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Motorista que matou jovem em acidente na Darly Santos teria se envolvido em fraude em outra colisão

Wagner Nunes teria colidido com um taxi, em 2015, após sair de uma festa e um colega assumiu a culpa

Foto: Reprodução

O motorista acusado de ter provocado o acidente que matou a jovem Amanda Marques, de 20 anos, na rodovia Darly Santos, em Vila Velha, é acusado de ter envolvimento em uma fraude relacionado a outro acidente, ocorrido em 2015. Um homem assumiu a responsabilidade por uma colisão em um táxi que teria sido provocada por Wagner Nunes de Paulo, de 28 anos. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A 4ª Vara Criminal de Vila Velha recebeu a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo sobre o acidente envolvendo Amanda e o namorado Matheus Silva, de 23 anos. O motorista irá responder por homicídio e por tentativa de homicídio, ambos por dolo eventual, pela morte de Amanda. Além disso, ele também é acusado de dirigir sob efeito de bebida alcoólica. 

O casal estava junto há um ano. Na noite do dia 17 de abril, eles voltavam para casa em uma motocicleta quando foram atingidos pelo carro dirigido por Wagner. A TV Vitória/Record TV teve acesso, com exclusividade, ao processo do caso. 

Os documentos foram apresentados pelo advogado da família de Amanda, Fábio Marçal. De acordo com o processo, existe uma ocorrência de trânsito do ano de 2015 que pode ter ocorrido uma fraude. Uma pessoa teria assumido a responsabilidade após Wagner bater o carro em um táxi que estava parado. Na ocasião, ele ainda teria tentado fugir do local, mas foi cercado por testemunhas. 

Por meio do advogado, a equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV também teve acesso a conversa que Wagner teve com o homem que, na época do acidente, teria assumido a culpa.

Em setembro de 2018, três anos após a colisão, o rapaz entrou em contato com Wagner por meio de mensagens. O homem escreveu: "Então mano, lembra daquela bronca que assumi em seu lugar, em 2015? Então, chegou para mim a suspensão da carteira". 

Ao continuar a conversa, o rapaz afirma que precisa fazer a reciclagem para recuperar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). "O curso eu já fiz uma vez e é a distância. Sai por R$ 400 e a taxa da prova é R$ 90. Aí queria ver contigo", continuou. 

O homem explica que não poderia pagar porque será pai. Wagner, então, responde: "Então, meu brother. Acho que arquei com muita coisa, não acha? Paguei multa de R$ 2 mil, conserto do carro de R$ 2 mil também e ainda respondo por ameaça, sendo que quem ameaçou o taxista foi você. Então acho que sem condições, né!? Eu arcar, né!?". 

O rapaz retrucou a reposta de Wagner e negou que teria feito ameaças. "Deve tá de sacanagem, né!? Eu não ameacei ninguém". Ele continua: "Mais que certo você pagar a multa, afinal, quem estava dirigindo?".

Ao responder, Wagner assumi que estava dirigindo o carro no acidente que ocorreu em 2015. "Então filho, já paguei a multa afinal eu estava dirigindo". No desenrolar da conversa, os dois discutem e cada um apresenta o seu ponto de vista. 

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Seis anos depois do primeiro acidente, Wagner se envolveu em outra colisão. Desta vez, o acidente resultou na morte de Amanda. Câmeras de videomonitoramento registraram o momento da batida. 

Nas imagens divulgadas pouco mais de um mês após o ocorrido, é possível ver o momento em que a motocicleta em que Amanda e o namorado Matheus estavam passa pela rodovia. Em seguida, o carro de Wagner se aproxima e colide com a moto. A jovem morreu na hora do acidente.

Por telefone, o homem que assumiu a culpa pelo acidente ocorrido em 2015 revelou que foi ele quem procurou os familiares de Amanda para denunciar a fraude. 

