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Sem recursos para grandes contratações, Corinthians adota garimpo de garotos

Redação Folha Vitória

Quando um time não tem recursos para grandes contratações, geralmente recorre aos talentos da base. O Corinthians pensou em fazer isso, mas descobriu que a "safra" de moleques bons de bola era ruim. Sem opções, decidiu garimpar no mercado algumas promessas. Só neste ano já foram pelo menos 10 garotos contratados e outros dois chegarão em breve. A "importação" expôs um problema que até a diretoria admite ocorrer: o grupo dos possíveis promovidos é fraco.

O técnico Fábio Carille já usa alguns desses garotos que vieram de fora no time principal. São os casos do lateral-esquerdo Juninho Capixaba (de 20 anos, vindo do Bahia), dos meias Mateus Vital (20, ex-Vasco) e Thiaguinho (21, do Nacional-SP) e dos atacantes Matheus Matias (19, do ABC) e Bruno Xavier (21, também do Nacional-SP). Em setembro se apresenta o meia Fessin (19, do ABC) e nos próximos dias Gustavo Mosquito (20, do Coritiba) vestirá a camisa do Corinthians.

Para a base chegaram o meia Rafinha (18, da Ferroviária) e os atacantes Renan Nepomuceno (18, do São Caetano) e Alex Moura (20, sem clube). O clube continua garimpando.

A diretoria afirma que a chegada de garotos se dá pelo fato de os jogadores nessa faixa etária formados pelo clube não terem demonstrado evolução para atuar no time de cima. "Acho que vale a pena investir na base, mas nossos garotos subiram rápido demais e a sucessão não foi esperada. Por isso, temos de buscar fora", explicou Jacinto Antônio Ribeiro, diretor da base alvinegra, em entrevista ao Estado.

Com exceção de Mateus Vital e Juninho Capixaba, os outros atletas vieram em situações parecidas. Baixo custo, com contrato pelo menos até o meio do ano e vindo de clubes onde foram destaques. É o caso, por exemplo, de Matheus Matias, eleito revelação do Campeonato Potiguar. Ele assinou vínculo com o Corinthians até 2023.

"A nossa ideia é trazer várias apostas, alguns por empréstimos e com valores fixados, e quem se destacar a gente pega", disse o dirigente. O presidente Andrés Sanchez espera que um desses meninos sobressaia, de modo a fazer com que o Corinthians ganhe em campo e financeiramente, quando negociá-lo.

O clube começou a trazer garotos de fora no ano passado, quando contratou cerca de 20 atletas para a base. Neste ano, a diretoria manteve a filosofia depois do fracasso na Copa São Paulo de Futebol Júnior - caiu nas oitavas de final para o Avaí. "Apesar das contratações, temos bons garotos", assegurou Jacinto Antônio Ribeiro, citando o meia Fabrício Oya, o zagueiro Carlos e o volante Mantuan. Os dois últimos fazem parte do elenco de Fábio Carille. "E tem o Pedrinho, uma exceção", lembrou o dirigente.

Para contratar um atleta jovem, o Corinthians tem uma regra. O clube precisa ficar com, pelo menos, 60% dos direitos econômicos dele. Foi assim, por exemplo, com Matheus Matias (90%), Mateus Vital (85%) e Juninho Capixaba (70%).

As exceções aos "jovens e baratos" são Mateus Vital e Juninho Capixaba - ambos possuem início de trajetória no clube completamente diferentes. Contratado do Vasco por R$ 8 milhões, Vital chegou para ser reserva de Jadson e Rodriguinho, mas vem conquistando espaço e já aspira vaga de titular.

Por outro lado, Juninho Capixaba apareceu bem no Campeonato Brasileiro do ano passado, foi contratado por R$ 6 milhões e mais os direitos do goleiro Douglas e não conseguiu dar conta da missão de substituir Guilherme Arana. Após sucessivas falhas, virou reserva de Maycon, improvisado no setor, e agora é substituto de Sidcley, que assume a vaga.

Nesta semana, o Coritiba anunciou que o atacante Mosquito está deixando o clube apesar de ter contrato até setembro, pois negocia transferência para o Corinthians.

NA BRONCA - Enquanto reforça a base buscando talentos em campos alheios, o Corinthians desagrada jovens que já fazem parte do time. A reportagem conversou com um desses atletas e com um empresário e ambos falaram que houve descontentamento por parte do elenco.

"Claro que a gente tinha esperança de fazer parte do time principal, mas, vendo os reforços chegando, acredito que a tendência é sermos emprestados ou ficar mais um tempo na base. Nunca falaram para nós que nossa geração é fraca, mas talvez eles pensem assim", disse um jogador, que já fez parte de seleções brasileiras de base.

Um agente de alguns atletas corintianos, que pediu anonimato, acredita que falta melhor comunicação entre base e profissional. "Tem, sim, bons garotos, mas é preciso olhar com atenção e confiar neles. A gente vê o que o Pedrinho está passando. Ele entra, vai bem, mas não consegue ter sequência". O time sub-20 do Corinthians está na semifinal da Copa do Brasil. Pegará o Botafogo nesta quarta-feira.

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