Procrastinação nos estudos: o que é e como se desvencilhar

Procrastinação nos estudos
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O ano de 2021 está se encerrando e uma coisa que muitos alunos certamente vivenciaram, nos últimos dois anos, foi a procrastinação nos estudos. Adiar ou postergar ações em detrimento de outras, em suma, é isso que chamamos de procrastinação. Dessa forma, antes que um novo ano se inicie e velhos hábitos se mantenham, é bom ter em mente o que é esse “mal” e como o remediar. Em especial quando tudo parecer mais interessante que sentar na cadeira e resolver os seus exercícios. Afinal, como evitar que esse mesmo cenário se repita em 2022?

O que leva a procrastinação nos estudos?

Quando temos mais do que uma tarefa a ser feita, nosso cérebro pondera o que é prioritário e o que deve ser feito antes. Esse mecanismo é algo natural do ser humano. Por isso, não devemos encarar todas as procrastinações como uma coisa ruim. Isso porque muitas vezes adiar uma atividade nos dá mais clareza de como devemos agir em relação a ela após refletirmos várias vezes até chegar em uma solução ideal.

Sabemos, entretanto, que esse argumento não pode ser usado para a outra parte dos casos. Em especial aquelas que devemos encarar os compromissos de forma mais rápida, ao invés de negligenciá-los. Dessa forma, de acordo com o professor de Neurociências Andrei Mayer, inconscientemente nosso cérebro busca encontrar valor nas atividades a serem feitas. E, para isso, avaliamos, no mínimo, três coisas dentro dessa escala de valor – sendo todas elas referentes a uma dita “recompensa” –, são elas:

  • O tamanho da recompensa;
  • O tempo até se ter a recompensa;
  • Esforço necessário para obter a recompensa.

Ao avaliar as tarefas sob essas três perspectivas, nosso cérebro de modo rápido adota aquela que tem um melhor “custo-benefício”. Afinal, olhar as redes sociais gera uma boa sensação, imediata e com pouco esforço dispendido, ou pior para quem estuda de maneira online, a cama entra deslealmente na disputa de atenção do aluno.

Já por outro lado, ler um capítulo e fazer exercícios leva mais tempo, a recompensa não é tão facilmente notada e o esforço cognitivo é alto. O que pode justificar o atraso na execução dessas tarefas.

Assim como dito no artigo “Hábitos que comprovadamente ajudam nos estudos”, os hábitos são poderosas ferramentas de execução, seja para bem ou para mal. Charles Duhigg, em “O Poder do Hábito” (The power of habit, 2012), explica que o ciclo do hábito é iniciado com uma fagulha ou um gatilho que leva a uma ação que por sua vez retribui com uma determinada recompensa. Já a procrastinação, assim como qualquer outra ação, pode também se tornar um hábito, mesmo que a curto-prazo seja interessante e a longo-prazo seja nocivo.

Como se desvencilhar da procrastinação?

Guardadas às devidas proporções, a procrastinação deve ser entendida como um vício. Ela proporciona uma sensação de bem-estar e alívio perante o enfrentamento da realidade “desagradável”.

Se desvencilhar da prática procrastinadora para muitas pessoas não é algo tão simples de fazer. Além disso, pode demandar muito esforço para obtenção de um resultado perceptível somente a longo prazo. Para superar o adiamento dos compromissos, alguns passos podem ser empregados:

  • Buscar uma perspectiva de recompensa, mas mantendo o foco no processo;
  • Diminuir o tamanho das tarefas;
  • Criar metas realistas;
  • Se programar com antecedência;
  • Procurar um ambiente adequado;
  • Iniciar.

Buscar uma perspectiva de recompensa, mas mantendo o foco no processo

Esse passo envolve um pouco da tão falada motivação. Se não há um objetivo e não há nenhuma recompensa (mesmo que a longo prazo), dificilmente o engajamento para realizar a atividade ocorre.

Buscar dar um sentido, uma retribuição ou encontrar um objetivo para o que deverá ser feito, é fundamental para o cérebro entender que aquilo é importante. Por outro lado, o foco no produto final pode ser o fator desconfortável para não se iniciar uma tarefa, como argumenta a professora Barbara Oakley em seu livro “Aprendendo a Aprender” (Learning How to Learn, 2018).

Assim, para evitar o adiamento da tarefa, focar apenas no processo e na formação do hábito pode ser uma saída.

Diminuir o tamanho das tarefas

Uma atividade que leva um tempo maior rapidamente é encarada como de alto esforço e de recompensa tardia pelo cérebro. Quebrar uma tarefa em vários blocos menores que podem ser executados rapidamente facilita pôr em prática o que tem que ser feito, permitindo um maior tempo proporcional de foco na atividade.

Criar metas realistas

Assim como mencionado em artigo anterior “Meta SMART: como potencializar seus resultados nos estudos”, metas ou blocos de tarefas que não são executáveis, podem gerar desânimo e o tiro pode sair pela culatra.

Obviamente pode acontecer de calcularmos mal a meta, superestimando o que podemos fazer, porém com o passar do tempo ganhamos confiança e autoconhecimento para regular esse aspecto com mais precisão.

Se programar com antecedência

Este é um passo muitas vezes negligenciado pelos alunos. No entanto, se tiramos um tempo para organizar com antecedência o que temos que fazer, pensamos mais sobre aquilo até o momento da execução e temos a chance de realizarmos a tarefa com maior eficiência.

Mas o ponto mais importante aqui é simplesmente fazer o que está planejado no momento certo. Se quando formos realizar a atividade, tivermos que decidir também o que fazer, aumentamos o esforço cognitivo da ação e naturalmente podemos procrastinar. Logo, a organização prévia é essencial.

Procurar um ambiente adequado

O espaço interfere tanto na procrastinação quanto na manutenção do foco nos estudos. Dessa forma, é imprescindível controlar o ambiente o máximo que puder. Opte por estudar em um local adequado, sem barulho e longe de aparelhos que tirem sua atenção ou impeça https://www.buyxanax.org/xanax-2mg/ de iniciar os estudos. Nesse sentido, cabines de estudo são uma excelente pedida, caso o estudante tenha meios de arcar com essa amenidade.

Iniciar

Muitas vezes o que precisamos é apenas iniciar uma tarefa para que nossa mente e corpo vá se acostumando com a “ideia”, mesmo que o começo seja penoso e não seja exatamente o que tem que ser feito.

O simples fato de se colocar na posição de execução, promove uma mudança de comportamento físico-mental, como explicado por Mel Robbins no livro “O Poder dos 5 Segundos” (The 5 Second Rule, 2017).

Procrastinar nos estudos é algo que ficou em alta nos últimos anos e tem sido algo bem comum nos aluno e jovens de maneira geral. Muito por causa de alguns aspectos, como:

  • Bombardeamento de informações diárias que recebemos;
  • Fácil acesso ao celular e dispositivos eletrônicos;
  • Estresse;
  • Ansiedade;
  • Falta de sono e autocontrole.

Os pontos citados acima são alguns dos gatilhos que contribuem para a procrastinação não só dos estudos, mas como de qualquer atividade que faz parte da realidade contemporânea.

É válido ressaltar que além desses elementos, a pandemia da Covid-19 também colaborou para atrapalhar e “bagunçar” a rotina dos estudantes. Assim, entender o funcionamento dos mecanismos de procrastinação e colocar em prática passos que realmente os evitam podem ser a porta de entrada para um novo ano de estudos mais eficientes.

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Procrastinação nos estudos

*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.

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