UE aceitou negociar aduana para evitar fronteira irlandesa dura, diz May
A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou nesta segunda-feira que a União Europeia consentiu em torno de "explorar" uma "solução aduaneira" que valha para todo o Reino Unido no caso de um eventual acordo do Brexit ainda não estar integralmente em vigor ao fim do período de implementação, em 1º de janeiro de 2021.
Essa solução, se futuramente concretizada, serviria como uma "apólice de seguro" para evitar que se erga uma fronteira física entre a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, integrante da UE. "O que queremos ver em uma solução emergencial ('backstop') é uma situação em que a Irlanda do Norte possa exportar livremente para a Grã-Bretanha e para a UE", explicou.
No entanto, Bruxelas alegou não haver tempo suficiente para trabalhar em detalhe na elaboração e definição da referida solução aduaneira nas próximas semanas, antes do prazo de novembro, informou May aos parlamentares da Câmara dos Comuns.
"As pessoas estão corretamente preocupadas que o que deveria ser apenas temporário possa se tornar um limbo permanente, com nenhuma relação nova entre o Reino Unido e a UE sendo acordada. Está claro para mim que não ficaremos aprisionados permanentemente em um território aduaneiro comum, incapazes de firmar acordos comerciais" com outros países, assegurou May.
A líder conservadora insistiu que uma "vasta maioria" do acordo do Brexit foi acertada, alegou que as tratativas estão entrando nos "estágios finais" e indicou avanços "significativos" em torno da estrutura e do escopo da relação futura nas áreas de segurança interna e externa, transporte e serviços.
Além disso, como no caso da "solução aduaneira", ela alegou ter havido uma aproximação das posições de cada lado no tocante aos esforços para manter a porosidade da fronteira irlandesa, informando ainda que o secretário britânico do Brexit, Dominic Raab, esteve ontem em Bruxelas para uma reunião com o negociador-chefe da UE nessa área, Michel Barnier.
"Grande parte do acordo está agora esclarecida" entre os dois lados, argumentou a premiê, acrescentando que a principal discórdia entre Londres e Bruxelas atualmente é sobre como lidar com um cenário em que não haja trato para a saída do bloco.
Questionada sobre se um cenário de Brexit sem acordo não estaria se tornando crescentemente provável, May garantiu que o seu governo continua se preparando para essa hipótese, mas rejeitou a possibilidade de solicitar uma extensão do prazo do Artigo 50, ou seja, do prazo para negociar um entendimento com a UE.