JULGAMENTO DO CASO MILENA GOTTARDI

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Coordenadora da escola das filhas de Milena relata hematoma dez dias antes do crime

Em seu depoimento, Fernanda Coutinho Lopes Raposo disse também que, após a separação; o ex-marido de Milena, Hilário Frasson, passou a ir armado para a escola para intimidar professores

Foto: Reprodução TV Vitória

A terceira testemunha da acusação a ser ouvida nesta segunda-feira (23), durante o júri popular dos seis acusados de participação no assassinato da médica Milena Gottardi, ocorrido em setembro de 2017, foi Fernanda Coutinho Lopes Raposo, coordenadora da escola onde as filhas da vítima e do ex-policial civil Hilário Frasson estudavam na época do crime.

Em seu depoimento, que teve início por volta das 17h50, Fernanda disse que, depois da separação com Hilário, acusado de ser um dos mandantes do assassinato, Milena começou a se abrir mais para ela e demais funcionários da escola, sobre sua situação com o ex-marido.

Ela relatou que, dez dias antes do crime, percebeu um hematoma muito grande em Milena, no momento em que ela foi à unidade de ensino levar as filhas. Segundo a coordenadora, o ferimento ia do pescoço até o braço da vítima. 

Fernanda relatou também que Milena tentou disfarçar o hematoma com maquiagem. Disse ainda que chegou a perguntar o que era aquilo, mas que a médica desconversou.

No mesmo dia, de acordo com a testemunha, Milena Gottardi pediu para que as funcionárias da escola cuidassem das crianças caso acontecesse alguma coisa com ela.

Hilário ia armado até a escola

A coordenadora também contou que, depois da separação do casal, Hilário Frasson começou a ir à escola com mais frequência. Inclusive, segundo ela, fazia questão de mostrar sua arma, na tentativa de intimidar os professores

Fernanda lembrou que, no dia do crime, o ex-policial civil chegou mais cedo ao colégio. De acordo com a testemunha, nesse dia ele estava muito agitado e ficava o tempo todo olhando o celular.

Ela relatou ainda que uma das funcionárias da escola perguntou se Hilário estava armado. Nesse momento, segundo a coordenadora, o acusado levantou os braços e, com ar irônico, disse que não estava com a arma a pedido de Milena.

O depoimento de Fernanda terminou pouco depois das 19 horas. Em seguida, o juiz determinou um intervalo no julgamento. A pedido das testemunhas de acusações, nenhum dos seis réus está acompanhando os depoimentos no salão do júri. 

Primeiras testemunhas do dia

As duas primeiras testemunhas a prestarem depoimento nesta segunda-feira foram duas médicas, amigas de Milena Gottardi. A primeira foi Aline Coelho Moreira Fraga, que começou a ser ouvida por volta das 11h40 e encerrou sua fala pouco depois das 13 horas.

Logo depois, por volta das 14h25, foi a vez de Lívia Maria Araújo Maia, amiga de Milena desde a época da faculdade — as duas se formaram juntas.

O julgamento, presidido pelo juiz Marcos Pereira Sanches, começou precisamente às 10h15 desta segunda-feira, com uma hora e quinze minutos de atraso. Isso ocorreu porque uma das testemunhas não havia chegado.

O magistrado informou que um dos advogados de defesa pediu o desmembramento, para que os réus fossem julgados em separado. No entanto, o pedido foi negado. Assim, todos eles serão julgados juntos.

Leia também: Entenda cada etapa do julgamento Milena Gottardi

Quem são as testemunhas do processo:

Ministério Público

1 - Aline Coelho Moreira Fraga
2 - Maria Isabel Lima dos Santos
3 - Lívia Maria Araújo Maia
4 - Investigador PCES Igor de Oliveira Carneiro
5 - Delegado PCES Janderson Birschner Lube
6 - Marcelle Gomes da Cruz
7 - Fernanda Coutinho Lopes Raposo
8 - Ana Paula Protzzner Morbeck
9 - Douglas Gottardi Tonini

Assistente de acusação

1 - Shintia Gottardi de Almeida

Réus do processo

- Hilário Frasson - ex-marido da médica e ex-policial civil
- Esperidião Frasson - ex-sogro da vítima
- Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho - acusados de serem intermediadores do assassinato
- Dionathas Alves Vieira - acusado de ser o executor do crime
- Bruno Rodrigues Broetto - apontado como o responsável por conseguir a moto utilizada no dia do assassinato

Defesa réu Hilário

1 - João Guilherme Souza Pelição
2 - Rodrigo Alves Alver
3 - Tarcísio Fávaro
4 - Moisés da Silva Soares
5 - Arnaldo Santos Souza

