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Covid-19: ES vai mudar regras para classificação de risco nas cidades e planeja mais restrições

Estado já soma 6.660 óbitos e 340.936 casos confirmados do novo coronavírus

Foto: Reprodução
Mapa de Risco apresentado na última semana sofrerá muitas alterações nesta sexta-feira (12)

O crescimento no número de casos, internações e óbitos causados pela covid-19 fará com que o governo do Espírito Santo mude regras para a classificação dos municípios no Mapa de Risco e deve anunciar mais restrições. A informação foi confirmada pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e pelo subsecretário em Vigilância de Saúde, Luiz Carlos Reblin durante entrevista coletiva, realizada na manhã desta sexta-feira (12).

O secretário afirmou que o governo do estado desenvolveu um conjunto grande de debates correspondentes a adotar medidas necessárias para o enfrentamento do momento atual. Segundo ele, na nova matriz de risco, que será divulgada na tarde desta sexta-feira, pelo govenador Renato Casagrande, diversos municípios irão alcançar o risco alto e, praticamente, não haverá cidades em risco baixo.

Reblin explicou que as medidas mais extremas já estão previstas na estratégia do mapa de risco, "Se chegar um momento que a situação da saúde se torne mais difícil, as medidas, automaticamente, já entram em vigor. Desde quando adotamos a estratégia do mapa de risco elas já estão definidas e serão apenas ajustadas", afirmou.

Foto: sesa

Nésio Fernandes lembrou que as medidas extremas podem ser aplicadas quando houver o gatilho de 90% de leitos de UTI ocupados. Ele ainda destacou que mais 40 leitos de UTI serão inaugurados na próxima semana no hospital Dório Silva. 

De acordo com o secretário, nas próximas semanas há a tendência de crescimento nos casos, internações e óbitos. Dependendo da evolução da doença, a possibilidade de medidas mais extremas não é descartada no Espírito Santo. "A previsão que nos leva a poder tomar medidas capazes de evitar que cheguemos a situação de colapso. O Espírito Santo não descarta a questão de medidas extremas pelo lockdown. Entendemos que a medida não pode ser tomada tardia e nem muito precoce. No momento oportuno, o governo não hesitará de tomar medidas ao momento crítico que vivemos. É preciso que toda sociedade se mobilize para que isso não ocorra".

Na avaliação da pandemia no Espírito Santo, Nésio Fernandes disse que o estado vive uma nova fase de aceleração da curva de casos, internações e óbitos. Ele afirmou que vivemos uma semana epidemiológica com aumento significativo de óbitos. Segundo ele, "o governo do estado não hesitará medidas proporcionais capazes de responder ao aumento de casos no estado". 

Sobre o colapso em estados vizinhos, ele afirmou que isso pode afetar a capacidade de internação no Espírito Santo, pois já foram identificados atendimentos na rede privada, devido aos planos de saúde. Segundo o secretário, há casos de pacientes do Nordeste, Norte e Sudeste. Para ele, este é um reflexo da situação crítica em outros lugares do Brasil.

O secretário afirmou que ainda há 21 pacientes internados no estados, de Amazonas, Rondônia e Santa Catarina. Devido à taxa de ocupação atual dos leitos de UTI para covid, foi suspensa a vinda de novos pacientes para o Espírito Santo. 

"Nesta semana alcançamos a taxa de ocupação de leitos hospitalares maior do que aquela observada em 5 de julho do ano passado. Essa ocupação não representa um aumento crítico equivalente ao que vivemos naquele momento, quando tínhamos um tempo médio de permanência na UTI de 8 a 9 dias. Neste momento, os pacientes com a mesma característica clínica estão durando, em média, 12 dias de internação nas UTIs. Esse eumento faça que a mesma quantidade de leitos seja utilizada por menos pacientes ao longo do mês. Por isso, este aumento não corresponde ao mesmo momento crítico que tivemos ao longo da primeira expansão da doença", disse o secretário.

"Diante de um cenário de não adesão e não coesão social, podemos viver uma situação no Espírito Santo de que não existam leitos para todos", afirma o secretário, que disse não haver risco de desabastecimento de insumos para tratamento no estado.

Nésio Fernandes explicou que na projeção realizada da expansão para 900 leitos de UTI para abril, ainda não é considerada a quantidade de leitos comprados da rede privada. "Ainda podemos comprar leitos privados numa proporção que foi comprada na primeira expansão da doença em nosso estado".

No sábado (13), a Secretaria de Estado da Saúde vai publicar uma portaria de recomendação para que todas as cirurgias eletivas não essenciais sejam suspensas na rede privada do Espírito Santo. "A rede precisa garantir o acesso a todos os segurados do plano de Saúde e poder ofertar leitos à rede pública de Saúde. As cirurgias no Estado já foram suspensas e algumas foram mantidas, mas vamos suspender agora também".

