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VÍDEO | Pesquisadora capixaba da Fiocruz se emociona ao desabafar sobre atraso na vacinação no Brasil

A cientista não poupou críticas à inabilidade diplomática do governo federal em obter insumos para a produção de mais doses da vacina contra a covid-19

Foto: Reprodução/Facebook

Um desabafo feito pela cientista e pesquisadora capixaba da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, durante a entrega do Prêmio São Sebastião da Cultura, no Rio de Janeiro, viralizou nas redes sociais. Em seu discurso durante o evento, realizado na noite de terça-feira (19), a pneumologista não poupou críticas à inabilidade diplomática do governo federal em obter insumos para a produção de mais doses da vacina contra o novo coronavírus.

Com a voz embargada, Margareth Dalcolmo disse que havia acabado de receber a notícia de que o Brasil não receberia vacinas da Índia e da China, o que impactaria no cronograma de imunização do país. "O que pode justificar, neste momento, que o Brasil não tenha as vacinas disponíveis para sua população? Isso é absolutamente injustificável. Não há nada, nenhuma explicação, que possa justificar isso que acabamos de saber", protestou.

"Depois de termos feito um acordo de cooperação (para a produção da vacina AstraZeneca) e estabelecido, ponto a ponto, desde agosto do ano passado, que uma instituição pública como a Fundação Oswaldo Cruz tenha a sua linha de produção absolutamente pronta, toda a IFA, o insumo farmacêutico necessário, pronto e pago para chegar ao Brasil e que as missões diplomáticas tenham fracassado até esse ponto", completou a pesquisadora.

Veja o vídeo:

Atraso

Com o atraso na chegada dos insumos para a produção da vacina, a Fiocruz adiou de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca que serão produzidas no Brasil. A informação sobre a nova data está em ofício da Fiocruz encaminhado na terça-feira ao Ministério Público Federal (MPF). A mudança deve dificultar ainda mais a execução do plano nacional de imunização contra a covid-19, que já sofre com incertezas quanto à importação dos insumos para a produção da CoronaVac.

O MPF tem apurações abertas desde dezembro para acompanhamento das estratégias de vacinação contra a doença. No último dia 11, o órgão enviou ofício à presidência da Fiocruz com questionamentos sobre o cronograma de entrega tanto dos 2 milhões de doses prontas que serão importadas da Índia quanto do quantitativo que terá sua fabricação finalizada no Brasil pela Fiocruz, a partir da importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) de uma parceira da AstraZeneca na China.

>> Ministro fala em relação tranquila com China e importação encaminhada da Índia

No ofício de resposta, assinado pelo diretor do Instituto Biomanguinhos, Mauricio Zuma Medeiros, a Fiocruz informa que o primeiro lote do IFA tem chegada prevista para 23 de janeiro, "ainda aguardando confirmação", e que as primeiras doses produzidas com essa matéria-prima deverão ser entregues ao Ministério da Saúde somente no início de março.

A Fiocruz justifica ser necessário mais de um mês para o fornecimento das doses pois, além do tempo de produção do imunizante a partir do IFA, as doses fabricadas nacionalmente precisarão passar por testes de qualidade que demorarão quase 20 dias.

"Estima-se que as primeiras doses da vacina sejam disponibilizadas ao Ministério da Saúde em início de março de 2021, partindo da premissa de que o produto final e o IFA apresentarão resultados de controle de qualidade satisfatórios, inclusive pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde). Importa mencionar que o período de testes, relativos ao controle de qualidade, está estimado em 17 dias, contados da finalização da respectiva etapa produtiva, acrescidos de mais 2 dias de análise pelo INCQS", disse a Fiocruz no ofício.

Com informações do Estadão Conteúdo


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