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Aglomerações na Grande Vitória podem prejudicar queda nos indicadores da covid do ES

No último fim de semana, 14 estabelecimentos foram fechados em Vitória por não respeitaram as normas sanitárias

Foto: TV Vitória

Cenas de completo desrespeito foram registradas na Grande Vitória neste último fim de semana. Enquanto parte da população faz sacrifícios para manter o distanciamento social, outra parcela insiste em desrespeitar as regras, aglomerar e não se proteger.

Decisões irresponsáveis tomadas por uns, que refletem em um problema ainda mais grave e demorado para todo mundo. 

O descumprimento das normas de segurança podem trazer mais força ao vírus e, consequentemente, prejudicar o controle da pandemia.

Para o médico intensivista Otílio Canuto, que luta tanto contra o vírus, o sentimento diante desse tipo de comportamento é de frustração.

"A gente priva de estar com os nossos, para tratar pessoas doentes e quando a gente vê uma aglomeração dessas a gente já imagina que esses pacientes vão começar a chegar para a gente e essa pandemia nunca vai acabar, ou pelo menos vai demorar demais acabar porque nossa vacinação ainda é lenta, então a gente se sente frustrado", destacou.

O médico também apontou que as consequências dessas aglomerações serão sentidas em breve.

 "É uma bola de neve. A gente vai tratando os doentes, mas as pessoas não entendem a gravidade e continuam disseminando a doença", disse.

Exemplo a ser seguido

Para quem insiste em aglomerar, não acredita nos prejuízos dessa prática ou simplesmente não gosta de respeitar o distanciamento social, uma família de um condomínio em Vitória está isolada desde o início da pandemia.

Completamente isolados socialmente, os seis membros da família não vão para lugar nenhum e nem recebem visitas em casa. Só saem do apartamento para questões de extrema necessidade.

A família abriu uma exceção para a equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV, mas antes de entrar, todo o protocolo foi seguido, desde passar álcool nas mãos até deixar os sapatos no lado de fora da residência.

"Além do meu esposo sair diariamente para o trabalho, a única pessoa que sai uma vez por semana sou eu, sempre acompanhada de um dos meninos que já são maiores de idade, apenas para repor nossa dispensa no supermercado e nada mais", explicou a professora Adriani de Souza Teixeira.

O único momento em que houve uma reunião social na pandemia foi no aniversário de 7 anos da filha mais nova e, mesmo assim, teve regras e limites.

"'Eu me virei nos 30', chamei quatro coleguinhas, eles foram testados, a gente se reuniu debaixo do prédio, por ser um local aberto, com disponibilidade de álcool em gel e somente esses quatro coleguinhas e a nossa família. Ela ficou feliz com esse parabéns e conseguiu compreender o que estava acontecendo", disse a professora.

Punições

Enquanto a precaução faz parte da vida de uns, para outros a aglomeração segue fazendo parte da rotina. Para as prefeituras, isso não é falta de fiscalização. Em Vitória, só neste último fim de semana, 14 estabelecimentos tiveram as atividades suspensas.

"Neste último final de semana, 55 estabelecimentos comerciais foram vistoriados e no sábado, 41 tiveram a fiscalização da prefeitura, sendo que 14 tiveram a atividade paralisada por estar descumprindo as normas sanitárias", afirmou o secretário de desenvolvimento de Vitória, Marcelo de Oliveira.

Mapa de risco 

De acordo com o diretor do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira, apesar da média móvel de mortes por covid-19 apresentar queda no Espírito Santo, relaxar nos cuidados pode ser prejudicial.

"Essas aglomerações que ocorrem, elas podem comprometer essa tendência de redução dos indicadores da pandemia no nosso Estado. Se isso acontecer, o cenário que a gente está migrando agora para um risco moderado/baixo nos municípios, a gente pode voltar a ter cidades com risco alto", apontou.

Nesta segunda-feira (14), o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, repudiou as aglomerações e lembrou do risco que essa prática pode trazer. Ele ainda alertou para a possibilidade de novas medidas de restrição.

"Não são aceitáveis que neste momento sejam realizadas festas clandestinas, show, eventos, principalmente em uma população que não foi alcançada pela vacinação. Nós precisamos ter uma compreensão clara de que a pandemia não acabou e que toda e qualquer infração poderá custar vida de um ente querido, além de novas medidas de restrições sociais e econômicas", salientou o secretário.

* Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.

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