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Aluno que foi amarrado em cadeira na sala de aula será acompanhado por psicólogo

A mãe da criança, que preferiu não se identificar, disse que o filho está traumatizado com a situação e com medo de voltar para a escola

Foto: Reprodução

O estudante de 12 anos que teve o pé amarrado dentro da sala de aula em uma escola municipal do bairro Tabuazeiro, em Vitória, vai ter acompanhamento psicológico para retornar para a sala de aula. A Secretaria de Educação do município afirmou que está prestando assistência à família.

De acordo com a secretária de Educação da capital, Juliana Rohsner, uma equipe já está sendo preparada para amparar e atender o aluno antes e durante o retorno para a escola.

"O aluno precisa ser acolhido, até por conta da exposição e da proporção que o caso tomou. A escola já teve uma conversa com a mãe e ela disse que o filho quer voltar para a aula. Estamos em contato com o Cras para que ele seja atendido com uma equipe, com psicólogo. Já atuamos para que ele volte para a sala de aula", disse.

Juliana esclareceu que o afastamento do professor responsável pelo ato foi realizado imediatamente após a apuração prévia dos fatos. Agora, o caso foi entregue na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e na corregedoria para investigação.

"No primeiro momento, fizemos um afastamento cautelar do professor. São 30 dias que, de forma imediata, a secretaria de Educação pode fazer. No mesmo dia, encaminhamos para a corregedoria e para a DPCA para averiguar os fatos. Tivemos esse entendimento de que é um fato isolado no magistério e isso não representa a categoria".

De acordo com a secretária, apesar do transtorno apresentado pelo aluno não se encaixar nos critérios para o atendimento especial em sala de aula, todos os professores da rede municipal de educação são preparados para atender as necessidades de cada estudante.

"Fizemos todo o trabalho junto com a família e junto com a escola. Importante ressaltar que a prefeitura repudia qualquer tipo de violência. Vitoria é referência no trabalho de educação especial. Todos os professores de Vitória tem uma assessoria para se preparar para casos como estes". 

Mãe quer processar professor

A mãe do menino afirmou que pretende acionar a Justiça contra o professor que teria prendido o menino. Segundo a mãe, uma promotora de vendas que preferiu não se identificar, o garoto, que estuda no 6º ano do ensino fundamental, ainda está muito abalado com o que aconteceu.

Em entrevista à equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV, na tarde desta quinta-feira (17), a mulher disse que já está tomando as devidas providências para acionar o professor na Justiça.

"Tem algumas pessoas que já estão me ajudando. Eu quero processá-lo, porque todo mundo está vendo meu filho amarrado. Ele está sofrendo bullying e não quer participar do mesmo grupo que ele participa na escola, com medo dos colegas rirem dele. Então, eu vou procurar os meus direitos", afirmou.

Foto: Waslley Leite/TV Vitória

O vídeo, que mostra um dos pés do menino amarrado ao pé da carteira escolar, foi feito por um colega de turma. A mãe conta que ficou sabendo do caso quando chegou em casa e viu o celular do filho.

"Ele chegou em casa, botou o celular para carregar e viu o vídeo que as crianças postaram, num grupo que eles fizeram", relatou.

"O meu filho relata que ele (o professor) gritava sempre com ele para sentar. Desta vez ele falou: 'eu vou amarrar seus pés'. E foi lá e amarrou os pés dele. Só que ele não teve reação e ficou sentado. Acabou a aula, ele cortou e tirou do pé dele. Quando ele chegou em casa, eu vi o vídeo dele com o pé amarrado", acrescentou.

De posse do vídeo, a mãe entrou em contato com a escola. "Liguei para a diretora, mas ela estava afastada. Aí meu marido passou para a pedagoga e ela me atendeu. Contei o caso para ela, mandei o vídeo e ela falou que ia tomar as providências", contou.

"Meu marido foi na escola, só que não tinha ninguém. Só tinha duas professoras, que pediram para voltar na segunda. Na segunda ele voltou, fizeram a reunião e o professor pediu desculpas ao meu filho e disse que ia tratar ele melhor. Só que eu não quero que ele trate meu filho melhor. Eu quero que ele não seja mais professor de uma escola infantil, que ele não pode dar aula para uma criança. Ele amarrou os pés dele para punir", completou.

A mulher relatou ainda que o filho tem déficit de atenção e que faz acompanhamento médico, mas que é uma criança normal.

"Fiquei muito triste, chorei. É um filho. Você botar para fora uma criança e criar do seu jeito, e vir outro e querer bater, amarrar, é muito triste. Ele é uma criança maravilhosa, não tem problemas com ninguém. Ele não é doido. Ele toma sim um remédio à noite porque ele tem déficit de atenção, e também toma um de manhã, para memória. Mas é um menino exemplar na escola", afirmou.

Menino está traumatizado

Segundo ela, diante do que aconteceu, o menino está traumatizado. "Meu filho está assustado, está com medo de ir para a escola, está com medo do professor. Ele está traumatizado, como a gente também não está legal. A gente também está traumatizado por ter visto o vídeo. É muito triste você ver o pé do seu filho amarrado, se eu sei que na sua casa você não faz isso".

Além disso, o garoto passou a ter dificuldade para dormir e, depois de um ano, voltou a tomar uma medicação para ajudá-lo a descansar à noite.

"Ele sempre tomou, mas já tem um ano que ele não toma mais. Aí na segunda-feira eu fui na pediatra, ela passou de novo, porque ele estava levantando várias vezes, com medo, que era o professor que estava vindo. Aí ele voltou a tomar a medicação para dormir, para ter um sono melhor".

A mãe do menino agora espera que o professor, que já foi afastado preventivamente pela Secretaria Municipal de Educação de Vitória, seja devidamente punido pelo que fez.

"Eu nunca fiz isso com meus filhos. Para mim ele é um monstro. Já tive muitos relatos de outras mães, de crianças que relataram e ninguém teve coragem de chegar na direção e contar. Eu sinto muita raiva dele. Para mim não tem desculpa o que ele fez. Como professor, ele tem que educar. Ele não educou o meu filho. Ele quis punir".

A Polícia Civil informou que o caso segue sob investigação da DPCA e que, para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada.

O Folha Vitória também tentou, mas não conseguiu contato com o professor envolvido no caso, para saber a versão dele, mas não obteve retorno. 

Conselho Tutelar

A reportagem do Folha Vitória entrou em contato com a coordenadora do Conselho Tutelar de Vitória, na região de Maruípe, Rosenita Pereira. Ela contou que o conselho recebeu a denúncia sobre o caso na última segunda-feira (14), feita pela Secretaria Municipal de Educação.

Segundo a coordenadora, o conselho tutelar entrará em contato com a família do menino na semana que vem, para prestar o apoio que for preciso.

Ainda de acordo com Rosenita Pereira, o professor envolvido no episódio está na rede municipal de Vitória há 15 anos e não possui nenhum histórico de má conduta.

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