Geral

Caminhoneiros do ES anunciam paralisação em protesto contra reajuste do diesel

Esse foi o primeiro anúncio de paralisação entre caminhoneiros do Brasil depois que a Petrobras anunciou um novo reajuste de 8,87% no preço do diesel nas refinarias

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Agência Brasil

Caminhoneiros autônomos do Espírito Santo devem iniciar uma paralisação a partir das 0h01 desta quarta-feira (11), em protesto contra contra o reajuste do preço do diesel, anunciado pela Petrobras na segunda-feira (9).

Em comunicado divulgado neste terça-feira (10), o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Espírito Santo (Sindicam-ES) anunciou o início da greve e afirmou que "a situação dos autônomos ficou insustentável" com o reajuste no valor do combustível. 

“O Sindicam/ES, ACA e a Coopercolog, juntamente com os representantes dos caçambeiros, apoiam esse movimento. Entendemos que a situação dos autônomos ficou insustentável depois de tantos reajustes, seja no preço do diesel ou dos insumos que compõem o dia a dia do caminhoneiro”, diz um trecho do comunicado, assinado pelo presidente do Sindicam-ES, Álvaro Ferreira.

Foto: Reprodução

Esse foi o primeiro anúncio de paralisação entre caminhoneiros do Brasil depois que a Petrobras anunciou um novo reajuste de 8,87% no preço do diesel nas refinarias.

De acordo com a empresa, o preço do litro do combustível no atacado passa de R$ 4,51 para R$ 4,91, um aumento de R$ 0,40, a partir desta terça-feira (10). O preço final nas bombas, no entanto, ainda é incerto.

O anúncio aconteceu quase dois meses após a estatal alterar o preço do diesel pela última vez. Esse também foi o primeiro aumento da gestão de José Mauro Coelho à frente da Petrobras — ele assumiu a empresa no último dia 14. 

Com o reajuste, o combustível acumula alta de 52,53% em 12 meses, conforme o IPCA-15. Já os preços de gasolina e do GLP permanecem inalterados, segundo a estatal.

Secretários se reunirão com presidente do Senado

Para tentar encontrar alternativas para amenizar os altos preços dos combustíveis para a população brasileira, os secretários estaduais da Fazenda agendaram, para a próxima quinta-feira (12), em Brasília, uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD). 

Foto: Divulgação/ Sefaz
Secretário da Fazenda do Estado, Marcelo Altoé, confirmou presença na reunião

O secretário estadual da Fazenda do Espírito Santo, Marcelo Altoé, já confirmou presença no encontro. A expectativa é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, que acumula o cargo de presidente do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), também participe da reunião.

No encontro deverá ser discutida, mais uma vez, uma possível redução na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel. Pacheco vem pressionado para que os secretários revejam o cálculo utilizado para a aplicação do imposto.

Uma lei aprovada pelo Congresso Nacional obrigou a definição de um valor único do ICMS em todo país, mas os Estados conseguiram contornar a norma, definindo um valor único elevado e dando autonomia para cada unidade da federação definir descontos.

Último reajuste no diesel aconteceu em março

A Petrobras justificou o aumento do preço do diesel, ressaltando que o último reajuste ocorreu há dois meses, em 11 de março, quando "refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado".

"Esta decisão observou tanto o desalinhamento nos preços quanto a elevada volatilidade no mercado", afirmou a empresa, em nota. "Desde aquela data, a Petrobras manteve os seus preços de diesel e gasolina inalterados e reduziu os preços de GLP, observando a dinâmica de mercado de cada produto", completou.

Foto: Divulgação

A petroleira aponta que, no momento, há uma redução na oferta de diesel, que pressiona os preços globalmente. "Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras. Esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta", frisou.

As refinarias da petroleira operavam com utilização de 93% da capacidade instalada no início de maio, "considerando as condições adequadas de segurança e de rentabilidade", ou seja, perto do nível máximo, mas ainda aquém da demanda doméstica.

"Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores. Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado", argumentou a Petrobras.

Na nota, a Petrobras informou ainda que "reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo".

A empresa citou como exemplo variações apenas circunstanciais nos preços do petróleo e na taxa de câmbio. O comunicado lembra ainda que a política de reajustes "está em conformidade com os parâmetros legais e o ambiente de livre competição que vigora no Brasil há mais de vinte anos, de acordo com a Lei 9478/97 Lei do Petróleo". 

"Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 4,06, em média, para R$ 4,42 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,36 por litro. Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado", informou.

LEIA TAMBÉM:
>> Petrobras reajusta diesel e governo avalia ampliar subsídio a combustível
>> Aumento do diesel deve pressionar inflação de outros setores, avaliam especialistas
>> Para Fecombustíveis, reajuste do diesel foi 'absolutamente necessário'
>> Defasagem do diesel cai para 17% após aumento, abaixo dos 19% da gasolina

* Com informações do Estadão Conteúdo

Pontos moeda