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Especialista aponta que contar histórias estimula a alfabetização

O desafio de orientar e interagir aumenta de acordo com diversos fatores, como a fase de ensino em que a criança está e as condições socioeconômicas de cada família.

Foto: Divulgação/Pixabay

Por conta da pandemia do novo coronavírus, às escolas permanecem fechadas e as famílias tiveram que fazer adaptações para dar continuidade ao ensino das crianças de maneira remota. O desafio de orientar e interagir aumenta de acordo com diversos fatores, como a fase de ensino em que a criança está e as condições socioeconômicas de cada família. Os mais pobres sequer têm recursos que possibilitam o acesso às aulas.

Para  o ex-diretor da faculdade de educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professor titular aposentado da instituição, Sérgio Leite, no início do processo é essencial que os pais entrem em contato com a escola para prosseguir em harmonia com o projeto de ensino que já estava sendo desenvolvido presencialmente.

Ele orienta, que os pais, conversem com a coordenação da escola de seus filhos para fazer algo na direção pedagógica da escola, senão tudo fica muito confuso. "Os pais devem ter uma ideia de como os filhos estão sendo alfabetizados", pondera.

Ensino lúdico facilita aprendizado

De acordo com Sérgio, é ilusão achar que a sociedade está vivenciando uma experiência de ensino a distância durante a quarentena, pois esse modelo requer mais tempo de planejamento e diretrizes bem estabelecidas. "Ninguém está fazendo EaD, o que as pessoas estão fazendo são atividades não presenciais tipo online", afirma.

Nesse contexto, um cronograma igual ao do ambiente escolar é impraticável. "Não é porque [a criança] tem 4 horas de aula na escola que ela deve ficar 4 horas em frente ao computador. Eles já se desconcentram na sala de aula, então é muito complicado querer que fiquem o tempo inteiro vendo uma tela", analisa.

O especialista em psicologia educacional enfatiza que o papel dos pais é acompanhar o que está sendo feito e tirar dúvidas, embora ele reconheça que fazer um acompanhamento diário é inviável para pais que precisam trabalhar fora mesmo em meio à pandemia e muitos alunos sequer têm computador ou internet para acessar as aulas. "O ensino em casa deve ser feito de maneira tranquila, amorosa e afetiva. Não transforme esse estudo em uma atividade pesarosa. A criança aprende melhor numa condição lúdica", aconselha.

Contar histórias e brincar de escolinha

Foto: Reprodução

Em um contexto de boa infraestrutura, Sérgio pontua que a situação é mais desafiadora para pais que têm filhos entre 3 e 4 anos de idade, que ainda não estavam sendo alfabetizados na escola. Nesse caso, o importante é possibilitar alguma forma de contato com a escrita. A narração de histórias - escritas ou orais - é o primeiro caminho a ser seguido para atingir esse objetivo, pois possibilita que a criança conheça a estrutura do texto por meio da oralidade.

"Bons contadores de histórias devem manter a criança presa [à narração] e são excelentes alfabetizadores, porque quando esse processo começa, ela [criança] já tem ideia do que é o texto, de que ele não é igual ao modo como falamos", ressalta.

"Brincar de escolinha" também é uma atividade muito efetiva, pois permite que a criança exercite a escrita de um jeito leve. "É importante deixar a criança se expressar da forma mais livre possível. Ela vai usar garrancho, rabiscos. É essencial ter prazer nessa fase de contato com a escrita, ouvindo histórias e brincando", reitera.

Sérgio ainda revelou a sua experiência com as próprias filhas, e disse que ele próprio ensinou elas a escrever usando uma lousinha de imã na qual era possível grudar letras. "A gente brincava de escolinha e era muito prazeroso para elas. Também comprei uma lousa e coloquei no quarto delas. Faziam o que queriam", lembra.

"Assim o contato [com a escrita] passa a ser familiar, sem pressão. Até os 5 anos não vale a pena querer que a criança aprenda o domínio da escrita. A sistematização, geralmente é feita aos 7 anos", completa.

O especialista diz que a tecnologia pode ser aliada no processo de alfabetização, mas não substitui a figura do professor, que é um mediador essencial durante a educação infantil.

*Com informações do Portal R7

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