Esportes

Bandeira de 140m² e decoração na cidade reanimam Chapecó após desastre

Redação Folha Vitória

Chapecó - Chapecó ainda é uma cidade com três cores, mas com o intuito de voltar a ser apenas de duas. O preto, sinal de luto, ainda é uma decoração presente pela dor vivida com o desastre aéreo da Chapecoense há duas semanas, porém tem perdido a força diante de tantos adereços em verde e branco. As tonalidades da equipe continuam vivas em casas, estabelecimentos comerciais e ruas, como sinal de reação coletiva para superar a tragédia.

As manifestações de apoio, embora espalhadas, têm mudado o ambiente local. A prefeitura também incorporou o espírito, ao espalhar pelas principais ruas totens altos, com dois painéis. De um lado, mensagens de agradecimento em variados idiomas, escritos sob fundo preto. Do outro, a foto do goleiro Danilo, um dos heróis da campanha do time, declarado campeão da Copa Sul-Americana.

Logo na entrada da cidade o visitante já é surpreendido. Em um prédio de três andares, a empresária Rosane Longhinotti estendeu uma bandeira de 40 metros de comprimento por 3,5 metros de largura (140m²). "Minha dor era do tamanho da bandeira. Tive a ideia de fazer no dia que soube do acidente. Eu não pude acompanhar o time, então queria mostrar que estava sentida de alguma forma", contou.

Como a única moradora atual do prédio, ela não precisou negociar com vizinhos a colocação do adereço chamativo. Foi preciso investir cerca de R$ 700 entre encomendas de tecidos, trabalhos de costureira e transporte. Fora as mais de três horas para colocar o adereço esticado cuidadosamente na fechada e fixo às janelas por cordas. De tão longa, uma parte da bandeira está presa no terraço, para que não encoste no chão.

A homenagem, segundo ela, mexeu com a vizinhança. "Muita gente se cativou. Alguns colocaram panos verde e branco no portão. Até um mendigo que mora rua veio me abraçar. Ele me disse que a tragédia fez todo mundo, independente da classe social, sentir a mesma dor", contou. O adereço ficou pronto no dia do pedido, 29 de novembro, e simbolizou uma homenagem tardia. Antes de todas as viagens a equipe passava em frente ao local no caminho ao aeroporto, porém no cortejo fúnebre para o enterro, no último 3, a bandeira recepcionou o elenco.

A decoração de Rosane está mantida por tempo indeterminado, graças à ajuda da família e dos funcionários. No caso do auditor da Receita Federal Danilo Toscan, o verde e branco começaram a ter destaque bem antes da tragédia. Logo do começo da disputa da Copa Sul-Americana, em agosto, ele fixou a bandeira na sacada. Com a vaga na final, decidiu acrescentar uma faixa: "Chape...Paixão do Brasil".

O acidente na ida na Colômbia, na viagem para a primeira partida da decisão, não lhe desanimou. "Coloquei umas faixas pretas, mas mantive o resto. Apesar do luto, vale a homenagem, para deixar vivo na memória o que time fez. A cidade agora já passa a retomar o fôlego depois da tristeza e relembrar os feitos da Chapecoense são excelentes", afirmou.

Pontos moeda