Fifa anuncia começo da intervenção na Associação Uruguaia de Futebol
A Fifa anunciou nesta terça-feira o início da intervenção que administrará a Associação Uruguaia de Futebol (AUF) até fevereiro de 2019. A função desse comitê provisório será o de gerir a entidade, revisar e ajustar seus estatutos de acordo com a Fifa e organizar eleições para renovar a diretoria.
O diretor de federações das Américas da Fifa, Jair Bertoni, fez uma declaração pública nesta terça-feira em Montevidéu e não permitiu que os jornalistas fizessem perguntas. Ele disse que a gestão provisória pretende dar mais transparência operacional e comercial à AUF e permitir "a inclusão de todos os protagonistas do futebol no Uruguai".
O comitê interventor será presidido pelo senador uruguaio Pedro Bordaberry e contará também com o deputado Armando Castaigndebat e com o ex-jogador e atual integrante da comissão técnica do país, Andrés Scotti.
A diretoria provisória poderá contar com outros integrantes, de acordo com Bertoni. Além disso, haverá ainda um comitê consultivo formado por três pessoas que irá também assessorar o comitê interventor.
A crise na AUF começou no final de julho, quando o presidente Wilmar Valdez renunciou ao cargo. Sua saída teria sido motivada pela existência de áudios que supostamente envolviam o nome do mandatário em um processo fraudulento licitatório para compra de câmeras de identificação para o estádio Centenário.
Durante o anúncio das informações, Bertoni cometeu por duas vezes a gafe de chamar a AUF de UF. A Fifa há quatro anos pede que a entidade uruguaia atualize seus estatutos. A intervenção chega em um momento que os clubes, jogadores e árbitros do país estão enfrentando uma luta pelo poder dentro da associação. A luta conta ainda com aliados e oposicionistas da empresa Tenfield, de propriedade do empresário Francisco Casal, e dona dos direitos de televisão do futebol uruguaio desde 1998.
Até agora os clubes é quem sempre tomaram as decisões da AUF e que nos últimos anos beneficiaram a Tenfield. O novo estatuto deverá também dar voz aos jogadores e árbitros, além dos clubes de menor expressão, que em sua maioria não estão filiados à AUF e sim à Organização de Futebol do Interior (OFI), que não tem direito a voto.
Não é a primeira vez que a Fifa intervém em uma federação latino-americana. Há dois anos, a entidade máxima do futebol formou um comitê para administrar a Associação de Futebol Argentina devido ao caos institucional no qual a entidade local se envolveu após a morte de seu então presidente Julio Grondona.