Esportes

Loco Abreu: "Quis fazer um sindicato dos jogadores do Estado e não deixaram fazer"

Em coletiva realizada no início da noite desta segunda-feira, atacante uruguaio falou sobre a polêmica partida contra o Real Noroeste pelo jogo de volta da semifinal do Capixabão e como tentou ajudar o futebol local

Acácio Rodrigues

Redação Folha Vitória
Foto: Daniel Pasti / Rio Branco

Depois das polêmicas declarações após o jogo de volta da semifinal do Capixabão, entre Real Noroeste e Rio Branco, partida que decretou a eliminação do time capa-preta, o uruguaio Loco Abreu se manifestou em entrevista coletiva no início da noite desta segunda-feira (15).

Ao lado do presidente do clube, Luciano Mendonça, e o médico José Carlos Gomes, o atacante de 42 anos voltou a falar sobre a situação do futebol capixaba.

"Não é só contratar jogador de futebol bom, dizer que tem dinheiro, futebol não é assim. As condições que existem aqui para jogar parece anos 1980 e 1990. Parece época de Pablo Escobar, da Colômbia, sabe?", disse o atacante, que completou: "O que acontece no futebol capixaba é que um quer avançar e os outros nove (dos 10 que disputam o Capixabão) querem puxar para baixo".

Após a derrota por 2 a 0 para o Real Noroeste, no jogo de volta da semifinal, Loco Abreu disse a uma rádio que "o futebol capixaba vai continuar lá no fundo da m... como está hoje". Sobre a frase, ele explicou o que tinha intenção de dizer.

"Tiraram minhas palavras para modificar o contexto do que falei no final do jogo. Com todo respeito, é uma experiência a mais estar aqui no Espírito Santo. Ganhar ou perder faz parte do jogo, não tenho nada a ver com os atletas do outro time. Momento nenhum estou falando mal do povo capixaba, de cidade, do Estado. Só que infelizmente o futebol ficou parado no tempo", declarou.

Foto: Gustavo Fernando/Folha Vitória
Loco Abreu na apresentação pelo time capixaba em janeiro

Campeão da Copa América em 2011 com a camisa do Uruguai, Loco Abreu disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2010. Experiente, chegou ao Rio Branco como uma das maiores contratações da história do futebol capixaba, com direito a aeroporto lotado para recepcionar o atacante. Depois de marcar seis gols em 12 jogos, o jogador sente que não conseguiu os objetivos fora de campo.

"Quando cheguei, queria ajudar a melhorar a situação dos atletas. Quis fazer um sindicato dos jogadores do Estado e não deixaram fazer. O que aconteceu no dia do jogo (contra o Real Noroeste) é mais uma história para ver que ninguém está querendo melhorar", acredita.

Loco Abreu lembrou do confronto com o Serra, pela segunda partida das quartas de final do Capixabão, no estádio Kleber Andrade, no dia 30 de março.

"Fui acionado no jogo contra o Serra, como capitão, e concordei em ser respeitada a regra sobre o enfermeiro - houve atraso de quase 40 minutos pela falta de um profissional da área, responsabilidade do time mandante, que no caso era o Rio Branco. Eu procuro dar respaldo para ter boas condições de jogar futebol. Você pode machucar e não ter suporte como gostaria de ter".

Profissionalização

Outro detalhe importante nas declarações de Loco Abreu durante a coletiva foi quanto à profissionalização do futebol capixaba: "Muita gente espera que o que eu fale saia em outros países. Vocês estão no meio de Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nessas outras regiões tem VAR, doping, enfim, onde está a profissionalização aqui? Você tem que cobrar, cara! Não estou chateado com o Estado. Estou feliz aqui. Infelizmente tem dirigente que quer remar para o lado deles, não sei se pelo lado político, não sei", opinou.


Pontos moeda