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'Ficamos mais de uma hora lutando para salvá-lo', diz empresário sobre morte de surfista em Guarapari

O pastor Robson Silva, de 53 anos, praticava o esporte preferido quando teve um mal-súbito em praia de Guarapari, no Espírito Santo

Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução redes sociais

"Foi um sufoco danado. Conseguimos tirá-lo da água, depois de uns 10 a 15 minutos de muito esforço. Não desistimos em nenhum segundo. Ficamos por mais de uma hora lutando por ele o tempo todo."  O relato é do empresário e bodyboarder Célio Cavalcante, que foi quem percebeu o momento em que o pastor, empresário e atleta Robson Silva, 53, estava passando mal enquanto surfava. 

Apesar das tentativas de reanimação, Robson acabou morrendo. A tragédia aconteceu na manhã desta quinta-feira (15), na Praia de Setibão, em Guarapari.

Conhecido como Baião, ele era um dos principais nomes do surfe capixaba no início dos anos 80. Há cinco anos, Robson realizava um acompanhamento médico, após sofrer uma parada cardíaca e possuía algumas restrições quanto à prática do esporte.

Na quinta-feira (15), várias pessoas aproveitavam a maré cheia para a prática de esportes. Dentre os que surfavam, estavam a vítima e o bodyboarder, mas os dois estavam distantes entre si. 

"Quando eu olhei para o outside, que é o fundo, eu reparei que ele estava com a cabeça dentro da água, em posição meio que em pé. Eu achei que ele estava amarrando a bermuda, pois estava boiando e a prancha ao lado, bem colada nele. É a posição normal do surfista. Eu virei para o outro lado e depois de um minuto, mais ou menos, eu olhei de novo e ele estava na mesma posição. Com isso, já fui pra cima dele, prevendo que ele estava passando alguma dificuldade", contou Célio.

O bodyboarder relatou que, ao alcançar Robson, tirou a cabeça dele de dentro da água e começou a levá-lo para a areia. "Estava bem difícil, pois tinha uma corrente muito forte e ondas grandes. Eu estava sozinho, tentando colocá-lo na prancha, me equilibrar e remar. Foi um sufoco danado. Eu fiquei tentando fazer a cabeça dele ficar fora da água", relatou.

Durante o salvamento, Célio contou que outras pessoas perceberam o que acontecia e tentaram ajudar. Apesar da agitação do mar e das dificuldades, eles conseguiram levar Robson para a areia, acionaram o socorro e iniciaram procedimentos para reanimação. 

"Umas duas pessoas, que tinham mais conhecimento, começaram a fazer massagem cardíaca nele o tempo todo. Ele expeliu muita água. Pelo que percebemos, ele ainda estava com pulso. Ele saiu da água vivo."

Célio ainda contou que os surfistas, inclusive alguns que trabalham como salva-vidas, se revezavam para manter a massagem cardíaca até a chegada do Samu. Ele contou que foi cerca de 1h30 de revezamento para tentar salvar o pastor.

"O Samu usou o desfibrilador para tentar recuperá-lo, mas dois minutos depois o médico já declarou óbito", relatou.

Apesar de conhecer o trabalho de Robson, Célio contou que não reconheceu a vítima no momento do salvamento. Soube apenas depois de quem se tratava. "Como o Robson criou o Surfistas de Cristo, ele é bem conhecido, mas na hora não reconheci. Só fui saber depois que o tirei da água", afirmou.

Atleta do surfe

Foto: Reprodução Facebook

Conhecido como Robson Baião, ele era um dos principais nomes do surfe capixaba no início dos anos 80. Além disso, foi o fundador do Seminário Surfistas de Cristo (SDC). Segundo o amigo, Glaucio Chequetto, Baião foi um atleta de excelência e maior destaque do município no esporte. 

“Sem dúvidas, foi o mais talentoso de Guarapari. Só não foi ainda mais longe porque, na época, o surfe não era um esporte com tanto apoio e estrutura como acontece hoje”, confessou o amigo.

No início dos anos 80, Chequetto foi um dos principais rivais de Robson Baião no surfe, mas fora do mar, a relação entre os dois era de muita amizade. “Nós competimos na primeira final do campeonato estadual de surfe em que os dois atletas que disputavam o prêmio eram de Guarapari. E ele ganhou. Era um atleta de alto nível, dedicado, responsável e muito querido por todos que o conheciam”, lembrou.

Ele também lembrou que o apelido “Baião”, surgiu de um movimento que costumava fazer com as mãos durante o surfe, que lembrava um instrumento musical característico do forro de baião. 

“Quase ninguém sabe essa história e talvez nem ele lembrava mais, mas o apelido veio de um amigo em comum que disse que ele fazia um movimento com a mão, que parecia que estava tocando uma zabumba. Daí começou a chamar de Baião como uma brincadeira até para perturbar, mas ele gostou, comprou a brincadeira e assumiu o nome. Hoje as pessoas acham até que o sobrenome dele era Baião”, contou o amigo.

Robson Baião fundou, em Guarapari, o Seminário Surfistas de Cristo, há 30 anos. Algum tempo depois, também fundou uma clínica odontológica. 

*Com informações de Gislan Vitalino, do Folha da Cidade - Guarapari


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