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Após reunião, OMS volta a descartar necessidade de cancelar ou adiar a Olimpíada

Redação Folha Vitória

Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) afastou qualquer possibilidade de pedir o cancelamento ou adiamento dos Jogos Olímpicos por conta do vírus zika, mas manteve o status de emergência internacional e fez novas recomendações para evitar a proliferação da doença. A entidade também elevou o alerta e passou a considerar como emergência não apenas a microcefalia, mas o próprio vírus zika.

"Existe um risco muito baixo de uma proliferação ainda maior vírus zika como resultados dos Jogos Olímpicos", disse a OMS. "Não deve haver uma restrição generalizada em viagens, incluindo ao Brasil e cidades que recebem os Jogos", afirmou a entidade. Mas a OMS pede que o Brasil "intensifique os controles".

David Heymann, presidente do comitê de emergência da organização ainda explicou que, pela primeira vez, a OMS constatou que o alerta internacional não se refere mais apenas à microcefalia. Mas também ao vírus zika. "Existe um consenso de que é o vírus que causa a má formação e, portanto, a emergência é agora de zika", disse.

Em uma reunião de emergência, os cientistas convocados pela entidade indicaram que não existiria motivo para reduzir o nível de alerta, mesmo com a queda no número de casos em alguns países. O encontro foi o terceiro realizado desde fevereiro, quando a microcefalia em áreas com o surto de zika foi identificada como uma emergência internacional para a saúde pública global.

A OMS estava sendo pressionada por cientistas para tomar uma postura mais dura em relação aos Jogos no Rio em agosto, com grupos de atletas e de pesquisadores apontando que seria uma "irresponsabilidade" sugerir a manutenção do evento diante da proliferação de casos.

Depois de mais de cinco horas de reuniões, porém, os cientistas convocados pela OMS apontaram que não haveria justificativa para recomendar o cancelamento do evento no Brasil. Entre os motivos evocados está o fato de que a suspensão teria um "efeito limitado" e que propagação do vírus continuará mesmo se a Olimpíada for cancelada.

Para tentar convencer a OMS a não sugerir mudanças como o cancelamento ou adiamento do evento, o governo brasileiro apresentou nesta terça-feira aos cientistas sua avaliação e mostrando que, nos meses de inverno no País, a população do mosquito vetor do vírus tende a sofrer uma queda importante.

RECOMENDAÇÕES - Apesar de manter o evento, a OMS apresentou uma nova relação de medidas para reforçar o controle e evitar a proliferação do vírus. Para a entidade, mulheres em países afetados devem adiar planos de gravidez, enquanto estrangeiros que passem pelo Brasil devem considerar um adiamento da gestação por pelo menos dois meses.

Em caso de um estrangeiro identificar algum sinal da doença, a recomendação é de que a gravidez seja adiada em seis meses. O encontro desta terça, porém, foi marcado por uma polêmica. A OMS retirou de sua reunião de emergência um dos especialistas que criticou a entidade e pediu o cancelamento dos Jogos Olímpicos no Rio.

O cientista canadense Amir Attaran havia sido convidado para o encontro. Mas acabou sendo retirado da lista, sob a justificativa de que ele se recusou a assinar documentos estabelecendo as condições de sua participação.

Attaran foi um dos que liderou a confecção e divulgação de uma carta aberta por 150 cientistas destinada à OMS pedindo que a entidade recomendasse o adiamento ou cancelamento dos Jogos no Rio. Segundo a agência de Saúde da ONU, não foram suas posições que fizeram o convite a ser retirado. "A carta dos cientistas fará parte dos debates, assim como outros tantos estudos", disse Christian Lindmeier, porta-voz da OMS.

Segundo ele, cada um dos participantes é obrigado a assinar um termo de compromisso com a OMS para participar do encontro. Nele, fica estabelecido a exigência de que os cientistas mantenham total confidencialidade sobre como as decisões são tomadas e sobre o conteúdo do debate. "Ele (Attaran) não assinou o compromisso", indicou Lindmeier.

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