Torcedores se revoltam com organização dos assentos no Mané Garrincha
Brasília -
Torcedores que compraram ingresso para assistir as duas partidas de futebol masculino no estádio Mané Garrincha, neste domingo, criticam a organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro que vendeu ingressos para assentos que não existem, com visão comprometida por causa de vidros estilhaçados ou com localização que não corresponde ao valor que foi cobrado pelo setor.
A psicóloga Maria Antônia Pontual conta que ficou meio hora tentando trocar o lugar dela para um setor mais perto do campo. Ela pagou R$ 100 no ingresso por causa da localização, mas queriam colocá-la em um dos setores mais distantes. "Por que eu paguei mais caro se do meu lado tem alguém que pagou R$ 25?", critica. Segundo ela, as pessoas que estão no estádio trabalhando para a organização dos Jogos não estão preparadas para lidar com a situação. Ela falou com quatro voluntários e nenhum a ajudou. "Teve um deles que me disse para sentar em qualquer lugar já que eu já tive acesso ao estádio mesmo", relata.
"Se a gente não consegue organizar uma Olimpíada, por que nos candidatamos? Isso é uma vergonha", critica a administradora Adriana Costa e Silva, que teve o mesmo problema de comprar o ingresso para um lugar mais caro e ser colocada distante do campo. Ela comprou os ingressos diretamente na central de vendas em Brasília. "Não foi pela internet. Foi pessoalmente. O vendedor ainda me mostrou o mapa do estádio no computador e disse: 'olha,
que achado'. Estou vendo...", relata.
A analista de inteligência de mercado Esmeralda Venzi comprou dois ingressos, mas um deles não existe no estádio. "A organização da Copa estava bem melhor do que a da Olimpíada", compara. Mesmo problema teve a servidora pública Neuza Rodrigues Cardoso, que chegou mais cedo com o marido para assistir à partida entre Dinamarca e África do Sul, mas perdeu todo o primeiro tempo para que a organização os realocasse em outros lugares. "É frustrante", resume ela, que espera que tenha um lugar para sentar no jogo do Brasil contra o Iraque, marcado para 22 horas.
O lugar do vigilante Guilherme Caetano até existia, mas a cadeira tinha sido arrancada. "É decepcionante. Uma festa desse tamanho das Olimpíadas e erros tão primários de organização", diz o analista de políticas públicas Francisco Mota, acompanhado da mulher e da filha. Eles foram colocados em frente a um vidro estilhaçado, com a visão do jogo comprometida. "Se eu ficar em pé, atrapalho as outras pessoas".
Henrique Vaz, que trabalha para o Comitê Rio-2016, tenta realocar as pessoas com problemas para outros lugares. Com 30 "ingressos de contingência" para esse tipo de situação, ele tenta acalmar os ânimos, mas diz que é frequente esse tipo de situação no Mané Garrincha. Ele diz que além dos ingressos vendidos ao setor destinado aos jornalistas, como relatou a reportagem, na quinta-feira, na estreia da seleção brasileira nos Jogos, foram vendidos tíquetes de setores que nem existem no estádio.
Ele entrega novos ingressos para os torcedores que tiveram problemas, mas alguns deles voltam insatisfeitos. "Você me tira do meio-campo e me coloca na bandeirinha do escanteio. Assim não dá", protesta um dos indignados que não quis se identificar.