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'Com certeza terá demissão. São 2 mil pessoas, onde vão colocar todas elas?', diz presidente do Sindirodoviários

Proposta do Governo do Estado será discutida em assembleia com os rodoviários, às 16h, em Vitória.

Foto: Folha Vitória

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários-es), José Carlos Sales Cardoso, conversou com a reportagem da Rede Vitória, nesta segunda-feira (12), sobre a paralisação da categoria e a proposta do Governo do Estado, para que os coletivos voltem a rodar na Grande Vitória.

Ainda nesta segunda-feira, acontece uma assembleia do sindicato com os motoristas e cobradores. Na reunião, o sindicato vai apresentar a proposta do Governo do Estado. Caso a categoria aceite a proposta, os coletivos podem voltar a rodar ainda hoje.

Folha Vitória: Como foi essa reunião? O que o Governo do Estado apresentou para vocês e o que vocês levaram para o governo?

José Carlos Sales Cardoso: "O Governo do Estado oficializou a proposta, que agora vamos levar para a categoria. A gente luta pelos postos de trabalho dos cobradores, para que a gente não sobrecarregue também o trabalho do motorista, porque o cobrador exerce funções de segurança dentro do veículo"

Quais propostas foram essas?

"As propostas são aquelas dez medidas apresentadas. Eles aceitam conversar em mais algumas coisas. Agora a gente vai levar a proposta para apreciação da categoria.

Mas o que chamou a atenção de vocês nessas medidas? Houve alguma mudança?

Essas propostas já foram apresentadas, mas não tinha sido oficializadas. Agora sim, elas foram oficializadas. Então, vamos levar para a categoria deliberar. 

O estado mantém a posição de retirar os cobradores dos ônibus com ar-condicionado?

Sim. Ele mantém a proposta de retirar o cargo dos cobradores desses carros. Aí o sindicato volta a defender os postos de trabalho desse profissional. O sindicato não concorda em retirar o cargo dos pais de família, porque, com isso, o transporte terá má qualidade. Os motoristas e os passageiros em geral, com o tempo, vão perceber isso.

O governo fala que não vai haver demissões e sim uma adequação dos cobradores para outros cargos. Você acredita que não vai haver demissões, ou não?

Eu acredito que (vai haver) sim, porque o governo vai realocar esse pessoal para onde? Vamos supor que seja 1.500 ou 2.000 pessoas [...] vão tirar de onde já está empregado e colocar lá? Com certeza vai haver demissão, porque as empresas ficam fechadas, os quadros de funcionários são normais.

Não tem onde colocá-los, tirando dos ônibus?

Isso, correto.

Como vai ser daqui pra frente?

A gente vai fazer a assembleia, orientar a categoria, fazer os nossos encaminhamentos e levar nossa proposta para o Governo do Estado.

E se a categoria não concordar com o governo, o que acontece?

Aí a categoria vai ver se continua em greve, ou não.

Tem muita gente dizendo que, com a greve, os rodoviários deixaram a população na mão. O que você diria para essas pessoas?

A gente fica sentido também. A gente tem família que depende dos ônibus no dia-a-dia, mas é uma luta justa do sindicato para manter os postos de trabalho. Onde amanhã vai ter milhares de trabalhadores desempregados, no país com mais de 15 milhões de desempregados. O sindicato serve de exemplo pra muita categoria que está perdendo postos de trabalho. Não é uma luta fácil, mas é válida. 

Se a categoria decidir, os ônibus podem voltar a circular ainda hoje?

Sim, com certeza. A categoria tem o direito de aceitar ou não a proposta. Tudo que o sindicato faz, levamos para a deliberação da categoria. E aí, se a categoria achar que é válida, tudo bem. Se não achar, vamos apoiar a categoria.

E sobre a possibilidade de multa de R$ 100 mil?

A modernidade chega para tudo. Mas imagina se o motorista estiver sozinho e ter que descer do seu posto para embarcar um cadeirante? Não é apenas a questão de pagar passagem. A função vai muito além


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