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Menos habilidoso da família, Marquinhos, o 'Mocote', projeta ápice na Rússia

Confiante na preparação da seleção para 2018, Marquinhos conta que o ambiente dos clubes dirigidos por Tite, a quem ele chama de "ser humano de ouro"

São Paulo - Marcos Aoás Correia, o Marquinhos, vem de uma família de jogadores. O primeiro a chegar lá foi o primo Moreno, seguido de seu irmão mais velho, Luan, ambos revelados pela base do Corinthians. Ao lado deles, o atual zagueiro titular da seleção brasileira teve o seu primeiro contato com a bola.

Seu primeiro técnico, José Carlos Barboza, relembra que, antes mesmo dos quatro anos, Marquinhos já assistia aos jogos do irmão na arquibancada. Mocote, como é chamado pela família, também era presença garantida nos treinos que acompanhava sua mãe, Alina, sempre vestido de goleiro. Ela acredita que ele é tão bom na função que exerce porque sua missão sempre foi defender o gol. Por outro lado, um consenso entre seu primeiro técnico e sua mãe é que Marquinhos sempre foi o menos habilidoso da família. "Meu primo e meu irmão eram muito melhores do que eu", admitiu.

Adalberto Barbosa, professor de educação física do Marquinhos, relembra o dia em que viu pela primeira vez o Marquinhos jogar no time profissional do Corinthians em 2011, após se destacar com o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior. "Eu não acreditei na hora que vi o Tite chamando ele no banco. Foi uma emoção absurda", contou.

Adalberto conta também que ele era sempre o primeiro a ser escolhido, independentemente do esporte, e que seu diferencial sempre foram a seriedade e compromisso com a equipe.

Desde o título do Campeonato Brasileiro em 2011 foram só pouco mais de seis anos, mas muitas conquistas. Aquele menino de aparelho nos dentes, tímido e sem jeito para entrevistas teve que se transformar em um homem quando, aos 18 anos, foi ter a sua primeira experiência na Europa. "O Corinthians tinha a intenção de que ele amadurecesse profissionalmente e retornasse. Era uma experiência por um ano, um empréstimo", contou sua mãe.

A mudança de planos ocorreu com o sucesso que o defensor teve no Campeonato Italiano. Foram 26 partidas defendendo o Roma - em 22 delas, ele atuou como titular. Não demorou para que despertasse o interesse do Paris Saint-Germain, que fez dele o quarto zagueiro mais caro da história aos 19 anos no momento da transação - hoje é o quinto colocado.

A escolha não se deu apenas pelo projeto e valores oferecidos. Marquinhos conta que seu maior ídolo no futebol sempre foi seu atual companheiro de equipe, o zagueiro Thiago Silva, e admite que a presença dele motivou a decisão. "Influenciou muito a vontade de querer conhecer, jogar junto, aprender com ele".

Marquinhos também se diz muito feliz em jogar ao lado de Neymar. "O Neymar é uma marca muito forte. Ele acabou trazendo não só ele mas também muitos olhos para o Paris Saint Germain".

No clube francês, o zagueiro aplica um dos tantos ensinamentos que aprendeu com o seu primeiro técnico: desligar-se do mundo fora das quatro linhas. Tanto que a família já acostumou e entendeu que o jeito é torcer pelo time e não individualizar no jogador. "Para ele, nós somos torcedores como todos os outros do estádio para dentro", explicou a mãe.

Uma exceção ocorreu no jogo contra o Anderlecht. Sua mulher, Carol Cabrino, entrou em trabalho de parto ainda durante a partida. "Meu irmão começou a fazer gestos, um sinal indicando a barriga, e falou para eu correr. Aí eu já entendi que alguma coisa estava acontecendo".

Depois de ter se tornado pai no dia 1.º de novembro de 2017 da pequena Maria Eduarda, o brasileiro conta que, além de construir uma família ao lado de sua mulher, seus outros sonhos são ganhar a Liga dos Campeões da Europa e a Copa do Mundo.

Confiante na preparação da seleção para 2018, Marquinhos conta que o ambiente dos clubes dirigidos por Tite, a quem ele chama de "ser humano de ouro", é leve e agradável. "Ele sabe valorizar cada um dos profissionais - inclusive a equipe que faz o extracampo".

Marquinhos diz que a derrota para a Alemanha por 7 a 1, na Copa do Mundo de 2014, é um fato superado, mas que "para muitos jogadores que estavam ali aquele dia até hoje é uma mancha, uma marca, no coração e na memória deles". Seu palpite para a final da Rússia é Brasil x França.

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