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Ifes vai doar três cães-guias para auxiliar rotina de deficientes visuais

Serão beneficiadas pessoas com deficiência visual que residam na Grande Vitória ou em um raio de até 120 quilômetros de Alegre, cidade onde os cães recebem o treinamento

O Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) vai repassar a três pessoas com deficiência visual cães-guias para auxiliá-los em suas rotinas diárias. Os interessados em pleitear os animais precisam preencher até a próxima quinta-feira (10) o Cadastro Regional Sudeste, disponível no site do Ifes.

Serão beneficiadas pessoas com deficiência visual que residam na Grande Vitória ou em um raio de até 120 quilômetros de Alegre, cidade onde os cães recebem o treinamento. Além disso, é necessário ter mais de 18 anos ou de 16 anos, caso seja independente e tenha capacidade para exercer os atos da vida civil no momento da convocação para as etapas de seleção.

O curso de treinamento e instrução de cães-guias é feito por alunos do Campus de Alegre, único campus com pessoas habilitadas para realizar o treinamento em toda a região Sudeste.

"Cada cão demora dois anos para ficar pronto durante o treinamento. Nesse período, ele passa um tempo com uma família socializadora, que faz um trabalho voluntário, e depois faz um treinamento com os alunos aqui do campus, que levam o cão para a rua. Depois disso, a gente avalia se ele está apto para ir para o deficiente visual", revelou Maria Aparecida Zaché, professora de Treinamento e Instrução de Cães-Guia.

Após a escolha da pessoa contemplada com o cão, mediante processo seletivo, acontece a última parte do treinamento, quando o deficiente visual passa três semanas treinando com o cão em Alegre. Por fim, na última semana, o cão e o instrutor passam uma semana acompanhando a rotina da pessoa, para que o animal se adapte as atividades que fará acompanhando a pessoa.

Rotina agitada

De acordo com o aviso da chamada pública, "o Cadastro Regional não estabelece uma fila ou ordem de classificação que determine alguma preferência entre os inscritos. A escolha do candidato será determinada pela compatibilidade com o cão a ser avaliada por profissionais do Ifes".

Além disso, é necessário que os interessados em ficar com os cães tenham boa orientação e mobilidade, e uma uma rotina com atividades que necessitem a utilização do cão - casos de pessoas que trabalham fora, estudam e realizam outras atividades diárias.

Outros cães

De acordo com Maria, quatro outros cães treinados no Instituto já foram repassados para deficientes visuais: dois foram encaminhados para pessoas em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro; uma em Manhuaçu, em Minas Gerais; e outro para uma pessoa que reside na Serra, na Grande Vitória.

Daniela afirma que vida mudou completamente após chegada de Paco

Moradora da Serra, a estudante Daniela Costa recebeu o Paco em junho do ano passado e, segundo ela, desde então sua vida sofreu grandes transformações. "Minha vida mudou completamente, posso dizer que tenho outra vida agora. Com o Paco, consigo fazer coisas que eu tinha dificuldades, como ir no shopping sozinha, sair...Hoje em dia, qualquer coisa que eu quero fazer, eu pego o Paco e faço", explica Daniela, que demorou seis anos para receber o animal - desde o período em que se inscreveu no cadastro geral até se tornar oficialmente a dona do Paco.

Uma das maiores dificuldades que a estudante enfrenta atualmente, no entanto, não é causada pelo cão e sim pelas pessoas que passam por ela durante seu percurso. "Quando ele está trabalhando, ele anda com uma placa "cãozinho em serviço, não toque", mas as pessoas não respeitam. Elas querem mexer, querem assoviar e toda vez que elas fazem isso ele desconcentra e acaba parando", comenta.

Vaquinha

Como o treinamento e o custeio desses animais até que sejam repassados as pessoas com deficiência visual são caros, na faixa de R$ 30 mil por animal, uma estudante capixaba resolveu realizar uma vaquina online para arrecadar fundos para ajudar os institutos brasileiros de cães-guias.

Moradora de Guaraná, distrito de Aracruz, Marcela Pandolfi comecçou a campanha no início deste ano e até agora já arrecadou cerca de R$ 40 mil. Deficiente visual e na fila para conseguir um cão-guia, ela se surpreendeu com o valor arrecadado e já definiu para qual organização vai doar o valor arrecadado.

"Geralmente, quem faz esse treinamento com os cães são organizações não-governamentais (ONG's) que precisam de doação das pessoas e, por isso, iniciei a vaquinha em janeiro. Coloquei a meta de R$ 5 mil, mas consegui rápido o valor e fui aumentando o objetivo", disse Marcela, que completou:

"A minha intenção é fazer a doação para o Instituto Íris, em São Paulo, que treina cães-guias e também traz animais de fora do Brasil para receberem o treinamento", finaliza.

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