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Morte em tirolesa: nova perícia é realizada no Morro do Moreno

O acidente completa um mês nesta terça-feira; a irmã do engenheiro que morreu no acidente diz que a família ainda aguarda um posicionamento sobre o ocorrido

Iures Wagmaker , Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

A morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis, de 47 anos, ocorrida após um acidente na tirolesa no Morro do Moreno, em Vila Velha, completa um mês nesta terça-feira (1º) e muitos detalhes ainda não foram esclarecidos. O fato aconteceu no dia 1º de maio, enquanto ele passeava com a filha e uma amiga no local. 

Na tarde de segunda-feira (31), uma nova perícia foi realizada no local, com acompanhamento da equipe da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, que investiga o caso. O equipamento continua interditado e, até o momento, não há detidos, de acordo com informações da Polícia Civil.

Família pede por justiça

A representante comercial Juliana Reis, irmã de João Paulo, afirma que a família ainda aguarda um posicionamento sobre o ocorrido. Ela conta que todos continuam abalados com a morte e pede que tudo seja esclarecido.

"As investigações estão acontecendo e a gente ainda não tem nenhuma posição sobre o que aconteceu. A família toda está muito desolada, não temos palavras para dizer o que estamos sentindo. Foi uma vida que se perdeu e nada vai trazê-lo de volta. Só esperamos que seja revelada a verdade sobre o que aconteceu. E se realmente houver culpados, que eles sejam punidos conforme a lei", afirmou.

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Vistorias

Foto: Crea ES

Além Polícia Civil, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizou vistorias para apuração dos fatos. Nos dias seguintes ao acidente, o engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Giuliano Basttiti, responsável pelo acompanhamento do caso, descreveu que o local é de difícil acesso e explicou o mecanismo de todo o trajeto da tirolesa.

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Segundo ele, há dois lances com duas bases. A primeira base é a inicial, na qual a pessoa coloca os equipamentos e faz a partida. Ela tem 100 metros de comprimento até a segunda base e, toda a velocidade, é controlada pelo instrutor que fica na base, ou seja, de forma manual.

Já no segundo lance, que pega a segunda e terceira base (destino final), a velocidade é controlada pelo sistema de frenagem automática. A velocidade média é de 35 km por hora e são 400 metros de extensão.

Bombeiros investigados

Dois cabos do Corpo de Bombeiros Militar, que são sócios da empresa responsável pela tirolesa no Morro do Moreno, estão sendo investigados pela corporação. A corporação confirmou que dois cabos fazem parte do negócio.

A Corregedoria do Corpo de Bombeiros vai instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar para apurar a condutas dos militares. Segundo a corporação, não há prazo para divulgação do resultado.

O Corpo de Bombeiros esclareceu ainda que a Lei Estadual nº 3.196 permite que os militares desempenhem atividade empresarial, desde que seja como sócio cotista, o que é compatível com a atividade deles na empresa responsável pela tirolesa.

Cena alterada

Durante a cobertura dos primeiros dias após o acidente, a TV Vitória/Record TV, apurou que o local do acidente teria sido alterado pelos responsáveis, que retiraram os equipamentos do corpo da vítima antes da chegada da polícia. A informação foi obtida junto aos bombeiros. Além disso, o capacete utilizado por Reis também não foi encontrado. Segundo policiais militares, o cabo se negou a apresentar o equipamento que havia retirado. Eles prestaram depoimento no Departamento de Polícia Judiciária de Vila Velha e foram liberados.

Na época, o Corpo de Bombeiros, por meio de nota, esclareceu que o militar sócio do empreendimento não estava a serviço no momento do acidente e que sua conduta seria apurada no inquérito policial a ser instaurado pela Polícia Civil, responsável pela apuração das causas do acidente. 

Donos da empresa se manifestam

Dois dias após o acidente, um dos donos da empresa responsável pela tirolesa do Morro do Moreno se pronunciou pela primeira vez. O empresário Alex Magnago e a advogada, Lucinéia Vinco, concederam uma entrevista para a TV Vitória/Record TV.

A empresa é composta por três sócios, que buscam entender o que de fato aconteceu para provocar o acidente. "Da mesma forma que a família quer informações, nós também. É lastimável, é uma vida, um pai de família, a mesma coisa que eles querem nós também queremos. Tivemos milhares de descida nesses dois anos de funcionamento", disse Alex Magno.

Após o acidente, o Corpo de Bombeiros esteve no local e uma perícia da Polícia Civil foi realizada. No primeiro momento, a informação era que o freio da tirolesa poderia não ter funcionado. Mas o sócio explicou como funciona o sistema onde João Paulo morreu. Segundo ele, é um rapel guiado, com um o sistema de freios semelhante ao do rapel.

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Passeio em família

O engenheiro decidiu passar o feriado do Dia do Trabalho junto com a filha de 14 anos e uma amiga dela. Testemunhas disseram para o Corpo de Bombeiros que as duas adolescentes desceram a tirolesa antes do engenheiro e que, só mais tarde, souberam o que havia acontecido.

A vítima trabalhava como despachante junto a Polícia Federal e ao Exército. Ele era casado e deixa dois filhos: além da adolescente de 14 anos, um menino de 8.

Vídeo gravado antes do acidente

Um vídeo gravado minutos antes do acidente que matou o engenheiro mostra os últimos momentos da vítima. As imagens, registradas por ele, mostram a descida das duas jovens que o acompanhavam no passeio, a filha e uma amiga.

Durante a gravação, enquanto uma das meninas se preparava para descer, João Paulo questiona ao instrutor se haveria risco da tirolesa 'ir direto'. O funcionário diz que isso é "impossível", explicando o funcionamento do sistema. "Aqui quem freia sou eu. No outro tem (sistema de freio). Está tranquilo", afirmou.

Licença ambiental

Procurada, a Prefeitura de Vila Velha afirmou que o local é privado e os responsáveis devem ser questionados sobre operação no local e as condições do equipamento, instalado em área particular. Segundo o órgão, a tirolesa possui licença ambiental para funcionar e que esta é a única de responsabilidade do Município.

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