Tiro esportivo acredita em visibilidade após medalha olímpica com Felipe Wu
Rio -
O Plano Brasil Medalhas permitiu que poucas confederação olímpicas brasileiras chegassem ao Rio-2016 reclamando da falta de um patrocinador estatal. Uma delas é a de tiro esportivo, a CBTE, exatamente aquela responsável por dar ao País a sua primeira medalha na Olimpíada em casa, com Felipe Wu. A entidade sobrevive só com os recursos da Lei Piva (previsão de R$ 3,5 millhões em 2016) e de convênios pontuais.
Durval Balen, presidente da CBTE, faz um mea-culpa e admite que a modalidade não conseguiu se projetar ao longo das últimas décadas. Com a Olimpíada em casa e a parceria com as Forças Armadas, entretanto, os resultados começaram a aparecer na reta final do ciclo olímpico. A prata de Wu veio para coroar esse trabalho e o sentimento geral é que ela possa mudar os rumos do tiro esportivo no Brasil.
"A gente tem que ter uma estrutura melhor. Está melhorando, mas não está o ideal. Tem que montar estrutura de tiro aqui. Temos estrutura mais ou menos. Vamos ver se o ministério ajuda", comentou Julio Almeida, que competiu junto com Wu na pistola 10 metros e terminou em uma boa 13.ª colocação. Na Copa do Mundo de Baku (Azerbaijão), vencida por Wu, ele foi quarto, mostrando que o medalhista olímpico não é caso isolado.
Para Balen, a exposição do resultado de Wu pode ajudar o tiro esportivo não só a conseguir um patrocinador, mas a ajudar a mudar a imagem. Nas redes sociais, não faltou quem fizesse gracinha relacionando a conquista brasileira no tiro às práticas violentas de uma parcela da população.
"Queremos que tenha uma visibilidade maior, que tenha maior conhecimento por parte do público, que veja que esse é um esporte maravilhoso. Que não tem nada de violência. Quem veio aqui viu isso", avaliou o presidente da CBTE, ainda em Deodoro, após a prova de Felipe Wu. De fato, a competição toda foi emocionante e levantou a torcida, formada em boa parte por pessoas sem relação direta com o tiro esportivo.
Rosane Bugad, namorada de Felipe Wu e também atleta da equipe olímpica brasileira, é bastante otimista quanto ao futuro da modalidade depois do feito do amado. "Vai mudar tudo. A gente vai ter maior visibilidade. Deixou de ser um esporte desconhecido. Quem sabe a gente consiga um patrocinador. Virão novos atletas. Tudo isso movimenta o esporte".
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) está de olho nesse crescimento, tanto que Adriana Behar, gerente de planejamento esportivo da entidade, estava na arquibancada torcendo por Wu. Para ela, o momento é de diversificar as possibilidades de medalhas. "Acho que o esporte de modo geral cresceu. Voltamos depois de tantos anos ao pódio no tiro. Segue o planejamento de aumentar o numero de modalidades com potenciais de medalha. Estive com ele em Cingapura (em 2010, quando Wu foi prata nos Jogos da Juventude) e é bacana quando você vê um atleta se manter desde novo".