'Tio coruja', Oscar pediu medalha a Bruno Schmidt em vídeo antes da Olimpíada
Rio -
Um dos maiores jogadores brasileiros de basquete de todos os tempos, Oscar Schmidt viveu nesta sexta-feira uma madrugada de torcedor na Arena de Vôlei de Praia, em Copacabana, na zona sul do Rio. O jogador comemorou a medalha de ouro do sobrinho Bruno Schmidt ao lado de Alison no vôlei de praia.
Minutos antes da partida, ele já estava posicionado na tribuna de imprensa como comentarista da emissora Fox Sports. Na baia ao lado, o irmão Tadeu Schmidt, da TV Globo, também se posicionava para a partida. Depois da vitória, Oscar passou rapidamente pela zona mista, onde os atletas dão entrevistas após as partidas, comemorando o ouro. O Mão Santa, entretanto, preferiu ser discreto e deixar os holofotes para o sobrinho campeão, saindo sem dar entrevistas. Não vou falar nada, ele está vindo aí, disse apenas.
Na véspera dos Jogos, Bruno contou que recebeu um vídeo do tio pedindo que ele levasse a medalha para casa. Maior cestinha da história do basquete, Oscar participou de cinco edições de Jogos Olímpicos, mas não subiu ao pódio. Depois das entrevistas, a família Schmidt ainda ficou por um bom tempo na arena. O pai de Bruno, Luiz Fernando Schmidt, disse que o fato de ser sobrinho de Oscar não era encarado pelo filho como fator de pressão ou um peso. Não, talvez por eles atuarem em esportes diferentes. Ele sempre viu o Oscar como exemplo de um cara dedicado ao treinamento e ao esporte, um ídolo, alguém em quem se espelhar, contou.
A mulher de Bruno, Laís Badaró, falou da angústia dos últimos dias, em que o marido ficou várias noites sem dormir. Foi aquele momento tão perto, tão longe. Foram os momentos mais difíceis da vida dele. Ele não conseguia comer nem dormir direito. Ele passou a desligar o celular. Costumávamos nos falar apenas 15 minutos depois do treino dele e quando ele estava no ônibus no caminho de volta para a Vila, depois do treino, já mais relaxado, relatou.
Os dois planejam ter um filho no próximo ano. Ele disse que só ia ser pai depois que fosse campeão olímpico. Agora já é. Promessa é dívida, brincou ela. Os dois se conheceram em Vitória, no Espírito Santo, e estão juntos há 11 anos.
ALISON - Após 12 anos, o Brasil voltou novamente ao lugar mais alto do pódio no vôlei de praia ao vencer a decisão do torneio masculino da Olimpíada do Rio. Alison e Bruno Schmidt superaram os italianos Paolo Nicolai e Daniele Lupo por 2 sets a 0 e festejaram muito. "Você não ganha uma Olimpíada dentro de casa só entrando nela. Tem de ter uma história. Em 2014 compramos o terreno, em 2015 subimos nossa cara e vencemos agora", disse Alison, sobre a força da parceria.
"Ser medalhista de ouro é incrível, cara. Não caiu a ficha, nem vai cair tão cedo. É a realização de um sonho para o meu País, que merece. Nós, o povo brasileiro, trabalhamos muito, acordamos cedo, e só temos notícias ruins. Esse povo merece todo esse carinho e essas coisas boas", completou.
Para ele, as derrotas ensinaram muito para os dois e isso fez com que a dupla criasse um diferencial. "A gente nunca deixou de acreditar. Na Olimpíada, começamos o primeiro jogo atrás, mas viramos. Perdemos o segundo jogo, no terceiro torci o pé, e quando saiu a chave do mata-mata, vimos que o caminho era bem complicado. Mas um acreditou no outro e conseguimos", continuou.
Alison bateu na trave nos Jogos de Londres, ao ficar com a prata ao lado de Emanuel. Ele conta que aprendeu muito com essa derrota. "O Emanuel para mim é um irmão mais velho, nunca escondi isso de ninguém. A gente sempre se fala por telefone, me ensinou muita coisa, como pessoa, ser humano e atleta. Acho que muita coisa que passei para o Bruno foi graças a ele. É raro ter campeões olímpicos que têm a humildade de ensinar os outros".