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Na passagem do Florence, Trump questiona mortes provocadas pelo furacão Maria

Em meio à passagem da tempestade tropical Florence, que matou pelo menos cinco pessoas na costa leste americana, o presidente Donald Trump questionou novamente o número de óbitos causados pelo furacão Maria no território de Porto Rico, em outubro de 2017. Segundo o mandatário, a revisão do balanço de mortos anunciada em agosto, que elevou de 64 para 2.975, foi "um passe de mágica".

"'Quando Trump esteve na ilha em outubro passado, especialistas informaram que 16 pessoas morreram por causa do Maria'. The Washington Post. Isso foi muito depois do furacão ter passado. Por muitos meses, (o número) chegou a 64. Então, como num passe de mágica, mais de 3 mil pessoas morreram", escreveu o presidente americano, no Twitter. "Cinquenta vezes o número original - Sem chance!".

Na quinta-feira, 14, Trump acusou os democratas de inflar o número de mortos para "fazer ele parecer um presidente ruim". O mandatário afirmou que entre seis a 18 pessoas foram confirmadas mortas à época e sugeriu que várias outras pessoas foram adicionadas ao balanço depois "se morressem por qualquer motivo, como idade avançada".

Quase um ano após a passagem do Maria, os esforços da Casa Branca em auxiliar Porto Rico continuam sendo fortemente criticados. O território ainda sofre com constante falta de energia elétrica, mais de 60 mil casas ainda estão sob telhados improvisados e 13% dos municípios não têm conexões estáveis de telefone e internet. Após os comentários de Trump, alguns republicanos concordaram que o presidente foi longe demais com as críticas.

"Casualidades não fazem uma pessoa parecer ruim", disse o presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan. "Então, não vejo motivo para questionar esses números."

No mês passado, o governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, revisou o balanço de mortos por causa do Maria após um estudo independente financiado pelo governo estimar que, ao invés de 64, cerca de 2.975 pessoas morreram direta e indiretamente no desastre. As mortes consideradas diretas incluíram afogamentos ou esmagamentos por queda de árvores. As indiretas foram paradas cardíacas, eletrocuções e falta de acesso a tratamento médico ou medicamentos, considerando que a interrupção de energia elétrica impossibilitou tratamentos como diálises.

Desde a divulgação do balanço, Trump passou a questionar constantemente o número de mortos, a postura de políticos do território americano e a cobertura da imprensa sobre as consequências da passagem do Maria em Porto Rico. Na quinta, o porta-voz da Casa Branca, Hogan Gidley, defendeu o presidente.

"Como o presidente disse, toda morte causada pelo Furacão Maria é um horror. Antes, durante e após o furacão, o presidente direcionou toda a sua administração para providenciar apoio sem precedentes a Porto Rico", disse. "O presidente Trump está respondendo à imprensa liberal e ao prefeito de San Juan que, infelizmente, tentou explorar essa devastação com um fluxo constante de desinformações e falsas acusações." Fonte: Associated Press.