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Mulher que acusa indicado à Suprema Corte de assédio pede investigação do FBI

A professora Christine Ford quer que o FBI investigue sua alegação de que foi sexualmente agredida pelo juiz apontado para a Suprema Corte dos Estados Unidos, Brett Kavanaugh, antes de dar seu testemunho à Comissão de Justiça do Senado na próxima semana, disseram seus advogados na terça-feira 18, em uma carta. No documento, os representantes de Christine dizem que sua cliente quer cooperar com a comissão, mas ressaltam que ela se tornou alvo de "assédio violento e até ameaças de morte" desde que acusou Kavanaugh publicamente. Os advogados acrescentaram que ela e sua família tiveram que se mudar e uma investigação do FBI "deve ser o primeiro passo para tratar as alegações".

A carta foi enviada ao Senado depois que o presidente americano, Donald Trump, demonstrou simpatia com seu nomeado. Enquanto isso, senadores republicanos e democratas discutem quem deveria testemunhar na audiência de nomeação, apenas seis semanas antes das eleições para renovar o Congresso.

Trump já rejeitou a ideia de o FBI reabrir a verificação de antecedentes de Kavanaugh, mas caso uma revisão seja ordenada a votação provavelmente ocorreria apenas depois da eleição.

No Senado, a possibilidade do testemunho de Christine provocou furor, especialmente entre mulheres democratas. No geral, seus partidários reclamam que o processo está sendo apressado, mas algumas senadoras apontam para uma narrativa mais profunda e de enganação, especialmente se a audiência da próxima segunda-feira for realizada sem o testemunho da professora.

"Uma audiência enganosa enviaria uma mensagem muito clara de que mulheres não são valorizadas neste país", disse a senadora Kirsten Gillibrand, democrata de Nova York. "Se recusar a tratar isso apropriadamente e tentar confirmar o juiz Kavanaugh a qualquer custo diz às mulheres que, mais uma vez, elas não são importantes e não devem ser acreditadas. Que você vale menos do que a promoção de um homem."

A senadora Mazie Hirono, democrata do Havaí, disse que viu insensibilidade em seus colegas de Casa, e ficará "chocada" caso os republicanos insistam em realizar a audiência sem Christine. O objetivo do Partido Republicano é confirmar Kavanaugh no cargo até 1º de outubro, no início do próximo mandato da Suprema Corte. "Acho que todos sabemos quando uma situação está estagnada", disse a senadora nesta quarta-feira, 19.

Em um tuíte na noite de terça, Trump criticou o Partido Democrata. "A Suprema Corte é uma das principais razões pelas quais eu me elegi presidente. Espero que eleitores republicanos e outros estejam assistindo e estudando o manual dos democratas", disse.

Republicanos dizem que Christine terá apenas uma chance para testemunhar. "Segunda-feira é a oportunidade dela", disse o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, republicano do Kentucky. Ele expressou confiança de que Kavanaugh será confirmado. "Eu não estou preocupado", declarou.

O presidente republicano da Comissão de Justiça, Chuck Grassley, de Iowa, disse que uma investigação do FBI não teria relação com o testemunho de Christine, argumentando que "não há razão para mais adiamentos". Grassley afirmou que a comissão ofereceu a Christine "a oportunidade de dividir sua história" em uma audiência pública ou privada, ou entrevistas com funcionários do Congresso, "o que for mais confortável para ela. O convite para segunda-feira ainda está de pé."(AP)