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Paralisado há 3 meses, Campeonato Capixaba continua sem previsão de retorno. Veja o que dizem os clubes!

O presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo (FES), Gustavo Vieira, rechaçou a possibilidade de cancelar o campeonato

Matheus Foletto

Redação Folha Vitória
Foto: Vitor Nicchio/Vitória FC
O Vitória é o atual campeão Capixaba e terminou a fase classificatória de 2020 na primeira colocação sem nenhuma derrota

Paralisado há três meses, o futebol capixaba ainda não tem data de retorno das atividades. A informação foi dada, nesta quinta-feira (18), pelo presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo (FES), Gustavo Vieira, em contato com a reportagem do Jornal Online Folha Vitória.

Questionado sobre a volta das partidas válidas pelo Campeonato Capixaba, o mandatário relembrou a situação da pandemia do novo coronavírus no estado. "É complicado falar sobre o retorno neste momento. São 30 pessoas morrendo a cada dia vítimas do coronavírus no nosso estado. A situação da pandemia é crítica", afirmou.

Em relação à um possível auxílio financeiro aos clubes para que possam ser feitos testes em jogadores, comissões técnicas e árbitros, o presidente explicou que a Federação está sem movimentação financeira desde que o campeonato capixaba foi paralisado, no último dia 17 de março. "Existem conversas embrionárias com alguns parceiros e o Governo do Estado. Mas a Federação está parada, não tem recursos. Estamos sem gerar receita há 90 dias e é muito provável que continue assim mesmo com o retorno do futebol porque os estádios não poderão receber público", ressaltou. 

Gustavo Vieira ainda rechaçou o cancelamento da competição, que está na fase de mata-mata. "Não existe essa possibilidade. Precisamos de apenas seis datas para concluir o campeonato, que já está nas quartas de final. Três semanas com jogos quarta e domingo e conseguimos terminar. Até o início do Campeonato Capixaba Série B em outubro, vamos procurar finalizar a competição para que nenhum clube seja prejudicado em outros torneios. Isso, é claro, se a pandemia permitir", explicou.

O que dizem os clubes?

Foto: Montagem / Folha Vitória

A equipe de reportagem do Folha Vitória conversou com representantes dos quatro clubes com sede na Grande Vitória (Desportiva, Rio Branco, Serra e Vitória), que estão classificados para a fase mata-mata do campeonato, para entender a situação financeira de cada equipe e saber a opinião acerca de um possível retorno do futebol capixaba.

FV: Os clubes possuem estrutura para uma possível retomada?

Luiz Arantes, CEO da Desportiva

De acordo com os protocolos da CBF e de outras federações do país, é totalmente inviável para o clube. Se formos seguir à risca, não conseguiremos colocar 28 atletas e a comissão técnica juntos no mesmo ambiente de vestiário, por exemplo. Os testes custam, em média, R$ 150,00 e a cada rodada de testes, teríamos que desembolsar cerca de R$ 7.500,00. Não temos capacidade para isso.

Luciano Mendonça, presidente do Rio Branco

O clube tem condições físicas e financeiras para terminar o Campeonato Capixaba. A volta da competição, no entanto, está condicionada à liberação dos órgãos de saúde. O clube defende a continuidade do Capixabão, dentro de campo, assim que a pandemia for controlada e os órgãos de saúde derem o aval. O clube preza pela saúde de seus jogadores e membros da comissão técnica.

Ervinio Kuster, presidente do Serra

Se o Governo do Estado e a Secretária de Saúde (Sesa) autorizarem o retorno, eles terão que nos auxiliar quanto à isso. Cada exame custa, em média R$ 200,00. É inviável para o Serra testar 30 profissionais por jogo.

Ademar Rocha, presidente do Vitória

A estrutura física não é problema para o Vitória porque temos uma área com 24 mil metros quadrados. Com relação à questão financeira, o clube tem cumprido todos os seus compromissos, mas não tem condições financeiras para bancar o custo para seguir protocolos sanitários, que serão exigidos na volta do futebol.

FV: Os clubes trabalham com uma data limite para o retorno, afim de não atrapalhar o calendário de outras competições?

