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Rompimento da barragem de Barão de Cocais, caso aconteça, pode atingir o Rio Doce

Informação foi confirmada pela própria Vale, mineradora que atua na região. Secretaria de Meio Ambiente do Espírito Santo já está monitorando a situação

Foto: Record TV Minas!

Caso a barragem de Barão de Cocais, em Minas Gerais, se rompa, possibilidade alertada pela própria Vale, que opera na região, a Bacia do Rio Doce pode entrar na rota da onda de rejeitos provocada pelo acidente.

Segundo a previsão da mineradora, o talude da mina de Gongo Soco, que fica a 1,5 quilômetro da barragem, pode sofrer deslizamento entre este domingo (19) e o próximo dia 25. O temor é que a movimentação de terra provoque abalo sísmico que provoque o rompimento da barragem.

De acordo com a Vale, os rejeitos podem chegar ao Rio São João, Rio Conceição, e Rio Santa Bárbara, que são afluentes do Rio Piracicaba e Rio Doce.

A situação está sendo acompanhada de perto pela Secretaria estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), que está monitorando as ações dos órgãos de controle mineiros e da Vale.

Com relação a possibilidade dos rejeitos atingirem a bacia do rio Doce, segundo a Seama, "ainda é prematuro a afirmação pois depende de vários fatores, principalmente do volume desse rejeito, que segundo os órgãos mineiros de controle é bem inferior aos de Brumadinho".

A distância do barramento até o rio Doce também seria um obstáculo importante, essa distância é de aproximadamente 200 km. No trajeto possível dos rejeitos, ainda existem duas outras barragens de produção de energia elétrica que poderiam contribuir para o impedimento do possível fluxo até o rio Doce.

"É importante esclarecer que procedimentos preventivos de contenção e de retiradas da população, que seria impactada, já estão sendo providenciadas pelo Estado vizinho", destaca a secretaria, em nota.

A Vale, em nota disse que "continua atuando juntamente com os órgãos públicos no esclarecimento da população de Barão de Cocais". A empresa não informou os motivos que podem ter levado o talude da mina de Gongo Soco a poder deslizar, provocando o abalo sísmico.

Contenção da lama

A Vale iniciou obras para erguer um muro e tentar conter a lama da barragem da mineradora em Barão de Cocais (MG) caso a estrutura se rompa. A empresa afirma ter começado na última quinta-feira, 16, a terraplenagem para a "construção da contenção em concreto". As obras estão sendo feitas a seis quilômetros da barragem, entre a estrutura e a cidade de Barão de Cocais.

A barragem da Vale no município, chamada Superior Sul, teve declarado nível de segurança 3 em 22 de março, depois de auditores se negarem a emitir laudo de estabilidade para a estrutura. O status significa que a represa pode ruir a qualquer momento. Menos de dois meses depois, no último dia 13, a mineradora informou as autoridades que o talude da mina de Gongo Soco, que fica a 1,5 quilômetro da barragem, corre risco de sofrer deslizamento.

Caso isso ocorra, existe a possibilidade de que a queda do material provoque abalo sísmico com intensidade suficiente para provocar o rompimento da estrutura.

"Além dessa estrutura que, após concluída, fará a retenção de grande parte do volume de rejeitos da barragem Sul Superior em caso de rompimento, a Vale está realizando intervenções de terraplenagem, contenções com telas metálicas e posicionamento de blocos de granito. Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita", diz a empresa, em nota.

O texto afirma ainda que "o objetivo é reduzir os possíveis impactos às pessoas e ao meio ambiente no cenário extremo de um rompimento da estrutura. Em função da intervenção, haverá um aumento na circulação de caminhões e equipamentos pela cidade com destino à mina de Gongo Soco, o que poderá causar eventuais transtornos ao trânsito".

A construção do muro foi admitida pela Defesa Civil de Minas Gerais durante reunião preparatória para o primeiro simulado de rompimento de barragem, ocorrido em Barão de Cocais em 25 de março. À época, porém, a empresa não confirmou que realizaria a obra. Conforme informações obtidas pelo Ministério Público junto à Vale, o talude da mina de Gongo Soco pode sofrer deslizamento entre hoje, 19, e o próximo dia 25.

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