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Luan minimiza críticas da torcida e cita indecisão do seu futuro no Grêmio

Um dos principais jogadores do Grêmio e do futebol brasileiro, Luan sabe quanto a torcida tricolor está sendo injusta com ele nesta temporada. Em algumas partidas do time de Renato Gaúcho, o meia-atacante foi duramente criticado. Ele sabe também que passam pelos seus pés as principais jogadas da equipe e de sua responsabilidade nesse restinho de temporada, quando o time de Porto Alegre faz semifinal da Libertadores contra o River Plate e ainda se coloca de olho na conquista do Brasileiro.

Neste domingo, o Grêmio visita o Palmeiras no Pacaembu, justamente pelo Campeonato Nacional. Mas antes, Luan falou com exclusividade ao Estado.

Qual vai ser a maior dificuldade de jogar com o líder do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras, fora de casa?

Enfrentar o Palmeiras em qualquer lugar traz dificuldades. É uma equipe encaixada, que tem força em casa e vem numa série invicta na competição. Um grupo muito qualificado também. Não vai ser nada fácil, mas estamos preparados.

Qual é a sua expectativa para o jogo contra o Palmeiras?

Boa. É um jogo grande, de confronto direto e que todo jogador quer participar. Vai ser uma grande partida numa fase decisiva do campeonato.

Estão dizendo que o jogo com o Grêmio é a última barreira do Palmeiras e que se vencer, o clube paulista será campeão. Isso chega aí para vocês no Sul? Como vê isso?

A gente fica focado na nossa preparação. O ambiente externo não influencia. E sabemos que para o Palmeiras também é assim. São jogadores rodados, com um treinador experiente (Felipão) e que estão pensando só neste jogo, com certeza.

Você está vivendo uma boa fase, como está se sentindo? Tem 36 gols marcados no estádio do Grêmio, artilharia histórica... A que se deve isso?

Ao trabalho. Nunca deixo de tentar melhorar, evoluir. O dia a dia dos treinamentos conta muito. Pra mim, é um orgulho vestir a camisa do Grêmio e alcançar marcas importantes, ainda mais sendo campeão. Os últimos anos têm sido gratificantes demais aqui no Grêmio.

Como foi ficar alguns jogos sem marcar gols? A cobrança é mais interna ou externa, dos torcedores?

Lido com tranquilidade com isso. Sempre digo que o importante é o Grêmio seguir vencendo, independentemente de eu estar fazendo gols. Muitas vezes, participo com assistência em lances de gol e isso também é importante. Cobrança e pressão sempre vão existir num clube do tamanho do Grêmio, mas levo com tranquilidade porque sei o que posso fazer pela equipe.

Para o jogador, quais são as principais diferenças de jogar o Brasileiro e a Libertadores?

A característica das competições muda bastante o estilo dos jogos. No mata-mata da Libertadores, qualquer erro pode ser fatal, porque são apenas dois confrontos, e o primeiro também influencia no segundo. Já no Brasileiro, se você tem um ou outro resultado negativo, existe a chance de recuperar na frente, porque a disputa é a longo prazo, vale mais a regularidade.

Nessa fase decisiva, o jeito é levar o torneio nacional do jeito que dá e focar na Libertadores? Como analisa a estratégia de Felipão em ter dois times diferentes para cada competição?

Acho que cada um faz sua estratégia, de acordo com os objetivos do clube e a prioridade. A gente pensa jogo a jogo. Agora, o jogo contra o Palmeiras é o mais importante. Ali na frente, será o da Libertadores. Então vamos assim buscando os dois títulos.

Na sequência, vocês têm dois jogos fora de casa pelo Brasileiro e o River, na Argentina... Como tem sido a preparação? Qual é a estratégia?

A preparação é de alto nível, o Renato Gaúcho nos passa tranquilidade para executar o trabalho. A estratégia é definida sempre na semana de cada jogo e também depende do adversário.

Acredita que a boa fase do Grêmio se deve ao seu entrosamento com o Everton? Como é jogar ao lado dele?

Ele está em excelente momento, não por acaso chegou à seleção brasileira. A gente tem um entrosamento bacana desde a base. Afinamos na equipe principal, com a titularidade dele.

Como descreveria seu companheiro de ataque e essa chegada à seleção?

Foi por méritos, o ano dele é de alto desempenho. Muito inteligente para jogar, tem muita leitura e visão do jogo. Sem falar da velocidade e habilidade com a bola, o que sempre dificulta para a marcação do adversário. É um dos principais atacantes no Brasil hoje.

Como você vê o River Plate? O time está há 32 partidas sem perder, isso pode influenciar no jogo? O que podemos esperar desse confronto?

É um grande time, entrosado e treinado há muito tempo pelo mesmo técnico. Vai ser uma briga boa, porque a gente também tem essas características. Penso que, como na maioria dos mata-matas, o detalhe vai decidir quem se classifica para a final.

Existe algum temor em relação à arbitragem? Muitos dizem que a Conmebol favorece os argentinos...

A gente não pode se preocupar com este tipo de comentário ou de especulação. Temos de fazer o nosso trabalho e se preparar da melhor maneira até o dia do jogo.

Muitos torcedores se mostraram indignados por você não ter ido à Copa. Acredita que na construção de uma seleção é preciso levar em conta outros quesitos, como o posicionamento e a maneira como joga em seus respectivos times? Como avalia isso?

Acho que são avaliações que a comissão técnica faz e a nós cabe respeitar. Todo jogador brasileiro quer vestir a camisa da seleção e disputar coisas importantes pelo País. Tive esta oportunidade na Olimpíada que conquistamos no Rio e foi inesquecível. Se aparecer uma nova chance na principal, me sentirei honrado e orgulhoso.

Estamos vendo sua última temporada no Brasil?

Não tem como saber ainda se pode ser a última ou se terão outras. Estou tranquilo com meu momento.

Tem pensado em ir para o futebol europeu, conversado com Neymar, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus ou outros jogadores campeões olímpicos com você sobre a possibilidade? O que eles dizem sobre o futebol de lá?

Tenho contato, a gente se fala às vezes, mas o assunto menos comentado é futebol (risos). Sempre disse que gostaria de jogar no futebol europeu, ter essa experiência, porém no momento certo. Quando ele chegar, vou decidir.

Algo mudou na sua vida depois do ouro na Olimpíada? E do título na Libertadores?

Muda um pouquinho, né? A dimensão que as coisas ganham... Porque são conquistas de sonhos. Era um sonho ser campeão pelo Grêmio, chegar à seleção, ser campeão também. Veio tudo junto em dois, três anos. Parece rápido, mas para chegar a momentos assim, é preciso trabalhar muito, abrir mão de várias coisas e acreditar sempre. Fico feliz de ter estes títulos na minha história, é algo que levamos para vida toda.