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Com poucos habitantes a mais, ES tem quase 70 vezes mais mortes por coronavírus que o Uruguai

Desde o início da pandemia, o país vizinho contabilizou 977 casos de covid-19 e 29 mortes. Estado já registrou 61,3 mil infectados e 1,9 mil óbitos

Foto: Reprodução

Com uma população de aproximadamente 4 milhões de pessoas, o Espírito Santo tem poucos habitantes a mais que o Uruguai, que conta com uma população aproximada de 3,8 milhões. No entanto, o número de mortes decorrentes da covid-19 no estado é quase 68 vezes maior do que no país vizinho. Já o número de infectados com o novo coronavírus é 62 maior no Espírito Santo.

Localizado na fronteira sul do Brasil, o Uruguai se destaca entre os países da América Latina, no combate ao coronavírus, e enfrenta uma situação bem diferente da vivida por aqui. Desde o início da pandemia, o país vizinho contabilizou 977 casos de covid-19 e 29 mortes. 

Já o Espírito Santo, de acordo com dados do Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), atualizados nesta sexta-feira (10), tem 1.967 óbitos provocados pela doença e 61.361 pessoas infectadas.

"O Uruguai fechou as fronteiras muito rápido, quando ele tinha menos de 200 casos e não tinha nenhuma morte. O Brasil demorou um pouco para fechar as fronteiras, e fechou quando já tinha em torno de 4 mil casos. O Estado não tem como, sozinho, decretar esses fechamentos", ressaltou a epidemiologista Ethel Maciel.

Durante coletiva de imprensa, realizada nesta sexta-feira, o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que o avanço da pandemia no Espírito Santo também é consequência da disputa entre partidos políticos do país.

"Nós temos o caso exemplar na América do Sul, onde, por exemplo, o Uruguai conseguiu unificar líderes da direita, líderes da esquerda, opositores na construção de consensos de unidades em torno do enfrentamento da pandemia. O mesmo na Argentina. No entanto, esses países conseguiram adotar medidas de distanciamento social mais radicais. Também conseguiram, na verdade, fazer o que nós fizemos no Espírito Santo no início da pandemia, com aquele distanciamento social mais radical", destacou o secretário.

O tamanho do território do Uruguai, que é cinco vezes maior do que o Espírito Santo, também favorece o distanciamento social. De acordo com o médico infectologista Edmilson Migowsky, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado também contribui para o enfrentamento à pandemia.

"O IDH do Uruguai também é superior ao IDH do Espírito Santo. Então essas coisas acabam impactando na letalidade. Eu costumo dizer, sem medo de errar, que o maior problema de saúde da população brasileira é a falta de educação para a saúde", ressaltou o infectologista.

Isolamento social

As fronteiras do Uruguai permanecem fechadas, apesar de ser o único país da América Latina na lista de nações cujos habitantes estão autorizados a entrar na União Europeia e também nos Estados Unidos. Em junho, as aulas presenciais foram retomadas nas escolas e universidades do país. No entanto, o isolamento social entre os moradores continua.

É o que conta o chef de cozinha Gustavo Henrique de Souza, capixaba da Serra, mas que mora há 4 anos em uma cidadezinha do litoral do Uruguai, localizada a cerca de 300 quilômetros da capital Montevideo.

"Não vejo mais pessoas nas ruas como eu via antes. Por exemplo, eu não vejo mais uma família saindo com seu filho, dando uma volta na praia. Eu não vejo mais uma senhorinha indo caminhar. Eu não vejo mais essa rotina"

A disseminação do novo coronavírus obrigou Gustavo a buscar outras formas de trabalhar. "Geralmente eu ia até a casa das pessoas para cozinhar para elas, como chef privado, e agora realmente estou afastado disso", disse.

Ele conta que, com a redução da clientela, passou a ministrar cursos pela internet e vem dando aulas de culinária sem sair do apartamento.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV 

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