Olá,
Meu filho Petrus está perto de fazer 5 anos e, como bom representante da Geração Z, adora games de smartphones.
Tem um em especial que tem dominado a mente do pequeno nos últimos dias e tem feito com que ele peça para jogar cada vez que vê meu celular.
Começou a ficar ruim… A não querer falar com os avós no telefone porque queria jogar, a voltar da escola sem querer contar nada porque queria jogar, a chorar quando tinha de parar o jogo… Percebi que era hora de uma intervenção.
Quando me pediu para jogar, combinei que seriam 30 minutos e que o celular despertaria e então ele iria tomar banho. Já antecipei dizendo que isso seria sem reclamação e sem pedir “mais um pouquinho” já que 30 minutos são 30 minutos! Ele concordou.
Mas… ao final da meia hora, não queria parar o jogo. Desatou a chorar muito sentido e frustrado. Abracei o menino, coloquei-o no meu colo de frente pra mim e reconheci a razão dele: “Eu te entendo… Também me sinto assim às vezes, sabe?” (Afinal, eu também jogo alguns games no celular…) “Mas o jogo é muito envolvente.”
Ele: O que é envolvente, mamãe?
Eu: É algo que vai fazendo a gente sempre querer mais e mais.
Ele chorando muito: Eu queria que ninguém tivesse inventado os joguinhos…
Eu: Eu te entendo… Sabe, tem algumas coisas que dão prazer e, por isso, podem ser perigosas se não desenvolvermos o autocontrole, se não dissermos ‘ei, sou eu quem mando aqui’. Por exemplo: comer… é tão bom que algumas pessoas acabam ficando obesas por não conseguirem se controlar… ou comprar coisas… tem gente que tem compulsão por compras e aí fica endividado e sem dinheiro por não conseguir se controlar… o jogo também é assim… se a pessoa não tem autocontrole, não consegue dizer que quem decide é ela, o jogo é que comanda e a pessoa não faz mais nada além de jogar… não conversa com a família, não toma banho…
Ele: É muito difícil ter autocontrole. Eu não tenho… Tô triste… Ainda queria jogar…
Eu: Te entendo… Quer deitar um pouquinho comigo aqui na rede prá gente conversar mais?
Ele parando de chorar: Quero.
Eu: Isso, respire bem fundo… Isso, agora solte o ar… Mais uma vez…Isso…
Ele: Aquela estrela ali no céu é o Bisa Osvaldo? (Se você nos acompanha sabe do que se trata.)
Eu: É sim… Tem razão…
Ele: E aquela outra lá?
Eu: Deve ser o Bisa Paulo…
Ele: Eles estão brincando de pique-pega…
Eu: Hahaha é mesmo…
Quando percebi que ele estava bem, conduzi para o banho.
Foi tranquilo. Enxugou-se, trocou-se e, depois de um bom tempo, surpreendentemente, me disse: “Já não estou mais com vontade de jogar aquele joguinho.”
Eu: Ótimo! Parabéns! Você está desenvolvendo seu autocontrole. Assim poderá jogar sempre, pois saberá a hora de parar.
E, antes que me questionem, NÃO, isso não é colocar LIMITE, isso é retirar a possível LIMITAÇÃO que a falta de autocontrole traz, ou seja, a criança não para de jogar porque não quer, mas porque não consegue. Fazer algo porque não consegue deixar de fazer isso sim é LIMITE. O AUTOCONTROLE não nos deixa reféns, nos deixa livre e SEM LIMITES!
Espero que sirva para reflexão e, quem sabe, alguma inspiração!
Com amor,
Isa