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Após vice paulista com Audax, Fernando Diniz encara uma dura realidade no Oeste

Redação Folha Vitória

São Paulo - Ele era o técnico sensação do futebol brasileiro no primeiro semestre. Com o modesto Audax, derrubou Corinthians e São Paulo, foi vice-campeão estadual e apresentou ao País um estilo de jogo visto só na Europa. Vários clubes da Série A tentaram contratá-lo, sem sucesso. Seis meses após o término do Campeonato Paulista, o badalado Fernando Diniz vive uma realidade bem distinta. Coleciona 12 jogos sem vitórias pelo Oeste e flerta com o rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro.

A derrocada do Oeste e do treinador começou há pouco mais de dois meses, quando derrotou o Paysandu por 1 a 0. De lá para cá, foram seis derrotas e seis empates, quatro deles nos últimos jogos e por 1 a 1. "Não me arrependo de ter ficado. Eu dei a palavra para seu Mário (Teixeira, proprietário do Audax) que ficaria para a Série B. Eu não sou focado só no resultado. A gente não tem colhido bons resultados, mas não é por falta de trabalho. Estou feliz com o meu trabalho no Oeste", disse o treinador, nesta quarta-feira, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo, pouco depois de comandar mais um treino da equipe.

A parceria Oeste e Audax começou no ano passado. Como a equipe de Itápolis (SP) tem vaga na Série B, mas dificuldades financeiras para montar um elenco competitivo, selou acordo pelo qual o time de Osasco (SP) cedeu comissão técnica e os jogadores que sobraram após o Estadual.

Fernando Diniz já esteve cotado para dirigir Corinthians, Grêmio, São Paulo, Santos, entre outros, mas decidiu continuar no Audax por respeito ao projeto feito por Mário Teixeira. E, antes que grandes clubes apareçam no fim do ano, ele faz uma promessa.

"Meu acordo é até o fim do Paulistão do ano que vem e temos um relacionamento legal com o seu Mário. Estamos montando o time já pensando no Estadual da próxima temporada. Não vou sair daqui antes, pois tenho palavra e me sinto em casa", garantiu o Fernando Diniz que, mesmo em baixa, evita atender telefonemas de empresários. "Não param de me ligar atrás de jogadores e de mim. Recentemente, recebi mais uma proposta de um clube da Série A", assegurou, sem citar nomes.

Um dos atletas cobiçados e que ficou ao lado do treinador é o goleiro Felipe Alves. Famoso por dar dribles e esbanjar categoria, ele chegou a acertar verbalmente com o Palmeiras, após a lesão de Fernando Prass, mas "seu Mário" não o liberou.

A seca de vitórias pode acabar neste sábado, quando o Oeste enfrenta o Bragantino, em Bragança Paulista (SP), às 21 horas, em confronto direto contra o rebaixamento. O time de Fernando Diniz é o 16.º colocado com 35 pontos, contra 30 do adversário, que aparece logo abaixo na tabela de classificação.

Mesmo sem vencer, o treinador não abre mão do estilo de jogo de toque de bola. O Oeste é o líder em passes certos e posse de bola na Série B. "Não seria inteligente da minha parte mudar. Criamos várias chances de gol e estamos jogando bem, apesar dos resultados. Se eu mudar o estilo, não vou ganhar nada com isso", avisou.

Não precisa provar. A personalidade do ex-jogador, demonstrada ao não alterar o sistema de jogo, mesmo sem vencer, é a mesma quando questionado se teme ser esquecido pelos clubes por uma campanha ruim na Série B ou até com o rebaixamento. "Tenho caráter e sou feliz pela minha decisão de ficar aqui. Sou focado no meu trabalho, sei da minha capacidade e que já demonstrei que não sou só mais uma ‘chuvinha de verão’. É difícil termos a mesma performance deste ano, mas temos tido bons resultados", justificou.

Se Fernando Diniz parece não ter pressa para chegar a um time grande, o mesmo não se pode falar dos jogadores. Sidão (Botafogo), Tchê Tchê (Palmeiras) e Camacho (Corinthians) são alguns dos atletas que faziam parte do time vice-campeão estadual. "Ver esses jogadores aparecendo bem em um time grande não tem preço. Fico feliz por ter participado do crescimento deles e estamos conscientes de que estamos no caminho certo", comemorou.

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