Geral

Transplante de medula para cura de doença é destaque em simpósio em Vitória

A história de vida da jovem Micaele Braga Costa, de 20 anos, natural de Serrana (SP), chamou atenção. Ela relatou sua luta e vitória contra a doença falciforme

Micaele Braga Costa fez o transplante de medula óssea e ficou curada da doença falciforme Foto: Divulgação/Prefeitura/ André Sobral

O relato de casos de transplante de medula óssea para cura de pessoas que têm a doença falciforme (DF) foi o tema do Simpósio Nacional que acontece, pela primeira vez, em Vitória. O evento acontece até sábado (7) no Centro de Convenções, em Santa Lúcia, com a participação de aproximadamente 600 pessoas de todo País.

A história de vida da jovem Micaele Braga Costa, de 20 anos, natural de Serrana (SP), chamou atenção. Ela relatou sua luta e vitória contra a doença falciforme. Ela teve a sorte de fazer o transplante de medula óssea há três anos. Hoje, fala em apoio à cobertura integral do transplante pelo Governo Federal. "É a única saída de cura para pessoas de qualquer idade se sentirem livres dos problemas causados pela doença", destacou.

"Quando eu tinha seis meses, minha mãe descobriu que eu tinha nascido com alterações de hemácias. Foi após uma viagem, quando voltei com os braços inchados nas articulações. A partir daí, tomei remédios e fui parar no hospital várias vezes. Aos 11 anos, tive o primeiro AVC e aí a situação ficou mais crítica. Sempre passava muito mal", contou ela, atualmente, superdisposta e cheia de vida com a nova medula doada pela irmã.

Casos

Também o paranaense Márcio Gouvêa, de 34 anos, da cidade de Paranavaí, que foi o quarto transplantado do País, ganhou muitos aplausos dos participantes ao relatar sua história. Ele passou pelo transplante de medula óssea aos 27 anos. "Não tenho mais essa doença, que me causava crises de priapismo e muita dor. Luto para que seja aprovada no Congresso Nacional a cobertura integral do transplante de medula óssea porque é uma hipótese comprovada de sucesso. Discordo da decisão do Ministério da Saúde de limitar o transplante até os 16 anos, porque há provas de que o transplante pode dar certo além dessa idade", defendeu ele.

Faixa

Durante a abertura oficial do VIII Simpósio Nacional de Doença Falciforme, nesta quinta-feira (5), os falcêmicos levantaram uma faixa para mostrar que estão unidos nessa luta pelo transplante de medula óssea para todos. "É a única esperança, temos de lutar por ela, porque a saúde é um direito que está na Constituição", ressaltou Márcio, que, antes do transplante, passou por 26 cirurgias e sempre se sentia no submundo. "Não é exagero, o falcêmico sofre o tempo todo. Eu tinha déficit de inteligência, nervosismo, uma avalanche de dor, depressão, perda de identidade e muitos problemas. Ficar curado foi a maior felicidade", comentou.

Plantas medicinais

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) está presente no simpósio com um espaço de práticas integrativas de saúde, no salão Andorinhas. Para movimentar o espaço, foram programadas três oficinas com informações para melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem com as manifestações da doença falciforme. Foram escolhidas as técnicas do-in e xiang gong, plantas medicinais e aromaterapia.

Segundo a médica referência técnica em DF da Semus, Henriqueta Sacramento, o objetivo foi levar informações de como os falcêmicos podem diminuir a oclusão dos vasos sanguíneos, por exemplo, fazendo uso de chás que melhoram a saúde e também ajudam a evitar os remédios sintéticos. "Além disso, as plantas podem amenizar a dor com banhos, compressas e maceração", disse ela.

São exemplos de analgésico, anti-inflamatório e calmante: capim cidreira, camomila, mil folhas e tanchagem. As amostras usadas foram doadas pelo viveiro de plantas medicinais da Prefeitura, situado no Parque Tabuazeiro, por meio de uma parceria da Semus com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam).

O que é doença falciforme

A doença falciforme é uma alteração genética, caracterizada por um tipo de hemoglobina mutante designada por hemoglobina S (ou Hb S) que provoca a distorção dos eritrócitos, fazendo-os tomar a forma de “foice” ou “meia-lua”. O termo doença falciforme define as hemoglobinopatias nas quais pelo menos uma das hemoglobinas mutantes é a Hb S. As doenças falciformes mais freqüentes são a anemia falciforme (ou Hb SS), a S talassemia ou microdrepanocitose e as duplas heterozigoses Hb SC e Hb SD.

Para o diagnóstico seguro de uma das três situações acima é de fundamental importância conhecer a forma de herança da doença falciforme. Na maioria dos casos, os pais de pacientes com doença falciforme são portadores assintomáticos dessa alteração genética. A situação mais comum se verifica quando dois portadores assintomáticos de falciforme, com patrimônio genético representado pela hemoglobina (Hb A) associada à hemoglobina S (Hb S) e cuja representação universal é Hb AS, se unem, constituindo uma prole. O exemplo a seguir mostra a probabilidade deste casal gerar filhos sem a doença falciforme, gerar portadores assintomáticos e com doença falciforme.