Breves reflexões para a reta final das eleições municipais

Em sua edição de 20 de outubro, a conhecida revista britânica The Economist publicou uma interessante e instigante matéria sobre a relação entre governança local e desenvolvimento socioeconômico. A respectiva matéria ressaltou, a partir de modelos organizacionais de difícil transplantação, como essa mesma relação é fundamental para o bom andamento das vidas humanas. Guardadas todas as devidas proporções, creio que podemos refletir um pouco mais sobre essas questões nesta reta final das eleições municipais brasileiras.

Eleitos os vereadores e muitos prefeitos, chegamos ao último momento eleitoral de 2012. O segundo turno representa uma boa oportunidade para os eleitores refletirem mais sobre o futuro próximo de suas cidades. As pesquisas eleitorais apontam para certas preferências dos cidadãos, algumas cristalizadas e outras nem tanto. Surpresas sempre podem ocorrer.

Candidatos, por sua vez, correm atrás dos votos necessários que os levarão às prefeituras municipais. O eleitor-cidadão decide a partir das opções disponíveis. Há grupos na sociedade que clamam por uma reforma política profunda e democratizante, algo que poderia muito bem constar na agenda de debates pós-eleitorais. Nesta última hora, entretanto, conversas entre amigos e parentes ajudam a formar o juízo de valor e as preferências individuais. A propaganda dos candidatos também ajuda, é claro. Algumas questões poderiam constar nas breves reflexões dos eleitores nesta reta final:

O seu candidato está efetivamente preparado para administrar bem sua cidade?

Seu candidato possui experiência administrativa (histórico) ou está sendo apoiado por pessoas que o ajudariam a enfrentar os problemas do seu município?

Seu candidato promete mais do que pode entregar administrativamente?

As metas administrativas do seu candidato são atingíveis em quatro anos?

As respostas particulares são do eleitor-cidadão. Os desafios municipais a partir de 2013 serão muitos e as escolhas da hora são importantes para as nossas vidas nos próximos quatro anos. Desejamos realmente uma saúde pública municipal melhor? Queremos mesmo que as escolas públicas municipais funcionem com segurança, universalidade e qualidade para as nossas crianças? Esperamos efetivamente que sejam melhorados o transporte coletivo e a mobilidade urbana no município? Há outras questões que ainda poderiam ser abordadas.

Não acredito ser o processo eleitoral conduzido por questões exclusivamente racionais, porém penso que não devemos abrir mão de uma reflexão crítica, ainda que breve, neste momento. Afinal, aspectos relevantes das nossas vidas dependem em boa medida da qualidade da administração pública municipal. Boas condições de vida e de desenvolvimento humano são institucionalmente construídas pelas vias da política. Se esta mesma não tem estado à altura das expectativas brasileiras, a sociedade precisará resgatá-la do acanhamento em algum momento próximo.

Rodrigo L. Medeiros (D.Sc.) é membro da World Economics Association (WEA)

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