Como Bruno e Jorginho treinavam juntos, acabou também trabalhando com o garoto e o levando ao título mundial.

Em março passado, Zarif reclamou publicamente que sua preparação estava prejudicada pela não contratação de Rafa, como havia sido prometido pelo COB e pela CBVela. Depois disso, seus resultados desapareceram. "O Rafa está correndo a Volvo Ocean Race, por isso não ficou como técnico do Jorginho, mas deverá voltar assim que a regata acabar", alega a CBVela. A regata de volta ao mundo começou em outubro e só deve terminar em junho ou julho. Só a um ano da Olimpíada a situação será revista pelo COB, conforme explicou a CBVela.

"O Jorginho precisa de suporte, hoje ele não tem nenhum profissional da vela acompanhando ele diariamente. Se continuar assim vai estacionar. Tenho treinado com ele de Finn, mas como assumi outros compromissos não tem sido no dia a dia", lamenta Prada, uma espécie de tutor de Zarif. A CBVela nega que Jorginho esteja sozinho. Alega que o técnico dele é Claudio Biekarck, ex-treinador de Robert Scheidt e oito vezes medalhista em Jogos pan-americanos.

Prada está também fora do Pan. O medalhista de prata em Pequim/2008 e de bronze em Londres/2012 já voltou a competir na Star, classe que ficou fora do programa do Rio/2016 e se reestruturou com uma liga financeiramente atraente. No calendário dele para 2015 estão pelo menos quatro eventos do Circuito Mundial da Star.

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