"Quatro dias após o acidente, saiu uma reportagem em que tinha um trecho da defesa falando que aquilo tinha sido um acidente, que ele nunca tinha se envolvido em acidente, nunca tinha dirigido embriagado. Eu vi aquilo como uma inverdade. Quis dizer a verdade para que a vida dessa menina não saísse em pune", afirmou

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O rapaz contou que, no acidente de 2015, ele, Wagner e outro conhecido saíram para ir a uma festa regada a muita bebida. Quando deixaram o local, não demorou para a batida acontecer.

"Fomos para boate, ficamos lá, bebemos vodca, whisky, ficamos a noite toda. Quando foi por volta de 5h, a gente foi embora. Entramos no carro, Wagner no volante, eu estava no banco traseiro e o outro amigo nosso estava no carona. Cerca de uns 700 metros a frente, próximo um ponto de táxi em Itaparica (Vila Velha), a gente passando em alta velocidade, do nada ouvimos um barulho. Quando a gente foi ver, ele tinha batido em um táxi parado. Ele ainda tentou sair em fuga, mas um outro taxista foi atrás."

O homem revela, ainda, que Wagner teria ficado nervoso com o corrido e, por isso, ele resolveu assumir a responsabilidade. Ele contou que na época os dois não eram amigos íntimos. 

"Ele estava muito nervoso. A mãe dele não costumava emprestar o carro para ele. Na época, eu nem sabia que ela era policial civil. Ele é muito desemperrado. O taxista chegou a apontar ele como o motorista, mas eu peguei e assumi. Eu conheci ele por amigo, mas não éramos muito próximos". 

O rapaz trouxe a história a público a fim de resolver suas pendências com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e com a Justiça. "Em 2018, foi lançado um processo administrativo para suspender minha carteira. Eu ainda estou respondendo o processo. Fiz o primeiro recurso, onde informei o ocorrido inicial e estou esperando", disse. 

O advogado que defende a família de Amanda também apresentou fotos de redes sociais que mostram Wagner se divertindo com amigos no dia do acidente que tirou a vida da jovem. 

"No relatório da investigação da Delegacia de Trânsito, eles conseguiram identificar essas fotos em uma rede social que demonstra que, no dia dos fatos, ele estava com a mesma roupa da noite anterior, o que demonstra que desde a noite até o momento do acidente ele estava em uma festa, usando bebida alcoólica. Inclusive, os policiais conseguiram identificar um possível cigarro de maconha na mão dele", declarou. 

Foto: Reprodução
Imagem mostra que Wagner usava, no momento do acidente, a mesma roupa que estava em uma festa

Fábio Marçal está em constante contato com a família da jovem e afirma que todos estão revoltados. Na análise do processo, segundo o advogado, existe várias suspeitas a serem investigadas e apuradas pela polícia. "Segundo informações que ainda estão sendo levantadas, ele estava em Santa Rita comprando drogas. Ele estava voltando quando ocorreu o acidente", revelou.

De acordo com uma testemunha do acidente que matou Amanda, Wagner dirigia em alta velocidade. A mulher contou que chegou a ver o estado do corpo de Amanda após o forte impacto da batida. "Ela estava com uma fratura no joelho, no pescoço. O capacete dela voou longe". 

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O padrasto da vítima disse que o motorista apresentava sinais de embriaguez e que tentou fugir do local do crime. "Os indícios eram de cerveja, eles estava com a pupilas muito dilatadas. Cheiro forte"

Matheus, o companheiro de Amanda foi socorrido e levado para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência. Ele teve diversas fraturas pelo corpo e recebeu alta dez dias após o acidente. 

Segundo a Polícia Civil, o motorista suspeito de provocar o acidente se recusou a realizar o teste do bafômetro. Ele foi levado para a Delegacia Regional de Vila Velha e foi preso em flagrante.

A reportagem procurou o advogado Ramon Coelho Almeida, responsável pela defesa de Wagner Nunes de Paulo, mas ele ainda não se manifestou sobre o caso.

*Com informações do repórter Douglas Camargo, da TV Vitória/Record TV.

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