Esportes

Lutadora brasileira pode perder Rio-2016 por fotografar rival nua

Titular da seleção brasileira, Rafaela não precisava participar da "seletiva aberta", primeira das três etapas da montagem da equipe do Brasil na Olimpíada. Mas ela foi apoiar seus atletas

Redação Folha Vitória
Atleta é julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da modalidade Foto: Arquivo Pessoal ​

São Paulo - Favorita a representar o Brasil na categoria até 57kg do tae kwon do, Rafaela Araújo pode ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio por um motivo bastante peculiar. Ela será julgada na tarde desta sexta-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da modalidade, acusada de ter fotografado uma rival que se pesava nua antes da seletiva aberta realizada em dezembro, em João Pessoa (PB). André Bilia e outros três companheiros da equipe dela em São Caetano do Sul serão julgados também nesta tarde, acusados de agredirem William Matias durante a mesma competição. Qualquer punição de mais de uma semana impediria ambos de disputarem a seletiva final do Rio-2016, marcada para o final de semana dos dias 18, 19 e 20, em Vitória (ES).

Titular da seleção brasileira, Rafaela não precisava participar da chamada "seletiva aberta", primeira das três etapas da montagem da equipe que vai representar o Brasil na Olimpíada. Mas ela foi a João Pessoa para apoiar seus companheiros de clube.

Rafaela é acusada por Pamela Lima, de Rio Claro (SP), que costuma lutar na categoria até 67kg e, pelo sonho olímpico, perdeu 10 quilos para participar da seletiva. Ao chegar no ginásio, teria sido seguida por Rafaela. "Era um banheiro exclusivo para a arbitragem e para quem ia pesar. A Rafaela também quis entrar, mas a árbitra a barrou. Ela disse que ia usar o banheiro e entrou. Pegou e sentou em cima da pia", conta Pamela.

Ainda de acordo com a versão de Pamela, ela precisou ficar nua para tentar bater o peso. "No que eu tirei a roupa, a Rafaela, que estava mexendo no celular até então normal, com ele abaixado, apontou o celular na minha direção. Eu perguntei: 'Você vai tirar foto mesmo?' Ela disse que estava tentando tirar foto da balança, mas de onde ela estava não dava para pegar a balança sem me fotografar pelada. A árbitra pediu umas cinco vezes para ela abaixar o celular e sair da sala. Mas ela dizia que não ia sair", conta a lutadora.

Pamela inicialmente não bateu o peso, mas eliminou 200g cortando o cabelo e foi para a seletiva no dia seguinte. Perdeu e deu adeus ao sonho olímpico. "Aquilo me abalou na competição. Não sabia se tinha tirado ou não, se ia publicar. Eu não sabia se ela tinha mostrado para alguém. Fiquei com aquilo na cabeça." A lutadora registrou um Boletim de Ocorrência para se resguardar no caso de as fotos vazarem, o que até agora não aconteceu.

Rafaela entrou direto na segunda fase da seletiva, em janeiro, e se classificou junto com Julia Vasconcelos e Talita Djalma para a etapa final do processo. O advogado dela, Marcel Camilo, vai defender perante ao STJD que sua cliente não tirou nenhuma foto. "Como não existe transparência na pesagem, ela (Rafaela) estava lá para olhar, em prol da equipe. Qual a prova que a Paloma tem que a (Rafaela) tirou foto?", questiona o profissional. Paloma diz que uma colega de equipe - Jamila Rodrigues - e a árbitra presentes na pesagem servem de testemunhas.

O Brasil só conseguiu classificar uma atleta pelo ranking olímpico: Iris Sing, da categoria até 49kg. Pelos critérios definidos pela federação internacional, os brasileiros não podem participar de Pré-Olímpicos. A Confederação Brasileira de Tae Kwon Do (CBTKD) recebeu quatro convites, sendo dois para o feminino, e escolheu distribuí-los nas categoria até 49kg e até 57kg. Na mais leve, garantiu a vaga a Iris, que abriu mão da classificação pelo ranking olímpico porque, caso se machucasse, não teria uma reserva brasileira.

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