Nésio voltou a reforçar os cuidados que devem ser tomados pela população para evitar o contágio. Ele ainda destacou que muitas pessoas estão buscando testes diretamente nas farmácias e até se automedicando quando há sintomas suspeitos da covid-19 com medicamentos que não produzem efeitos positivos no tratamento. 

Reblin destacou que a curva de crescimento acompanha o que, historicamente, ocorre neste período, quando há um aumento nos casos de doenças respiratórias no Espírito Santo. Agora, serão incluso os casos de covid-19. "Não podemos naturalizar a doença, bater no peito e dizer 'a mim, ela não causa nenhum dano'. Pode não causar a você, mas pode ser com alguém próximo. Precisamos ter medo da doença", afirmou.

Sobre as novas variantes, Fernandes disse que não há novas comunicações por parte da Fiocruz, mas reforça o que já foi dito em outras ocasiões: "não temos uma nova doença. Temos variações do mesmo vírus que tem suas formas de transmissão conhecidas e medidas de tratamento já identificadas"

Veja a coletiva completa:

Segundo o secretário, o perfil dos pacientes internados no Espírito Santo mantém o perfil do ano passado. "Há um predomínio no estado de pacientes com mais de 60 anos e com comorbidades. Há tendência que ao longo do mês de abril, isso mude, com relação a vacinação, como já foi observado em outros lugares do Brasil", disse.

Nésio Fernandes destacou que a chegada de novos lotes da vacina contra a covid-19 no Espírito Santo é de responsabilidade do Ministério da Saúde. Ele afima que houve algumas 'frustações' que fizeram com que a expectativa de iniciar a vacinação para a faixa etária de 60 anos em março também fosse frustada. "Entendemos que ao longo do mes de abril devemos iniciar essa faixa etária e o estado continuará perseguindo a compra de doses complementares para antecipar o processo de vacinação. Nossa meta é sim comprar as doses na indústria para alcançar a imunização da população acima de 30 anos ainda neste semestre. No entanto, a negociação com a indústria se dá em termos complexos, em situações geopolíticas, disponibilidade e procedimentos de compra", explicou.

"O Espírito Santo tem estabelecido, preferencialmente, uma negociação direta com a indústria. De maneira que qualquer aquisição realizada possa ter a garantia de recebimento, produção, armazenamento e transporte da vacina", afirmou.

Luiz Carlos Reblin falou sobre a suspensão do uso da AstraZeneca. Ele afirmou que não há nenhuma comunicação oficial do Ministério da Saúde. "Com relação a efeitos colaterais, precisamos compreender que todas as vacinas que usamos no programa nacional, elas tem a possibilidade de causar algum tipo de reação a quem toma a vacina. Na grande maioria, são sintomas leves, que todos nós estamos habituados. A mesma questão ocorre com a vacina que usamos agora, que produz efeitos leves", explicou.

Ele ainda disse que há um setor da secretaria que investiga todos estes efeitos e afirmou que a maioria das reações são leves, mas as que precisam de uma análise maior, são realizados exames para verificar se a causa é, de fato, a aplicação da vacina.

Fura-fila

Nésio Fernandes: "Estamos preparando a consolidação dos casos já levantados até o momento, as investigações daquilo que foi descartado de casos que não observaram a ordem de vacinação. Agora, na segunda quinzena do mês, iremos apresentar à população um consolidado das auditorias abertas pelo Estado e iremos ter todas as medidas que serão aplicadas aos mesmos, dentro da vigência das respectivas normas.

Falta de leitos

Nésio Fernandes: "Há medidas mais restritivas, como as adotadas em outros estados, sendo estudadas. Alertamos a constatação que pode faltar leitos caso não ocorra umalto grau de disciplina social e a gente não consiga romper a cadeia de transmissão. As medidas mais restritivas deverão ser anunciadas hoje na reunião da sala de situação"

Hospital de Campanha

Nésio Fernandes: "Nós vamos abrir o Hospital Materno Infantil da Serra com mais de 150 leitos, sendo 20 de UTI e 133 de enfermaria. Podemos chegar a 1500 leitos de UTIs dedicados a todas as doenças no nosso estado, sendo que pelo menos 900 serão dedicados à covid-19. Nós não temos dificuldade com os leitos de enfermaria. Estamos adotando estratégias em algumas unidades, como tendas aclopadas em aguns hospitais, como o caso do Roberto Silvares, em São Mateus."

Compra de vacinas

Nésio Fernandes: "Temos estabelecido um diálogo com a Federação da Indústria sobre a análise da compra de vacinas. Entendemos que, neste momento, o mais adequado é que o estado faça a compra de R$ 200 milhões em vacinas para que consigamos vacinar todos os grupos prioritários e alcançar a faixa etária de 30 anos, de maneira que a rede privada estaria desobrigada da doação completa das doses à rede de saúde.

Casos no Espírito Santo

As informações mais recentes do Painel Covid-19 apontam que, em 24 horas, o Espírito Santo registrou 1882 novos casos e 18 mortes. Ao todo, o estado já soma 6.660 óbitos e 340.936 casos confirmados.


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