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Resgate na Terceira Ponte: interdição não é a solução, avaliam especialistas

A ponte foi totalmente interditada na tarde da última segunda-feira a pedido do Corpo de Bombeiros para a realização de uma operação de resgate

Uma operação de resgate marcou o dia dos capixabas na última segunda-feira (10). A tentativa dos bombeiros e negociadores era salvar uma vida. O suicídio ainda é um tabu, mas o assunto precisa ser discutido, e, principalmente, prevenido. 

O caso aconteceu exatamente no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. De acordo com o psiquiatra Fernando Furieiri, a depressão é uma doença e teria como consequência o suicídio. "Seria um ato extremo onde a pessoa cometeria suicídio". 

Fernando Furieiri e Gisélia Freitas estiveram no estúdio do Fala Manhã

Segundo a psicóloga Gisélia Freitas, a proteção na Terceira Ponte seria uma forma de impedir que a pessoa chegasse ao ato. "A pessoa teria uma dificuldade maior. Essa forma de proteção existe em outros países, onde o índice do suicídio é alto".

Para Furieiri, o respeito é importante. "Moramos em uma cidade, e quanto a interromper a ponte, sou contra. Poderia deixar o trânsito fluir em duas pistas em um lado e no outro, pelo menos uma, em velocidade baixa, inibindo e multando quem incentivasse o suicídio. Um tem que respeitar o direito do outro. Então, até que essas medidas estruturais sejam tomadas, particularmente, acho que o trânsito na cidade deve fluir, mesmo em um caso como ontem, e mesmo sendo eu ou um parente". 

Quanto a interdição da última segunda-feira (10), Freitas concorda com Furieiri, e acrescentou que essa situação pode aumentar o índice de suicídio. "Concordo com a colocação porque existem formas educativas para prevenir isso. Se o ato da pessoa de ir à ponte é para causar uma comoção maior, um atingimento maior, a partir do momento que estou parando a ponte, estou chamando a atenção de uma sociedade inteira, e isso pode aumentar o índice de pessoas indo para a ponte", ressaltou.

Assista a entrevista completa:

Suicídio no Brasil

No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos. No mundo, há uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no planeta. Provocar o fim da própria vida está entre as principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Crianças e jovens

Pelos dados da OMS, o suicídio é a terceira maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, e a sétima entre crianças de 10 a 14 anos de idade. O caminho, segundo Silva, é adotar medidas preventivas de ajuda e auxílio.

“É uma maneira de a gente salvar vidas porque 90% dos suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso a tratamento e pudessem tratar a doença que leva ao suicídio”, afirmou o presidente da Apal.

Segundo o psiquiatra, em geral, a maior parte das pessoas que tenta colocar fim à própria vida sofre de algum tipo de transtorno mental. “Os estudos mostram que 100% de quem se suicida têm uma doença mental. Os trabalhos mostram isso. Nem 100% de quem pensa em suicídio têm doença mental, mas 100% de quem se suicida têm transtorno mental”, afirmou.

Operação de resgate na Terceira Ponte

Matéria: Breno Ribeiro/ Folha Vitória

Após oito horas de interdição, na segunda-feira (10), a operação de resgate do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMES) na Terceira Ponte foi finalizada e o trânsito liberado. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar do Estado (PMES) conseguiram resgatar a vítima.

Por volta das 15h09, a via foi totalmente interditada a pedido do Corpo de Bombeiros, para a realização da operação de resgate. O objetivo foi resgatar uma pessoa que tentava contra a própria vida. Cerca de oito profissionais do CBMES e da PMES negociaram, por oito horas, para que a vítima não conseguisse produzir qualquer dano à sua saúde.

Durante a interdição, os portões da Terceira Ponte foram abertos para que os veículos pudessem retornar. Mesmo assim, o bloqueio gerou um grande congestionamento em diversos pontos de Vitória e também de Vila Velha.

Houve um confronto entre militares e alguns motoristas que tentaram furar bloqueios feitos pela polícia. Segundo um militar, a PMES agiu de maneira cautelosa, utilizando gás de pimenta e escudos para dispersar quem tentava furar o bloqueio. Mais de 40 homens da Força Tática, Tropa de Choque e de batalhões da Polícia Militar acompanharam a ocorrência.

Muitos motoristas optaram por utilizar a Segunda Ponte e a Cinco Pontes como rotas alternativas, o que fez com que o trânsito nessas duas vias também ficasse bastante engarrafado. Um acidente na Segunda Ponte piorou ainda mais a situação.