Luiz Arantes, CEO da Desportiva

Acredito que não tenha a Copa ES neste ano. O primeiro passo é terminar o estadual dentro de campo. Os clubes entraram em consenso para que não haja nenhuma decisão judicial que declare algum time campeão fora dos gramados.

Luciano Mendonça, presidente do Rio Branco

Não. A proposta inicial era para que a competição retornasse quatro semanas antes do início da Copa Espírito, prevista inicialmente para agosto, com as partidas acontecendo aos sábados e quartas-feiras. Com isso, o Estadual terminaria em três semanas. Já a Copa ES teria início uma semana após a final do Capixabão. No entanto, a FES ainda não confirmou a realização da Copa ES.

Ervinio Kuster, presidente do Serra

Já tivemos duas reuniões com os clubes e Federação, onde foi deixado claro que o retorno depende do Governo. Aguardamos para saber quais serão as medidas, se não vai ter público ou se vão liberar recursos aos clubes.

Ademar Rocha, presidente do Vitória

Não tem data limite. Nós temos contrato com grande parte dos atletas até 2021 e cerca de oito contratos até novembro deste ano. Para o Vitória, o ideal seria retomar em julho ou agosto, até porque vamos disputar a Série D, que também não há definição sobre a realização da competição. No entanto, não teríamos problema em disputar duas competições simultâneas.

FV: Os clubes estão conseguindo se manter financeiramente em meio à pandemia?

Luiz Arantes, CEO da Desportiva

Conseguimos quitar os vencimentos de março e abril. Tivemos que reduzir alguns salários mais elevados, que corresponde a 20% do total do elenco. Deixamos de receber valores de publicidade acordados anteriormente. As empresas comunicaram que não conseguiriam pagar devido a pandemia. No momento, temos apenas quatro contratos vigentes: três de atletas e um de treinador.

Luciano Mendonça, presidente do Rio Branco

Alguns patrocinadores já tinham quitado a cota de patrocínio. Outros patrocinadores estavam pagando mensalmente, mas os pagamentos foram suspensos assim que a quarentena foi decretada no Estado. O clube também está sem receita de bilheteria, que é uma das principais fontes de renda. Outra fonte de renda vem do programa de sócio-torcedor, que também teve baixa por conta da situação financeira dos torcedores.

Ervinio Kuster, presidente do Serra

Alguns patrocinadores precisaram cortar a verba porque a a situação ficou ruim para todo mundo. Nós entendemos perfeitamente a decisão e procuramos honrar os compromissos com o elenco e comissão técnica.

Ademar Rocha, presidente do Vitória

Nós temos ainda em reserva mais uma folha de pagamento de atletas e comissão técnica do mês de junho, que vence no próximo mês de julho. Após quitar esses vencimentos, nós não sabemos como proceder. Vamos ter que convocar uma reunião com a comissão que representa os atletas para definir como fazer, tendo em vista que estamos cumprindo tudo que foi acordado: redução dos salários em 40% e a demissão de nenhum funcionário do clube.

FV: Os jogadores seguem treinando em casa?

Luiz Arantes, CEO da Desportiva

Na medida do possível, os jogadores seguem a preparação física. No entanto, serão necessárias algumas semanas para treinos antes da retomadas.

Luciano Mendonça, presidente do Rio Branco

Os jogadores estão treinando em casa. Um acordo foi feito para que eles retornem ao clube assim que os treinamentos forem autorizados, assim como a competição.

Ervinio Kuster, presidente do Serra

Estamos mantendo os treinos em casa, na medida possível. Alguns jogadores até se revezam e vão até o estádio para realizar treinamentos sozinhos.

Ademar Rocha, presidente do Vitória

Os jogadores estão treinando em casa com a supervisão do preparador físico Rafael Fragoso. Ele tem passado para o grupo de diretores a preparação que está sendo feita pelas redes sociais, mas não é a mesma coisa de estar no campo. Será necessária uma preparação de no mínimo 20 a 30 dias para poder voltar a competir. Os clubes também precisam ser avisados com antecedência para sejam respeitados os limites estabelecidos pelos órgãos de saúde. É uma situação muito difícil. Estamos torcendo para que volte, mas com critério e responsabilidade.

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