Defesa réu Esperidião

1 - Valdemir Nascimento Lima
2 - Paulo Renato Magvesky
3 - Luciano Nunes Bermudes
4 - Maria Arlinda Bermudes Palauro
5 - José Ferreira Campanholi

Defesa réu Dionathas

1 - Juliana Pábula Brozeguini Batista
2 - Paola Laghasse
3 - Diana Aparecida Pereira
4 - Myller Maradona Pereira Amorim
5 - Julianny Pereira Soares

Defesa réu Bruno

1 - Douglas Miranda Santana
2 - Pedro Carlos Nieiro
3 - Maria das Graças Coelho Nieiro
4 - Claezi Demonei dos Santos

*Os réus Hermenegildo e Valcir não arrolam testemunhas

Quatro mulheres e três homens são escolhidos como jurados

Quatro mulheres e três homens foram escolhidos como jurados para definir o destino dos seis réus apontados pelo Ministério Público como responsáveis pelo assassinato da médica Milena Giottardi.

A definição do júri não foi nada tranquila no momento do sorteio. Dez mulheres foram recusadas pelos advogados de defesa. Houve ainda três recusas de homens. Os promotores do Ministério Público Estadual aceitaram a justificativa de um homem que não quis participar.

Houve ainda duas dispensas, pois uma mulher tinha um familiar envolvido no processo e outra foi dispensada por problemas médicos.

Mãe de Milena se retirou antes da entrada dos réus

A mãe de Milena, Zilca Gottardi, se retirou do salão do júri antes que os seis réus entrassem.

Os réus Bruno Broetto e Dionathas Alves, que são cunhados, estão de um lado do tribunal, separados dos quatro restantes.

Dionathas, apontado como o executor da médica, está de cabeça baixa. Tanto ele quanto Broetto, apontado como o que forneceu a motocicleta roubada para que Dionathas cometesse o crime, choraram em alguns momentos.

No final da manhã, a partir das 11h15, foi feita a leitura do processo.

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Julgamento pode durar uma semana

O julgamento dos réus, de acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, pode, inicialmente, ter a duração de uma semana.

As etapas dos trabalhos podem durar mais tempo devido ao número de réus e de testemunhas. Serão 29 ao todo, sendo 19 convocadas pelas defesas dos acusados e 10, pela acusação.

Estarão no banco dos réus Hilário Frasson, Esperidião Frasson, Dionathas Alves, Hermenegildo Palauro Filho, Valcir da Silva Dias e Bruno Broetto.

As investigações concluíram que Hilário e Esperidião encomendaram o assassinato de Milena Gottardi por não aceitarem o fim do casamento entre ela e o então policial civil. Para isso, eles teriam contratado Valcir e Hermenegildo para dar suporte ao crime e encontrar um executor.

Foto: Arte/ Júlio Lopes

Ainda segundo a polícia, Dionathas Alves foi o escolhido para executar o "serviço" — como os envolvidos se referiam ao assassinato da médica. Para isso, ele receberia uma recompensa de R$ 2 mil.

Dionathas teria usado uma moto, roubada pelo cunhado Bruno, para seguir de Fundão até Vitória e matar Milena.

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O que dizem as defesas dos réus

Sobre o julgamento, o advogado Leonardo Gagno, responsável pela defesa de Hilário Frasson, destacou que está confiante de que a justiça será feita.

"Durante o júri, a defesa terá a oportunidade de apresentar provas importantes, aclarar os fatos e demonstrar que a imagem do Hilário foi distorcida pela acusação", afirmou.

Já o advogado Alexandre Lyra Trancoso, responsável pela defesa de Valcir da Silva Dias, prefere não dar declarações sobre o júri.

As defesas de Esperidião Carlos Frasson, Hermenegildo Palauro Filho, Dionathas Alves Vieira e Bruno Rodrigues Broetto foram procuradas pela reportagem, mas até o momento, não responderam aos questionamentos.

Para o advogado Leonardo da Rocha de Souza, responsável pela defesa dos réus Dionathas e Bruno, a expectativa é que o julgamento ocorra de forma justa e livre. Ele ressalta que Bruno encontra-se bastante angustiado e com um forte sentimento de indignação em virtude do tempo que permaneceu preso. O acusado, segundo Souza, tem consciência de que é inocente.

Leonardo também afirmou que a tese da defesa de Bruno é baseada na absolvição dele, tendo em vista que, segundo o advogado, não há provas suficientes que comprovem a autoria e a participação de Bruno no crime em questão.

Sobre a situação de Dionathas, o advogado disse ainda que, dependendo do teor do depoimento do réu, a defesa vai buscar um julgamento e uma condenação que não seja maior ou menor do que os valores previstos na legislação brasileira.

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