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Por falha em equipamento, Vila Velha perde 547 doses de vacina após resultado de análise

Doses da Oxford/Astrazeneca e da Coronavac estavam armazenadas na rede de frio em unidade de saúde de Vila Batista; prefeitura culpa gestão passada

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O resultado da análise de eficácia das 547 doses das vacinas contra a covid-19, que estavam armazenadas na rede de frios de uma unidade de saúde em Vila Batista, Vila Velha, revelou que os imunizantes perderam a eficácia e serão descartados.

No dia 12 de fevereiro, o município informou à Secretaria Estadual da Saúde sobre uma alteração na temperatura da rede de frios da unidade, o que poderia ter comprometido a qualidade das doses. Os imunizantes foram enviados para análise da Fiocruz, que comprovou a inutilização de todas as doses da Coronavac e da Astrazeneca/Oxford, que estavam na unidade de saúde.

Na noite desta quinta-feira (19), a Secretaria de Saúde de Vila Velha informou que foi realizada uma perícia na câmara fria da unidade que apontou falha mecânica no equipamento, causada por um entupimento na tubulação que impediu a circulação do fluído refrigerante.

Uma auditoria feita pelo município identificou que o equipamento não possuía sistema de alerta de alta de temperatura. A prefeitura diz que a empresa prestadora de serviço solicitou à gestão passada a inclusão do sistema, o que não teria sido feito.

Em nota enviada ao Jornal Online Folha Vitória, a atual gestão da Secretaria de Saúde de Vila Velha destacou que no período de transição entre governos, o órgão solicitou informações sobre a estrutura da rede de frio municipal, mas não conseguiu acesso à documentação. 

A atual gestão do município de Vila Velha informou que a documentação obtida por meio da perícia, será enviada ao Ministério Público e à Polícia Civil para uma possível investigação de condutas omissas e negligentes. 

O outro lado

O Folha Vitória procurou o ex-prefeito de Vila Velha Max Filho para comentar o assunto. "Fui prefeito até 31 de dezembro de 2020, quando ainda não existiam vacinas contra a covid-19 no Brasil; deixei um sistema de saúde muito melhor estruturado do que o que recebi, inclusive com câmaras de frios novas, próprias para o armazenamento de vacinas; lamentável que a gestão que aí está queira transferir responsabilidades, não assumindo erro crasso (perda de vacinas tão preciosas), cometido durante a atual campanha de vacinação contra o novo coronavírus. Por óbvio, quem responde pelos atos praticados a partir de janeiro deste ano é a atual administração."

Novos refrigeradores

A Secretaria Municipal de Saúde informou que abriu processo de licitação para compra de novos refrigeradores, com tecnologia de alerta sonoro e comunicação integrada em tempo real com responsáveis pela rede de frio. 

"Além de estar em avançada negociação para compra de grande lote de vacina que permitirá vacinação em massa, em Vila Velha. Cláusulas contratuais impedem a divulgação de informações detalhadas da transação e entrega dos imunizantes", afirmou o município. 

Foto: Reprodução
Vacinas também passaram por análise em Rio Bananal após prédio ficar sem energia no Carnaval

Defensoria pede substituição

Por conta da perda dos imunizantes em Vila velha, Linhares e também o risco de perda em Rio Bananal, quando uma criança desligou a energia do posto onde as vacinas estavam armazenadas, a Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo recomendou que as geladeiras domésticas e equipamentos similares utilizados para o armazenamento das vacinas sejam substituídos por câmaras refrigeradas. 

No total, o órgão informou ter constatado a perda de mais de 330 doses de vacina provocadas por incidentes, além das 547 doses de Vila Velha.

Ainda segundo a recomendação, os municípios devem realizar acompanhamento diário das temperaturas de armazenamento das vacinas, adquirir geradores de energia, e informar às empresas de energia  a localização especifica dos prédios públicos em que se encontram armazenados os imunizantes, além da vigilância patrimonial 24 horas para atuação imediata diante de qualquer intercorrência que possa colocar em risco o plano de imunização.

Prazo

A defensoria determinou que os municípios têm o prazo de dez dias para que seja elaborado um plano, com datas determinadas, para enfrentamento e efetivação das medidas apontadas, e 60 dias para a efetivação integral de todas as diligências.



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