CORONAVÍRUS

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Moradora da Serra usa corda para fazer doações e manter o isolamento durante a pandemia

Método foi o encontrado pela aposentada Arinda Silva, de 76 anos, para continuar ajudando quem mais precisa sem precisar sair de casa

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Além do número assustador de mortes diárias e do colapso no sistema de saúde no Brasil, a pandemia do novo coronavírus tem sido responsável pelo desemprego e pelo empobrecimento de milhares de famílias. Diante dessa situação não são poucos os que têm se mobilizado para conseguir doações para os mais necessitados.

A necessidade de se manter em casa para reduzir a circulação do vírus poderia ser um empecilho para quem se prontifica a ajudar os mais prejudicados pela crise. Entretanto, sempre há uma forma de manter a solidariedade sem quebrar o isolamento. E foi isso que fez a professora aposentada Arinda Rosa da Silva, de 76 anos, moradora de Nova Almeida, na Serra.

Uma cordinha improvisada na varanda de casa — mais precisamente, o cordão de um roupão — foi a maneira que a aposentada encontrou para seguir ajudando quem entra em contato com ela para pedir socorro. Por meio do objeto, dona Arinda recolhe os mantimentos que recebe de quem pode contribuir e os envia para quem realmente precisa.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A ideia, segundo a aposentada, surgiu da necessidade que ela tem de ajudar as pessoas que a procuram. Dona Arinda, que já trabalhou por mais de 20 anos como voluntária na Ação Solidária Adventista (ASA), um departamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) voltado a ajudar a comunidade com mantimentos, conta que a busca por doações, principalmente de alimentos, aumentou durante a pandemia. 

"Sempre gostei de fazer esse tipo de trabalho, de ajudar as pessoas. E, durante a pandemia, percebi que muita gente ficou desempregada. Muitas mães ficaram sem condições de criar suas crianças. Até que um dia eu tive essa ideia, de receber e entregar as doações por meio de uma cordinha que eu tinha. Como ela machucava minha mão, acabei trocando por um cinto de roupão, feito de tecido. Foi a forma que encontrei de continuar ajudando", contou.

Entre os produtos doados estão roupas, lençóis, fraldas descartáveis para pessoas enfermas e, principalmente, alimentos. Além de realizar doações a quem entra em contato para pedir ajuda, a aposentada oferece comida para pessoas humildes que passam em frente à sua casa. 

"Às vezes as pessoas precisam de comida pronta. Então eu preparo pães em minha casa e os ofereço a quem passa em frente e eu vejo que está precisando. Se a pessoa aceitar, eu desço o pão pela corda, em uma sacolinha devidamente higienizada", frisou.

Segundo dona Arinda, a colaboração de pessoas que têm condições de ajudar é fundamental para que ela continue realizando as doações. "Quando recebo o pedido de alguma doação já sei até a quem recorrer. Essa ajuda é fundamental. A gente tem visto muitas pessoas passando necessidade, sem emprego. Gosto de ajudar para também incentivar mais pessoas a fazerem o mesmo. Daqui a pouco não estarei mais aqui, mas o trabalho tem que continuar".

Enquanto ajuda quem mais precisa, a aposentada mantém o confinamento em casa. Após a aplicação da primeira dose da vacina contra o coronavírus, no mês passado, dona Arinda não vê a hora de receber logo a segunda dose, o que deve ocorrer no próximo dia 13. Enquanto isso, continua seguindo à risca os cuidados para evitar a infecção pela covid-19.

"Não saio de casa para nada. Também não tenho recebido meus filhos. Quando eles vêm, ficam na parte de baixo. Meu contato com eles é só pela cordinha também", brincou.


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