VACINAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO

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Mais de 280 mil pessoas não tomaram a segunda dose contra a covid-19 no Espírito Santo

Dados são da plataforma Localiza SUS, do Ministério da Saúde, e leva em consideração todos os imunizantes utilizados na vacinação no estado

Foto: Claudio Postay/Prefeitura de Cariacica

Mais de 280 mil pessoas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a covid-19 no Espírito Santo. Os dados são da plataforma Localiza SUS, do Ministério da Saúde, que apontam que um total de 282.589 capixabas acima de 60 anos ainda não receberam a segunda aplicação do imunizante. 

Atualmente, a vacinação contra o coronavírus no Espírito Santo vem sendo conduzida com as vacinas da Astrazeneca, Pfizer e com a Coronavac, do Instituto Butantan. Esta última ainda não tem previsão para voltar a ser enviada pelo Ministério da Saúde ao Espírito Santo, o que deixa apreensivos os cerca de 50 mil capixabas que estão com a segunda dose da Coronavac atrasada, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Quem vive esse drama é a aposentada Ely Maria da Silva Onofre, de 74 anos. Ela deveria ter tomado a segunda dose da vacina do Instituto Butantan em abril, mas ainda não sabe quando vai conseguir ser finalmente imunizada. "O problema é que eu não estou conseguindo cadastrar para tomar a segunda dose. Aí hoje já está completando dois meses [da aplicação da primeira dose]", lamentou.

O doutor em imunologia Daniel Gomes destaca que a situação do Espírito Santo, quanto à dificuldade de conseguir a vacina contra a covid-19, é semelhante à observada no restante do país. "O Espírito Santo tem índices muito semelhantes aos índices nacionais. Infelizmente a gente está à mercê e à espera dessas doses para que a gente, de fato, possa acelerar", destacou.

No ranking da vacinação, o Espírito Santo é o terceiro estado que mais aplicou a primeira dose na população. Ao todo foram aplicadas 937.252 doses como D1, o que representa 30,3% da população. No entanto, quando se inclui a segunda dose, o estado cai para a 12ª colocação, com 12,8% da população imunizada — 396.782 doses aplicadas como D2.

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A diferença entre a primeira e a segunda dose também leva em consideração outros fatores, além da falta de vacina, como aquelas pessoas que ainda estão dentro prazo, as que esqueceram ou até mesmo quem não tomou a segunda dose por iniciativa própria.

Entre tantas incertezas, dona Ely queria saber uma resposta: "O tempo vai passando, vai passando... Será que quando eu tomar a segunda dose ela vai fazer o mesmo efeito?", questionou.

Uma pergunta que, por enquanto, nem a ciência sabe responder. "A gente pode dizer que sim, pode dizer que não, mas sem comprovação científica, isso é mera especulação. A gente precisa de testes, precisaria ter dados de testes científicos que mostrem que, de fato, essa alteração no protocolo não vai impactar na capacidade de proteção da vacina", frisou Daniel Gomes.

No dia 21 de março, o Ministério da Saúde mudou a orientação, para que todas as doses em estoque fossem utilizadas para imunizar mais gente. Os estados utilizaram, então, a reserva técnica, que garantia a segunda dose de quem havia tomado a primeira. A expectativa era de que mais vacinas chegassem. 

No entanto, elas não vieram e muita gente que tomou a primeira está agora sem a segunda. "Estou preocupada. Tem hora que eu acho até que eu não vou conseguir", afirmou a aposentada.

Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV 

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